quarta-feira, 21 de março de 2018

“SELOS PAULISTAS”




Os Selos Postais da Campanha Constitucionalista tiveram emissão autorizada pelo Decreto nº 5.660 de 2 de setembro de 1932.



Imagem do Livro - Cruzes Paulistas.



            
O Jornal Diário da Noite publicou, em 1957, uma interessante reportagem sobre os Selos Pró – Constituição a qual pode ser conferida na transcrição a seguir.



CIRCULARAM DURANTE UM MÊS OS SELOS PRÓ – CONSTITUIÇÃO.


São Paulo emitiu 4 milhões e 50 mil cruzeiros mas só teve tempo de vender 644.669,20 cruzeiros.  -  Nasceu do bloqueio a necessidade da emissão. – Dois meses depois surgiram falsificadores

     O Movimento Constitucionalista enriqueceu a Filatelia Brasileira de uma série de selos que já se estão tornando clássicos em uma coleção especializada, relata em seu trabalho, intitulado Os Selos Paulista, o filatelista J.L. de Barros Pimentel.
A emissão dos selos paulistas se originou do fato de estarem os estoques do Correio Central diminuído. Como o Estado de São Paulo se achava completamente bloqueado, não seria possível receber novos suprimentos do Rio. Daí as providências do Inspetor Geral dos Correios. Durante a Revolução, as repartições federais e seus serviços passaram para o governo do Estado. A Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos foi colocada sob a dependência da Secretaria da Viação, como Inspetoria Geral dos Correios e Telégrafos, cujo Inspetor, Manfredo Costa, tomando conhecimento de que os estoques se estavam esgotando, expediu um oficio à Sociedade Filatélica Paulista, dizendo que,  “sendo pensamento desta Inspetoria Geral mandar imprimir selos postais a fim de fazer face às necessidades do consumo, por isso que o estoque atual se vai tornando deficiente, tomo a liberdade de solicitar a gentileza de, por meio dos órgãos técnicos competentes dessa Sociedade, serem apresentados sugestões à esta Inspetoria Geral sobre os característicos de tais selos.”
Respondendo, a Sociedade Filatélica sugeriu instituição de um concurso, com as condições de que os selos fossem unicolores e contivessem desenhos exclusivamente alegóricos, trazendo nas legendas os dísticos “BRASIL – CORREIO – PRÓ – CONSTITUIÇÃO” e o respectivo valor.

SUCESSO

Adiante, prossegue J.L.de Barros Pimentel:  - Constituiu um verdadeiro sucesso o aparecimento dos selos paulistas. Todos quantos postavam correspondências no Correio exigiam mesmo os de alto valor para a remessa de dinheiro e encomendas para o Interior.
Assim foi até o desfecho do movimento. No dia 7 de outubro chegam telegramas do Rio de Janeiro dizendo que o Governo Provisório de então havia determinado que os nossos selos tivessem curso somente até o dia 31 de outubro de 1932.
Houve por parte das autoridades postais de São Paulo, má interpretação dessas ordens e resolveram suspender a venda dos Selos Constitucionalistas. Processou-se então, verdadeira corrida entre os filatelistas que não os tinham adquirido, o que resultou numa “comerciata”, mesmo nas dependências do Correio.
A Diretoria Regional dos Correios, tomando conhecimento desses fatos, comunicou que os Selos Pró – Constituição teriam o curso forçado até o dia 31 de outubro, sendo considerados nulos a partir de 1º de novembro.
O primeiro selo a ser entregue ao público foi o de 200 réis, no dia 12 de setembro; em seguida, o de 700 réis; depois, os de 300, 500, 600, 2$000, 5$000 e 10$000 no dia 21. Tendo a Revolução terminado no dia 28 de setembro, no período revolucionário, os selos circularam somente 6 dias em séries completas. Com a determinações das autoridades postais do Rio de Janeiro, a venda dos selos esteve suspensa cerca de duas semanas e somente no dia 19 de outubro foram novamente vendidos ao público, com o prazo determinado até o dia 31 de outubro.

EMITIDOS E VENDIDOS.

Os selos paulistas circularam livremente, isto é, tiveram circulação e venda nos correios apenas 30 dias. No dia 4 de novembro de 1932, o Correio Central, após ter arrolado o estoque existente, enviou-o para o Rio, onde foram vendidos, alguns anos depois, ao público. Calculando-se o valor facial dos selos, o total da emissão deveria render a quantia de 4.050.000$000 ou seja quatro milhões e cinquenta mil cruzeiros, tendo sido o custo material de 19 mil e 400 cruzeiros.
Os selos vendidos ao público em São Paulo e Interior, nos dias em que circularam, atingiram a importância de CR$ 644.669,20 e o total devolvido ao Rio, CR$ 3.405.330,80.

RESULTADO LÍQUIDO.

Não obstante essa grande devolução, os selos deram de resultado líquido para o Correio Paulista, a importância de CR$625.669,20 em cerca de 30 dias.
Devolvido o restante ao Rio, quem mais lucrou foi o Governo Federal pois deve ter apurado cerca de 3milhões de cruzeiros sem despender nada.


SURGIRAM FALSIFICADORES.


Nem três meses eram decorridos da Revolução, e já a Polícia de São Paulo tinha inquérito aberto para descobrir a origem das falsificações dos selos de 5 e 10 mil réis que surgiram, conseguindo prender o falsificador, apreendendo os clichês usados e grande número de outros selos falsos.



Imagem que acompanhou a reportagem no Jornal.





Fonte.

MONTENEGRO, B; WEISSHON, A.A. (org.) CRUZES PAULISTAS: os que tombaram em 1932 pela glória de servir São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1936.516 p.

Jornal Diário da Noite, Edição especial, 09 de julho de 1957.




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
21/03/2018.



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