sábado, 31 de março de 2018

FELICITAÇÕES DE PÁSCOA.




Solidariedade das Colônias Estrangeiras na Revolução Constitucionalista.






“Esta manhã, às 10:00 h, no Pátio da Companhia Antártica Paulista, realizou-se a entrega das ambulâncias que a colônia alemã de São Paulo doou à Cruz Vermelha Brasileira, para prestarem serviço junto às Forças Constitucionalistas. Compareceram ao ato D. Antônia de Souza Queiroz, Presidente da Cruz Vermelha, os senhores Dr. Kurt Martin e von Hardt, Presidente da Antártica, Coronel Arthur Diederichsem, Sr. Oscar Flues e senhora, Dr. Alfredo Pinheiro, Dr. Budemburgo e Dr. Gustavo Kuss, Sr. Francisco Diederichsem e representantes da imprensa paulistana.”
                                                          (Dos Jornais de 12/08/1932).





                                                                                                                                                              Fot. Tita Carvalho


Na imagem enviada por Tita Carvalho, neta do Combatente Constitucionalista Luiz Carvalho (o primeiro à esquerda), a Ambulância nº 5 doada pela Colônia Alemã.



Fonte.


MONTENEGRO, B; WEISSHON, A.A. (org.) CRUZES PAULISTAS: os que tombaram em 1932 pela glória de servir São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1936.516 p.





O 10º NÚCLEO DE CORRESPONDÊNCIA “TRINCHEIRAS PAULISTAS DE 32 DE JAGUARIÚNA” DESEJA A TODOS UMA FELIZ PÁSCOA COM MUITO AMOR E SOLIDARIEDADE ENTRE AS PESSOAS!!!

Maria Helena






Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
31/03/2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

“SELOS PAULISTAS”




Os Selos Postais da Campanha Constitucionalista tiveram emissão autorizada pelo Decreto nº 5.660 de 2 de setembro de 1932.



Imagem do Livro - Cruzes Paulistas.



            
O Jornal Diário da Noite publicou, em 1957, uma interessante reportagem sobre os Selos Pró – Constituição a qual pode ser conferida na transcrição a seguir.



CIRCULARAM DURANTE UM MÊS OS SELOS PRÓ – CONSTITUIÇÃO.


São Paulo emitiu 4 milhões e 50 mil cruzeiros mas só teve tempo de vender 644.669,20 cruzeiros.  -  Nasceu do bloqueio a necessidade da emissão. – Dois meses depois surgiram falsificadores

     O Movimento Constitucionalista enriqueceu a Filatelia Brasileira de uma série de selos que já se estão tornando clássicos em uma coleção especializada, relata em seu trabalho, intitulado Os Selos Paulista, o filatelista J.L. de Barros Pimentel.
A emissão dos selos paulistas se originou do fato de estarem os estoques do Correio Central diminuído. Como o Estado de São Paulo se achava completamente bloqueado, não seria possível receber novos suprimentos do Rio. Daí as providências do Inspetor Geral dos Correios. Durante a Revolução, as repartições federais e seus serviços passaram para o governo do Estado. A Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos foi colocada sob a dependência da Secretaria da Viação, como Inspetoria Geral dos Correios e Telégrafos, cujo Inspetor, Manfredo Costa, tomando conhecimento de que os estoques se estavam esgotando, expediu um oficio à Sociedade Filatélica Paulista, dizendo que,  “sendo pensamento desta Inspetoria Geral mandar imprimir selos postais a fim de fazer face às necessidades do consumo, por isso que o estoque atual se vai tornando deficiente, tomo a liberdade de solicitar a gentileza de, por meio dos órgãos técnicos competentes dessa Sociedade, serem apresentados sugestões à esta Inspetoria Geral sobre os característicos de tais selos.”
Respondendo, a Sociedade Filatélica sugeriu instituição de um concurso, com as condições de que os selos fossem unicolores e contivessem desenhos exclusivamente alegóricos, trazendo nas legendas os dísticos “BRASIL – CORREIO – PRÓ – CONSTITUIÇÃO” e o respectivo valor.

