A LIGA DAS SENHORAS CATÓLICAS.
Adaptação do texto do Prof. Pacheco e Silva – “A Mobilização da Retaguarda em 32”
Grandes e inesquecíveis serviços prestou a Liga das Senhoras Católicas à Revolução Constitucionalista, organizada já de há muito vinha prestando notáveis serviços à assistência à população civil, socorrendo ao necessitados, amparando os sofredores e concorrendo para ensinar e educar a juventude, quando rompeu a Revolução.
Organizada e inspirada no espirito de caridade cristã, as senhoras paulistas chamaram a si a solução de vários problemas extremamente complexos, dando demonstração da sua capacidade de organização e de improvisação.
Benjamim de Oliveira, ao comentar os relevantes serviços por esta instituição, disse com muita felicidade:
- Elas estão certas da eficiência dos seus métodos de assistência, ao mesmo tempo moral e espiritual; material e intelectual.
Nenhum óbice se lhes depara, no caminho a seguir. E ei-las nas guerras, realizando o programa do socialismo cristão, o único aceitável, justo e eficiente: o da caridade cristã.
Despojando-se de seus haveres, em donativos, renunciando as suas joias, na Campanha do Ouro, aceitando sangrando as suas veias, nos filhos que seguiram, as doces senhoras empreenderam a campanha do bem, à custa de todos os sacrifícios, aceitando, serenamente, todos os deserdados da fortuna compreendam que só a doutrina, que trazem inscrita no seu lema é elevada, lenindo sofrimentos e aplainando desigualdades.
Foram criados e distribuídos pela cidade 20 postos onde elas realizaram um extraordinário trabalho, com absoluta precisão, método e racionalização, com grande capacidade.
Mais de 600 senhoras, se ombrearam, prestando assistência permanente, em plantões que se sucediam, sem falhas, em todos os postos onde elas se revezavam, diuturnamente, sem descanso.
Mantimentos, agasalhos eram providenciados para os necessitados, com eficiência e dedicação auxiliavam nos serviços médicos e odontológicos.
Na “Casa da Formiga”, zelavam e dedicavam total atenção aos filhos dos soldados que se encontravam nas linhas de frente.
Os soldados, em seus dias de folga, eram atendidos por elas, em restaurantes improvisados ou na Escola de Educação Doméstica.
Foi, também, lançado por elas a Campanha dos “Capuzes de Lã”, e em poucos dias não houve um só combatente que, sob seu capacete de aço, não tivesse seu gorro de lã, para se aquecer naquele inverno rigoroso de 1932.
Para atender aos numerosos voluntários que se apresentavam aos milhares, nos Centros de Alistamento foi necessário criar mais 40 postos de costura, destinados à confecção de fardamento, roupas brancas, agasalhos e material sanitário destinado aos serviços de pronto socorro.
A Liga da Senhoras Católicas foi de importância fundamental na retaguarda durante a Revolução, foram inúmeras as voluntárias e impossível de nomeá-las sem que algum nome ficasse esquecido. Nosso mais profundo e eterno agradecimento a estas mulheres maravilhosas de 32!
A seguir considerações da Professora Carolina Ribeiro sobre a participação feminina na Revolução, texto publicado no Jornal Diário da Noite em 1957.
AS MULHERES PAULISTAS ATENDERAM 18 MIL FAMÍLIAS DE COMBATENTES.
MÃOS FIDALGAS PASSARAM A LAVAR PRATOS E COZINHAR.
Reportando-se à participação das mulheres de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista, a Prof. Carolina Ribeiro, uma das “leaders” femininas do movimento, lembrou, em seu depoimento prestado no Instituto Histórico que até mãos fidalgas, acostumadas ao cetim e às manicures, passaram a lavar pratos, a cortar carne e bacalhau, a cozinhar batatas no serviço de abastecimento, dedicando-se ainda a reparar roupas para hospitais, alimentação e assistência às famílias dos soldados. Perto de 1milhão de refeições foram servidas por senhoras paulistas.
