Parte II
Transcrição de texto, de autoria de CAPITÃO ALVARO DE BRITO ALAMBERT, publicado no Jornal “A Gazeta” em 1957 onde faz referência e considerações sobre o texto publicado anteriormente, pelo mesmo Jornal, de autoria do MAJOR ESDRAS CHAVES, o qual foi publicado no blog em 26/02/2018, (O Glorioso 4º Batalhão de Caçadores na Epopeia Paulista de 1932 - Parte I).
O GLORIOSO 4º BATALHÃO DE CAÇADORES DO EXÉRCITO NA EPOPEIA DE 1932.
Foi oportuna e justa, sem dúvida, a reivindicação feita pelo Major Esdras Chaves, relativamente à ação heróica da tropa do 4º Batalhão de Caçadores do Exército, quando da eclosão do Movimento Constitucionalista de 9 de Julho de 1932.
Relata os fatos ocorridos e de absoluta autencidade, naquela epopéia, esquecendo entretanto, como é muito natural, alguns detalhes e mesmo nomes, de elementos que nela tomaram parte.
Assim, é preciso que nos lembremos que já em 23 e 24 de Maio daquele ano, quando se desenvolveu o drama da Praça da República, onde tombaram Miragaia, Martins, Drausio e Camargo, foi o 4º Batalhão de Caçadores que destacou uma de suas Companhias, a 2ª, sob o comando do então Tenente Silvio de Magalhães Padilha, para aquele local.
Foi essa tropa que conseguiu ocupar a sede da então Legião Revolucionária, à esquina da rua Barão de Itapetininga e lá prender seus ocupantes que atacavam o povo, removendo-os presos para o seu quartel, evitando com essa ação, talvez, maior número de vítimas e mesmo o incêndio, que já era tentado, do próprio prédio, com imprevisíveis consequências.
Dessa ação fizeram parte também, os então Tenentes: João da Cunha Rudge, Carlos Ximenes Fabra e Álvaro de Brito Alambert que era oficial de dia ao Batalhão, na noite de 23 para 24 de Maio.
Desde esses memoráveis dias, a oficialidade do glorioso 4º B.C., aguardou a oportunidade que se apresentou à 8 de julho, de dar todo o seu esforço ao Movimento Constitucionalista que veio a eclodir de 8 para 9, quando se locomoveu para Quitauna, hoje Duque de Caxias, com todo o Batalhão, para remover as dificuldades surgidas com o 4º R.I., já relatadas, no que foi secundado por tropas da Força Pública.
Posteriormente veio o 4º B.C. constituir o Setor Vale do Paraíba, sob o comando do então Tenente Coronel Mario da Veiga Abreu, hoje reformado, para guarnecer todo o litoral, desde Mogi das Cruzes até a Usina próximo da cidade de Silveiras e desde São Bento do Sapucaí, na fronteira com Minas Gerais até os Campos de Guarda, em Campos do Jordão, fronteiros a Itajubá.
Não tinha nada esse Setor com o Setor Norte e a sua ação de ligação com as tropas que atacaram Pouso Alegre, das quais fez parte o bravo Fernão Sales, é capítulo à parte, assim como o entrosamento que fazia com as tropas do 6º R.I., que compunham aquele Setor.
Além dos oficiais citados no artigo publicado em A GAZETA de 17 do corrente, não se pode esquecer do então Tenente Alberico, que fazia funcionar o único canhão 75, que o setor possuía, os Tenentes Delarey Gomide de Sousa por mim substituído, em Campos Novos de Cunha, por ter recebido outra missão, Eugenio Lacôrte, que comandou tropas no Poço Preto, além de Mogi das Cruzes, Tiago Mazgão Filho, em São Luiz do Paraitinga; Heitor Carneiro da Cunha, Murilo Lins de Barros ( sobrinho de João Alberto), Cunha Lobo, que com os já citados no artigo anterior, foram os heróis de Taboão, de Divino Mestre, Gandara, Morro do Sapé e outros locais onde os combates se sucediam; o então Major Romulo de Rezende, que comandava a ala de Campos do Jordão, etc...
Das tropas que comandei em Campos Novos do Cunha e que guarneciam também a Serra da Bocaina, além de Quebra Cangalhas, faziam parte elementos da Legião Negra e do Batalhão da Liga de Defesa Paulista, sob o comando dos Tenentes André, da Força Pública e Hélio Nogueira, que faz parte, hoje, do Serviço de Alistamento Militar da 2ª R.M.
Não posso me esquecer do que representaram estes homens, na retirada de Silveiras, em consequência de seu bombardeio por forças da ditadura e na retirada de Cunha, retomada pelas tropas adversárias em consequência da retificação de nossas linhas para Engenheiro Neiva, em operação de apoio sob o meu comando, no eixo de Lorena à Cunha e cujas operações foram admiradas pelas suas circunstâncias dramáticas. O então Tenente Abílio da Cunha Pontes foi o último homem a se retirar de Cunha e sabe bem o que isso representou naquela emergência.
Não tenho a veleidade de querer reivindicar o título de herói, nem para mim nem para ninguém, porque todos nós defendíamos um ideal e o que fizemos com dignidade foi o cumprimento do dever, nos retirando desse Setor, somente à 3 de outubro, depois do armistício, isso mesmo não sem protestarmos como consta da celebre ata do bravo Euclides de Figueiredo, da qual também fui signatário e que ia constituindo uma segunda Coluna da Morte.
Depois de toda essa epopéia, conduzidos presos para o Pedro II, Casa de Detenção do Rio de Janeiro, expulsão do Exército e as demais consequências já esperadas.
Mas, resta-nos o jubilo de vermos o país sob o império da Lei.
Nas comemorações do dia 9 de Julho, vimos o glorioso 4º B.C. representado apenas por um pequeno dístico – 4º Batalhão de Caçadores – fazendo parte do Setor Norte, no desfile do Ibirapuera.
Mas, lá estivemos, porque fomos reverenciar a memória de Paulo Virginio e outros heróis.
Somos daqueles que acham que devem ir para o Monumento-Mausoléu do Parque Ibirapuera, além do corpo de Paulo Virginio e dos quatro primeiros que lá já repousam, os dos heróis que tombaram em combate, apenas, pois, de outra forma, o Parque terá que ser transformado em cemitério.
Mapa ilustrativo, região onde o 4º B.C. desenvolveu sua atividades, citadas no texto. |
Fonte.
Recorte do Jornal “A Gazeta” de 26 de julho de 1957. (Arquivo pessoal).
Ilustração – FIGUEIREDO, E. Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932. São Paulo, Livraria Martins Editora S.A., 1954. 325p., 2doc., 10 mapas.
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
02/03/2018.
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