SUCESSO

Adiante, prossegue J.L.de Barros Pimentel:  - Constituiu um verdadeiro sucesso o aparecimento dos selos paulistas. Todos quantos postavam correspondências no Correio exigiam mesmo os de alto valor para a remessa de dinheiro e encomendas para o Interior.
Assim foi até o desfecho do movimento. No dia 7 de outubro chegam telegramas do Rio de Janeiro dizendo que o Governo Provisório de então havia determinado que os nossos selos tivessem curso somente até o dia 31 de outubro de 1932.
Houve por parte das autoridades postais de São Paulo, má interpretação dessas ordens e resolveram suspender a venda dos Selos Constitucionalistas. Processou-se então, verdadeira corrida entre os filatelistas que não os tinham adquirido, o que resultou numa “comerciata”, mesmo nas dependências do Correio.
A Diretoria Regional dos Correios, tomando conhecimento desses fatos, comunicou que os Selos Pró – Constituição teriam o curso forçado até o dia 31 de outubro, sendo considerados nulos a partir de 1º de novembro.
O primeiro selo a ser entregue ao público foi o de 200 réis, no dia 12 de setembro; em seguida, o de 700 réis; depois, os de 300, 500, 600, 2$000, 5$000 e 10$000 no dia 21. Tendo a Revolução terminado no dia 28 de setembro, no período revolucionário, os selos circularam somente 6 dias em séries completas. Com a determinações das autoridades postais do Rio de Janeiro, a venda dos selos esteve suspensa cerca de duas semanas e somente no dia 19 de outubro foram novamente vendidos ao público, com o prazo determinado até o dia 31 de outubro.

EMITIDOS E VENDIDOS.

Os selos paulistas circularam livremente, isto é, tiveram circulação e venda nos correios apenas 30 dias. No dia 4 de novembro de 1932, o Correio Central, após ter arrolado o estoque existente, enviou-o para o Rio, onde foram vendidos, alguns anos depois, ao público. Calculando-se o valor facial dos selos, o total da emissão deveria render a quantia de 4.050.000$000 ou seja quatro milhões e cinquenta mil cruzeiros, tendo sido o custo material de 19 mil e 400 cruzeiros.
Os selos vendidos ao público em São Paulo e Interior, nos dias em que circularam, atingiram a importância de CR$ 644.669,20 e o total devolvido ao Rio, CR$ 3.405.330,80.

RESULTADO LÍQUIDO.

Não obstante essa grande devolução, os selos deram de resultado líquido para o Correio Paulista, a importância de CR$625.669,20 em cerca de 30 dias.
Devolvido o restante ao Rio, quem mais lucrou foi o Governo Federal pois deve ter apurado cerca de 3milhões de cruzeiros sem despender nada.


SURGIRAM FALSIFICADORES.


Nem três meses eram decorridos da Revolução, e já a Polícia de São Paulo tinha inquérito aberto para descobrir a origem das falsificações dos selos de 5 e 10 mil réis que surgiram, conseguindo prender o falsificador, apreendendo os clichês usados e grande número de outros selos falsos.



Imagem que acompanhou a reportagem no Jornal.





Fonte.

MONTENEGRO, B; WEISSHON, A.A. (org.) CRUZES PAULISTAS: os que tombaram em 1932 pela glória de servir São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1936.516 p.

Jornal Diário da Noite, Edição especial, 09 de julho de 1957.




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
21/03/2018.



quinta-feira, 15 de março de 2018

O TRIBUNO DA REVOLUÇÃO.


IBRAIM, O TRIBUNO DA REVOLUÇÃO.



- EXCELÊNCIA, JÁ O SANGUE PAULISTA ESTÁ CORRENDO



Foi a voz que ressoou flamejante nas praças, nos quartéis e nos palácios, por São Paulo, “minha terra, minha amada terra.”
     
Pedimos a Ibraim Nobre que falasse do 9 de Julho. A voz do tribuno da Revolução, emocionada, respondeu que não. Não falaria dessa Causa, tão grande e abençoada, que até na derrota foi bonita; nem falaria dele, que fora soldado como todos os paulistas, todos nivelados pela mesma fé.
E o que fora, em sua essência a Revolução? Que foi intensamente amor e paixão por São Paulo – respondeu. Amor e paixão que jamais se repetirá por mais que se prolongue e se engrandeça a História. 9 de Julho se define com a palavra coração. Foi o coração paulista tocado pelo espirito de Deus, pelo sonho. 25 anos depois, um povo inteiro, através de duas gerações vivas, volta-se para o passado, procurando aquecer-se nesse sol, que não se extingue.