Desde a eclosão do movimento, crescia o número de voluntárias. Enquanto os homens se adestravam para a luta, as mulheres faziam pullovers e sueters, dolmens e fardas.
CORRESPONDÊNCIA COM AS TRINCHEIRAS.
Elas distribuíam mantimentos para as famílias, vestes para as crianças e escreviam versos e preces que estimulavam os combatentes.
- Nenhum bilhete ou carta vindo da trincheira ficou sem resposta. As mulheres atenderam cerca de 18mil famílias, num total de 100mil pessoas. – disse D. Carolina Ribeiro.
A Liga das Senhoras Católicas e a Liga das Professoras Católicas organizaram horas santas e romarias pedindo a vitória das armas paulistas, apelavam ao clero para que não faltasse assistência religiosa aos filhos dos que combatiam. As professoras cooperavam em todas as organizações e setores. Exerciam a catequese cívica junto às famílias, elevando-lhes o moral. Souberam ser desprendidas.
- A Campanha do Ouro subia cada vez mais. Alianças, brilhantes, colares, peças de ouro, transformavam-se em armas e capacetes.– relata a Professora.
Houve mulheres que sustentaram fogo nas frentes de batalha. Sitiadas em São Paulo, alimentaram o entusiasmo dos combatentes durante três meses a fio. Transformaram-se em enfermeiras. Muitas, ou pegavam em armas ou se faziam vivandeiras e ao toque de reunir do 9 de Julho responderam presente.
TRABALHO DE MILHARES.
Quando foi dado o sinal de alarma, a Cruz Vermelha se pôs à frente, abrindo o voluntariado e suspendendo-o em seguida devido à afluência imediata de mais de 1000mulheres. Em quinze dias apenas a secção de costura produzia 70.000 peças de roupas. A 15 de agosto, 7.000 mulheres trabalhavam e tinham produzido 440.000 peças. Cerca de 200.000 bolsinhas de curativos individuais foram distribuídos aos soldados.
Surgiu depois a Cruz Azul da Força Pública. Dezenas de moças se apresentaram dedicando-se ao mister de enfermeiras, costureiras, educadoras sanitárias, distribuidoras de produtos alimentícios. Na Liga das Senhoras Católicas o serviço de assistência à família dos combatentes já tinha 80.000 fichas.
Os corpos das visitadoras percorriam os bairros mais afastados para que não faltasse assistência. Vinte postos de abastecimento espalhados pela cidade prestavam assistência aos filhos dos soldados que recebiam doces, brinquedos. Aos recém nascidos faziam-se enxovais. A Liga das Senhoras Católicas continuou a prestar assistência mesmo aos que voltavam da luta.
A Cruzada Pró Infância criou na ocasião postos de serviços, arregimentando seus associados para trabalhos de costura, de enfermagem.
As professoras rurais e as professoras primárias trabalhavam em seus serviços de cozinha e chegavam a empunhar armas ou a substituir funcionários convocados para a luta.
Imagens que acompanharam a publicação da Prof ª. Carolina Ribeiro no jornal.
Fonte.
Cinquentenário da Revolução Constitucionalista de 1932. São Paulo: Secretaria de Estado de Educação, 1982. 180 p.
Jornal Diário da Noite – Edição Especial, 9 de julho de 1957.
(Arquivo pessoal.)
O NÚCLEO DE CORRESPONDÊNCIA TRINCHEIRAS PAULISTAS DE 32 DE JAGUARIÚNA HOMENAGEIA TODAS AS MULHERES QUE FAZEM A DIFERENÇA PARA A SOCIEDADE!
HOMENAGEM ESPECIAL ÀS MULHERES DE 32!!!
HONRAS ÀS HEROÍNAS CONSTITUCIONALISTAS!!!
Veja mais informações sobre a participação feminina na Revolução de 32 nos links a seguir:
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
07/03/2018.
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