Uma
homenagem e eterna gratidão à mais de 70.000 mulheres destemidas Heroínas da
Pátria, da simples Dona Severina a soldado Maria Stela Sguassábia, Mulheres
Paulistas que se sobressaíram durante à Revolução Constitucionalista de 1932,
pela coragem, civismo e amor à Pátria.
LUNCH EXPRESSO.
Destinado aos soldados
que partiam, era a primeira merenda que as mãos delicadas de um infinito número
de senhoras e senhoritas paulistas, colocavam nas mãos dos nossos soldados.
Linda ideia por certo esta, que só em almas delicadas e generosas poderia
brotar.
Tratava-se de uma
organização, concebida e dirigida pela Instrução
Artística do Brasil à frente da qual se encontrava o belo e inteligente
espirito da Sra. Helena de Magalhães Castro, credencial mais que suficiente
para um feliz sucesso.
A 3 de agosto haviam já
distribuídos em mãos, mais 31.000 lunchs aos nossos soldados que seguiam para a
frente. Para tal obra, tinha aquela instituição recebido constantemente
contribuições de biscoitos, pão, bolos, frutas, etc., destinados a tornar mais
apetecível a merenda.
Nesse tempo, a Instrução Artística do Brasil acabava
de fundar um posto análogo em Itapetininga, cuja direção estava confiada a D.
Marianinha do Valle Netto, auxiliada por senhoras e senhoritas da sociedade
daquela cidade.
Além disto, a Instrução Artística do Brasil mandava
dizer diariamente uma missa, no altar de N. S. Aparecida, na igreja do Sagrado
Coração de Jesus, às 8 horas, com assistência das senhoras e senhoritas que
trabalham no preparo das merendas destinadas aos soldados.
A arte sem religião, é
um corpo morto sem alma; impossível aquela viver sem esta: são portanto inseparáveis.
O princípio tanta vez apregoado de: arte pela arte, é um erro mais que positivista,
grosseiro, e que só a ignorantes atrai. É a matéria sublevada contra o
espirito; o homem inferior defendendo seus apetites sensuais.
Bem haja pois a
Instrução Artística do Brasil, que soube compreender tão alta doutrina, não
separando em seu espirito e trabalho, a Arte da Religião.
- Texto transcrito do
livro A Mulher Paulista no Movimento Pró
Constituinte.
HELENA DE MAGALHÃES
CASTRO
HELENA DE MAGALHÃES CASTRO "Para a Phono-Arte, Helena de Magalhães Castro, Rio 9/7/930".Arquivo Nirez |
A
cantora e declamadora HELENA DE MAGALHÃES CASTRO, que também era pesquisadora
do folclore brasileiro, pianista, violonista, professora e homeopata. Sem
dúvida, uma intelectual, bonita, carismática e com múltiplos talentos.
Nasceu
em São Paulo, no bairro dos Campos Elísios em 18 de setembro de 1902, Helena de
Magalhães Castro era filha de José Ferraz de Magalhães Castro, conceituado
médico homeopata, e de Helena Faria de Magalhães Castro.
Formou-se
professora na Escola Normal de São Paulo, Caetano de Campos.
Estando
ligada à música desde pequena, ela era pianista, mas, optou por acompanhar-se
ao violão em seu primeiro concerto, realizado no Theatro Municipal de São
Paulo, em 1924.
Em
1931, ao lado do poeta Guilherme de Almeida e do maestro João Souza Lima, Helena
fundou a Instrução Artística do Brasil (IAB).
A
partir de então, “passou a engajar-se na divulgação da arte na difusão da
instrução artística, uma vez que a instituição também tinha o propósito de
levar a arte para as escolas, portanto, entende-se que a atuação de Helena
ultrapassa o campo das manifestações artísticas para projetar-se no das
educacionais, uma vez que, do mesmo modo que como outros intelectuais da época,
via na arte, e especialmente na música, um instrumento de formação do
indivíduo”.
Desde
1926 ela se correspondia com Mário de Andrade e, por suas ideias e atuação na
IAB, eles se aproximaram mais.
Por
meio da IAB, Helena participou da Revolução de 1932, coordenando o Lunch
Expresso, kits em caixinhas distribuídos para os soldados, promovendo
concertos, aliando-se a campanha Ouro para o bem de São Paulo e lançando
revistas comemorativas sobre esse evento político”.
Helena
lecionou declamação e música até meados de 1980, em sua residência na Alameda
Barão de Limeira. Ela ainda conduzia a antiga farmácia de homeopatia da
família, iniciada por seu pai.
Solteira
e sem herdeiros, em 1987 propôs a doação de sua casa e de todo o seu acervo,
incluindo a farmácia de seu pai, ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arqueológico e Turístico de São Paulo (Condephaat), da Secretaria de
Estado da Cultura. Mesmo sendo considerado um bem de grande interesse cultural,
as negociações não prosperaram e, após sua morte, seus bens foram se
dispersando, restando apenas alguns documentos e fotografias que foram
recolhidos por técnicos do Condephaat e se encontram informalmente depositados
nesse órgão.
Helena
de Magalhães Castro viveu bastante. Em 1995, sofreu um derrame e ficou bastante
debilitada, vindo a falecer de causas naturais nesse mesmo ano.
Helena
de Magalhães Castro gravou vários discos na Victor, porém só foram
comercializados três desses discos, em seis músicas no total.
Biografia
de Helena de Magalhães Castro pela historiadora Marcelle de Andrade.
HELENA DE MAGALHÃES CASTRO "Para a Phono-Arte, Helena de Magalhães Castro, Rio 9/7/930".Arquivo Nirez |
Helena de Magalhães Castro em 1980. Acervo pessoal de Helena de Magalhães Castro. Foto gentilmente cedida por Marcelle de Andrade. |
RODRIGUES,
J. A Mulher Paulista no Movimento Pró
Constituinte. São Paulo: Empresa Gráfica Revista dos Tribunais, 1933, 191p.
https://www.marcelobonavides.com/2018/09/helena-de-magalhaes-castro-116-anos.html
https://rciararaquara.com.br/cidade/9-de-julho
Publicado e editado por Maria Helena de Toledo Silveira
Melo.
26/11/2021
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