É justo que se relembre a voz que desprendeu um raio de luz ardente. A voz de Ibraim Nobre, que foi a própria voz de São Paulo flamejando no canto da rebeldia liberal contra a Ditadura; a voz que se fez ouvir nas praças públicas; que se levantou nos quartéis; que arrastou o povo à luta; a voz que proclamou a Pedro de Toledo ter chegado a hora:
- Excelência, o sangue paulista já está correndo...

Era o sangue do primeiro soldado ferido, LIMA NETO.

Ibraim Nobre, soldado (e tribuno) da Revolução! Perdoe-nos pelo rompimento da palavra empenhada de publicar apenas o que nos escreveu, a prece de esperança a São Paulo, e nada mais; perdoe ainda que venha a luz mais este seu desabafo de que o ( de Julho foi o mais belo, o mais impressionante episódio de sentimento, de renúncia e de mocidade que o Brasil já viveu. Com este pedido reproduzimos o seu ato de fé à terra amada.


E repetirei ainda! e sempre:
Para mim 9 de Julho não é uma Hora Melancólica de Saudade, senão que busco nesses idos um estimulo, um alor, uma esperança.
Creio, espero, confio!
Creio no Povo, na Justiça, na Toga; creio no Lar dignificado por todas as virtudes! na Caserna, florianizada por todos os Heroísmos! Confio na Escola que se vincula à Caserna, em Ruy que se irmana com Caxias.
Confio no Altar, em que um dia oficiou Dom Duarte, e no púlpito onde o Padre Chico pregou!
Creio, confio e espero tudo de Ti, minha amada Academia do Chão Livre de São Francisco! Em Ti, inexpugnável Alcáçar de Nossa Dignidade, em Ti, nas Tuas Tradições, na Tua Fé, nas Tuas Arcadas à luz do Velho Pátio, que é assim como uma garganta aberta, a entoar para o Alto a Péan de todas as Liberdades.
E a Ti, São Paulo, minha Terra, minha Amada Terra! a Ti, pelo que tens sofrido e tens perdoado; pelo que sofres e perdoas; a Ti, pelas Tuas renúncias e pelas Tuas provações; a Ti, por tudo quanto Te tiram e Te negam, a Ti, dolorosa enteada da Pátria, pelo drama do Teu Calvário, o meu pensamento de Fé à glória da Tua Ressurreição!


 Esta reportagem, transcrita acima, foi publicada no jornal Diário da Noite em 1957.









Lutaram nas fileiras do "Batalhão Piratininga", tomando parte das renhidas batalhas 
da Vila Queimada, entre outros, o Desembargador Cruz Netto, do Tribunal de Alçada
e o Dr. Ubirajara Martins.    Esta fotografia foi tirada dois dias depois do bombardeio 
e queda de Queluz, em 11 de agosto de 1932, vendo-se, da esquerda para a direita:
Engenheiro João dos Santos Filho, irmãos Emidio e Abel Ribeiro Branco, Desembargador
Ubirajarra Martins, Desembargador Francisco de Paula Cruz Netto e, ajoelhado,
Sr. José Souza Mattos.





De volta do exílio, propaga ainda o canto da rebeldia liberal contra a Ditadura.
É ouvido e aplaudido por multidões




IBRAHIM NOBRE


Ibrahim de Almeida Nobre nasceu na cidade de São Paulo no dia 19 de fevereiro de 1888.

Estudou em sua cidade natal no Ginásio Episcopal e no Ginásio do Estado, onde fez o curso de humanidades. Bacharelou-se em 1909 pela Faculdade de Direito de São Paulo.

Como delegado de polícia em Salisópolis (SP), colaborou no combate à epidemia da gripe espanhola que assolou o país em 1918. Passou a exercer as funções de delegado regional de polícia em Santos (SP) e mais tarde de subprocurador de justiça.

Promotor público em São Paulo, fez oposição ao governo instaurado com a Revolução de 1930, editando em 1931 seu discurso Minha terra, minha pobre terra, no qual expressava suas convicções contrárias à política do governo central. Esse discurso, que obteve grande repercussão, lhe valeu um mandado de prisão. Em 23 de maio de 1932 participou, como orador prestigiado, da manifestação popular dirigida pela Frente Única Paulista — formada pelo Partido Democrático (PD) e pelo Partido Republicano Paulista (PRP) — e secundada pela Associação Comercial de São Paulo e por líderes das classes liberais. Essa manifestação, que constituiu importante episódio no processo que culminaria na Revolução Constitucionalista em julho seguinte, forneceu sustentação para que o interventor federal em São Paulo, Pedro de Toledo, formasse um secretariado sem vínculos com o governo de Getúlio Vargas.

Ibrahim Nobre teve participação destacada na Revolução Constitucionalista, sendo proclamado tribuno popular do movimento. Formou um batalhão que tomou o seu nome e percorreu diversas frentes de combate, como Ourinhos, Itaí, Fartura, Bernardino de Campos, Xavantes, Iguaçu e outras. Com a derrota da insurreição em outubro de 1932, seguiu para o exílio em Portugal, transferindo-se mais tarde para o Uruguai.

Orador, conferencista, jornalista e escritor, foi membro da Academia Paulista de Letras.

Faleceu em São Paulo no dia 9 de abril de 1970. Seus restos mortais foram depositados no Mausoléu do Ibirapuera em julho de 1977.

Foi casado com Brisabela Barbosa de Almeida Nobre, com quem teve uma filha.




Fonte.

Diário da Noite, Edição Especial, 09 de julho de 1957. (Arquivo pessoal).






Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
15/03/2018.




quarta-feira, 7 de março de 2018

A PRESENÇA FEMININA NA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA.




A LIGA DAS SENHORAS CATÓLICAS.


Adaptação do texto do Prof. Pacheco e Silva – “A Mobilização da Retaguarda em 32”

Grandes e inesquecíveis serviços prestou a Liga das Senhoras Católicas à Revolução Constitucionalista, organizada já de há muito vinha prestando notáveis serviços à assistência à população civil, socorrendo ao necessitados, amparando os sofredores e concorrendo para ensinar e educar a juventude, quando rompeu a Revolução.
Organizada e inspirada no espirito de caridade cristã, as senhoras paulistas chamaram a si a solução de vários problemas extremamente complexos, dando demonstração da sua capacidade de organização e de improvisação.
Benjamim de Oliveira, ao comentar os relevantes serviços por esta instituição, disse com muita felicidade:
- Elas estão certas da eficiência dos seus métodos de assistência, ao mesmo tempo moral e espiritual; material e intelectual.
Nenhum óbice se lhes depara, no caminho a seguir. E ei-las nas guerras, realizando o programa do socialismo cristão, o único aceitável, justo e eficiente: o da caridade cristã.
Despojando-se de seus haveres, em donativos, renunciando as suas joias, na Campanha do Ouro, aceitando sangrando as suas veias, nos filhos que seguiram, as doces senhoras empreenderam a campanha do bem, à custa de todos os sacrifícios, aceitando, serenamente, todos os deserdados da fortuna compreendam que só a doutrina, que trazem inscrita no seu lema é elevada, lenindo sofrimentos e aplainando desigualdades.
Foram criados e distribuídos pela cidade 20 postos onde elas realizaram um extraordinário trabalho, com absoluta precisão, método e racionalização, com grande capacidade.
Mais de 600 senhoras, se ombrearam, prestando assistência permanente, em plantões que se sucediam, sem falhas, em todos os postos onde elas se revezavam, diuturnamente, sem descanso.
Mantimentos, agasalhos eram providenciados para os necessitados, com eficiência e dedicação auxiliavam nos serviços médicos e odontológicos.
Na “Casa da Formiga”, zelavam e dedicavam total atenção aos filhos dos soldados que se encontravam nas linhas de frente.
Os soldados, em seus dias de folga, eram atendidos por elas, em restaurantes improvisados ou na Escola de Educação Doméstica.
Foi, também, lançado por elas a Campanha dos “Capuzes de Lã”, e em poucos dias não houve um só combatente que, sob seu capacete de aço, não tivesse seu gorro de lã, para se aquecer naquele inverno rigoroso de 1932.
Para atender aos numerosos voluntários que se apresentavam aos milhares, nos Centros de Alistamento foi necessário criar mais 40 postos de costura, destinados à confecção de fardamento, roupas brancas, agasalhos e material sanitário destinado aos serviços de pronto socorro.
A Liga da Senhoras Católicas foi de importância fundamental na retaguarda durante a Revolução, foram inúmeras as voluntárias e impossível de nomeá-las sem que algum nome ficasse esquecido. Nosso mais profundo e eterno agradecimento a estas mulheres maravilhosas de 32!





A seguir considerações da Professora Carolina Ribeiro sobre a participação feminina na Revolução, texto publicado no Jornal Diário da Noite em 1957.





AS MULHERES PAULISTAS ATENDERAM 18 MIL FAMÍLIAS DE COMBATENTES.


                 MÃOS FIDALGAS PASSARAM A LAVAR PRATOS E COZINHAR.


Reportando-se à participação das mulheres de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista, a Prof. Carolina Ribeiro, uma das “leaders” femininas do movimento, lembrou, em seu depoimento prestado no Instituto Histórico que até mãos fidalgas, acostumadas ao cetim e às manicures, passaram a lavar pratos, a cortar carne e bacalhau, a cozinhar batatas no serviço de abastecimento, dedicando-se ainda a reparar roupas para hospitais, alimentação e assistência às famílias dos soldados. Perto de 1milhão de refeições foram servidas por senhoras paulistas.
Desde a eclosão do movimento, crescia o número de voluntárias. Enquanto os homens se adestravam para a luta, as mulheres faziam pullovers e sueters, dolmens e fardas.


CORRESPONDÊNCIA COM AS TRINCHEIRAS.


Elas distribuíam mantimentos para as famílias, vestes para as crianças e escreviam versos e preces que estimulavam os combatentes.
- Nenhum bilhete ou carta vindo da trincheira ficou sem resposta. As mulheres atenderam cerca de 18mil famílias, num total de 100mil pessoas. – disse D. Carolina Ribeiro.
A Liga das Senhoras Católicas e a Liga das Professoras Católicas organizaram horas santas e romarias pedindo a vitória das armas paulistas, apelavam ao clero para que não faltasse assistência religiosa aos filhos dos que combatiam. As professoras cooperavam em todas as organizações e setores. Exerciam a catequese cívica junto às famílias, elevando-lhes o moral. Souberam ser desprendidas.
- A Campanha do Ouro subia cada vez mais. Alianças, brilhantes, colares, peças de ouro, transformavam-se em armas e capacetes.– relata a Professora.
Houve mulheres que sustentaram fogo nas frentes de batalha. Sitiadas em São Paulo, alimentaram o entusiasmo dos combatentes durante três meses a fio. Transformaram-se em enfermeiras. Muitas, ou pegavam em armas ou se faziam vivandeiras e ao toque de reunir do 9 de Julho responderam presente.


TRABALHO DE MILHARES.


Quando foi dado o sinal de alarma, a Cruz Vermelha se pôs à frente, abrindo o voluntariado e suspendendo-o em seguida devido à afluência imediata de mais de 1000mulheres. Em quinze dias apenas a secção de costura produzia 70.000 peças de roupas. A 15 de agosto, 7.000 mulheres trabalhavam e tinham produzido 440.000 peças. Cerca de 200.000 bolsinhas de curativos individuais foram distribuídos aos soldados.
Surgiu depois a Cruz Azul da Força Pública. Dezenas de moças se apresentaram dedicando-se ao mister de enfermeiras, costureiras, educadoras sanitárias, distribuidoras de produtos alimentícios. Na Liga das Senhoras Católicas o serviço de assistência à família dos combatentes já tinha 80.000 fichas.
Os corpos das visitadoras percorriam os bairros mais afastados para que não faltasse assistência. Vinte postos de abastecimento espalhados pela cidade prestavam assistência aos filhos dos soldados que recebiam doces, brinquedos. Aos recém nascidos faziam-se enxovais. A Liga das Senhoras Católicas continuou a prestar assistência mesmo aos que voltavam da luta.
A Cruzada Pró Infância criou na ocasião postos de serviços, arregimentando seus associados para trabalhos de costura, de enfermagem.
As professoras rurais e as professoras primárias trabalhavam em seus serviços de cozinha e chegavam a empunhar armas ou a substituir funcionários convocados para a luta.




Imagens que acompanharam a publicação da Prof ª. Carolina Ribeiro no jornal.





















Fonte.

Cinquentenário da Revolução Constitucionalista de 1932. São Paulo: Secretaria de Estado de Educação, 1982. 180 p.

Jornal Diário da Noite – Edição Especial, 9 de julho de 1957.
(Arquivo pessoal.)




O NÚCLEO DE CORRESPONDÊNCIA TRINCHEIRAS PAULISTAS DE 32 DE JAGUARIÚNA HOMENAGEIA TODAS AS MULHERES QUE FAZEM A DIFERENÇA PARA A SOCIEDADE!

 HOMENAGEM ESPECIAL ÀS MULHERES DE 32!!!

HONRAS ÀS HEROÍNAS CONSTITUCIONALISTAS!!!




Veja mais informações sobre a participação feminina na Revolução de 32 nos links a seguir:


Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
07/03/2018.




sexta-feira, 2 de março de 2018

O GLORIOSO 4º BATALHÃO DE CAÇADORES DO EXÉRCITO. II




Parte II



Transcrição de texto, de autoria de CAPITÃO ALVARO DE BRITO ALAMBERT, publicado no Jornal “A Gazeta” em 1957 onde faz referência e considerações sobre o texto publicado anteriormente, pelo mesmo Jornal, de autoria do MAJOR ESDRAS CHAVES, o qual foi publicado no blog em 26/02/2018, (O Glorioso 4º Batalhão de Caçadores na Epopeia Paulista de 1932 - Parte I).



O GLORIOSO 4º BATALHÃO DE CAÇADORES DO EXÉRCITO NA EPOPEIA DE 1932.




Foi oportuna e justa, sem dúvida, a reivindicação feita pelo Major Esdras Chaves, relativamente à ação heróica da tropa do 4º Batalhão de Caçadores do Exército, quando da eclosão do Movimento Constitucionalista de 9 de Julho de 1932.
Relata os fatos ocorridos e de absoluta autencidade, naquela epopéia, esquecendo entretanto, como é muito natural, alguns detalhes e mesmo nomes, de elementos que nela tomaram parte.
Assim, é preciso que nos lembremos que já em 23 e 24 de Maio daquele ano, quando se desenvolveu o drama da Praça da República, onde tombaram Miragaia, Martins, Drausio e Camargo, foi o 4º Batalhão de Caçadores que destacou uma de suas Companhias, a 2ª, sob o comando do então Tenente Silvio de Magalhães Padilha, para aquele local.
Foi essa tropa que conseguiu ocupar a sede da então Legião Revolucionária, à esquina da rua Barão de Itapetininga e lá prender seus ocupantes que atacavam o povo, removendo-os presos para o seu quartel, evitando com essa ação, talvez, maior número de vítimas e mesmo o incêndio, que já era tentado, do próprio prédio, com imprevisíveis consequências.
Dessa ação fizeram parte também, os então Tenentes: João da Cunha Rudge, Carlos Ximenes Fabra e Álvaro de Brito Alambert que era oficial de dia ao Batalhão, na noite de 23 para 24 de Maio.
Desde esses memoráveis dias, a oficialidade do glorioso 4º B.C., aguardou a oportunidade que se apresentou à 8 de julho, de dar todo o seu esforço ao Movimento Constitucionalista que veio a eclodir de 8 para 9, quando se locomoveu para Quitauna, hoje Duque de Caxias, com todo o Batalhão, para remover as dificuldades surgidas com o 4º R.I., já relatadas, no que foi secundado por tropas da Força Pública.
Posteriormente veio o 4º B.C. constituir o Setor Vale do Paraíba, sob o comando do então Tenente Coronel Mario da Veiga Abreu, hoje reformado, para guarnecer todo o litoral, desde Mogi das Cruzes até a Usina próximo da cidade de Silveiras e desde São Bento do Sapucaí, na fronteira com Minas Gerais até os Campos de Guarda, em Campos do Jordão, fronteiros a Itajubá.
Não tinha nada esse Setor com o Setor Norte e a sua ação de ligação com as tropas que atacaram Pouso Alegre, das quais fez parte o bravo Fernão Sales, é capítulo à parte, assim como o entrosamento que fazia com as tropas do 6º R.I., que compunham aquele Setor.
Além dos oficiais citados no artigo publicado em A GAZETA de 17 do corrente, não se pode esquecer do então Tenente Alberico, que fazia funcionar o único canhão 75, que o setor possuía, os Tenentes Delarey Gomide de Sousa por mim substituído, em Campos Novos de Cunha, por ter recebido outra missão, Eugenio Lacôrte, que comandou tropas no Poço Preto, além de Mogi das Cruzes, Tiago Mazgão Filho, em São Luiz do Paraitinga; Heitor Carneiro da Cunha, Murilo Lins de Barros ( sobrinho de João Alberto), Cunha Lobo, que com os já citados no artigo anterior, foram os heróis de Taboão, de Divino Mestre, Gandara, Morro do Sapé e outros locais onde os combates se sucediam; o então Major Romulo de Rezende, que comandava a ala de Campos do Jordão, etc...
Das tropas que comandei em Campos Novos do Cunha e que guarneciam também a Serra da Bocaina, além de Quebra Cangalhas, faziam parte elementos da Legião Negra e do Batalhão da Liga de Defesa Paulista, sob o comando dos Tenentes André, da Força Pública e Hélio Nogueira, que faz parte, hoje, do Serviço de Alistamento Militar da 2ª R.M.
Não posso me esquecer do que representaram estes homens, na retirada de Silveiras, em consequência de seu bombardeio por forças da ditadura e na retirada de Cunha, retomada pelas tropas adversárias em consequência da retificação de nossas linhas para Engenheiro Neiva, em operação de apoio sob o meu comando, no eixo de Lorena à Cunha e cujas operações foram admiradas pelas suas circunstâncias dramáticas. O então Tenente Abílio da Cunha Pontes foi o último homem a se retirar de Cunha e sabe bem o que isso representou naquela emergência.
Não tenho a veleidade de querer reivindicar o título de herói, nem para mim nem para ninguém, porque todos nós defendíamos um ideal e o que fizemos com dignidade foi o cumprimento do dever, nos retirando desse Setor, somente à 3 de outubro, depois do armistício, isso mesmo não sem protestarmos como consta da celebre ata do bravo Euclides de Figueiredo, da qual também fui signatário e que ia constituindo uma segunda Coluna da Morte.
Depois de toda essa epopéia, conduzidos presos para o Pedro II, Casa de Detenção do Rio de Janeiro, expulsão do Exército e as demais consequências já esperadas.
Mas, resta-nos o jubilo de vermos o país sob o império da Lei.
Nas comemorações do dia 9 de Julho, vimos o glorioso 4º B.C. representado apenas por um pequeno dístico – 4º Batalhão de Caçadores – fazendo parte do Setor Norte, no desfile do Ibirapuera.
Mas, lá estivemos, porque fomos reverenciar a memória de Paulo Virginio e outros heróis.
Somos daqueles que acham que devem ir para o Monumento-Mausoléu do Parque Ibirapuera, além do corpo de Paulo Virginio e dos quatro primeiros que lá já repousam, os dos heróis que tombaram em combate, apenas, pois, de outra forma, o Parque terá que ser transformado em cemitério.




Mapa ilustrativo, região onde o 4º B.C. desenvolveu sua atividades, citadas no texto.




Fonte.

Recorte do Jornal “A Gazeta” de 26 de julho de 1957. (Arquivo pessoal).

Ilustração – FIGUEIREDO, E. Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932. São Paulo, Livraria Martins Editora S.A., 1954. 325p., 2doc., 10 mapas.





Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.

02/03/2018.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

  Os homens de cor e a causa sagrada do Brasil   Os patriotas pretos estão se arregimentando – Já seguiram vários batalhões – O entusias...