Artigo
do redator publicado no jornal A Gazeta em
1961:
NOVE
DE JULHO
Mais um ano transcorre,
amanhã, do irrompimento da jornada libertadora de 32. Os que vivemos a grande
epopeia e participamos da luta com o vigor e o idealismo da mocidade, sentimos
o mesmo entusiasmo daquelas horas memoráveis, em que a altivez e as convicções
de liberdade e democracia de S. Paulo deram tudo pela redenção do Brasil. De arma
em punho, Piratininga tentou salvar o País das garras da ditadura. O grito de
libertação eclodiu em todos os recantos e em todas as divisas da Pátria comum,
numerosos irmãos acudiram das diversas regiões federativas e conosco se
identificaram nas glórias e nos sofrimentos da batalha de noventa dias. Levado
de vencida o esforço da gente bandeirante, que teve o apoio fraterno, decidido
e heroico do Governo de Mato Grosso, permaneceu intacto, contudo, o sentido da
Revolução. Treze anos depois, em 1945, após a derrocada do nazifascismo pelas
forças da democracia nos campos de ruína e sangue de três continentes, rolava
no pó da deposição o totalitarismo brasileiro. Triunfava o desejo e o ideal dos
paulistas secundados por lutadores que envergaram aqui a farda honrosa do
Voluntário Constitucionalista. A data de 9 de Julho recorda a página
inesquecível, onde é elevada a figura de Pedro de Toledo, o Governador aclamado
pelo povo na tarde do desencadeio do levante. Civis e militares tiveram
projeção sem paradigma, nos quadrantes da peleja. Não foi apenas um sonho, porém
a autenticidade de anseios que construíram a vitória da restauração da Lei, da
justiça, da liberdade, da democracia e da Constituição com a queda definitiva
da ditadura, no encerramento da Segunda Grande Guerra Mundial. Berço de
batalhadores, pelos direitos do homem, S. Paulo se insurgiu, marcou o extermínio
sumário da prepotência liberticida.
Coube sobretudo aos
jovens bandeirantes a bravura de enfrentar, juntamente com tropas do Exército e
da Força Pública do Estado a investida dos ditatoriais. E o que realizaram
todos os paulistas, nos empreendimentos e serviços de retaguarda, reveste
magnitude tal que emociona até as lagrimas. Homens e mulheres, adultos e
crianças, mesmo pessoas cobertas pelas cãs da velhice tomaram atitude de acordo
com as suas condições, na defesa do ideal redentor. O MMDC, cujas iniciais
lembram os quatro moços abatidos pela sombra ditatorial nos acontecimentos de
23 de maio, centralizou os preparativos, a mobilização e o sustento da luta. Rememoramos
sucessos por demais conhecidos. Reviver o capitulo sem par na história de S.
Paulo vem confirmar não ter sido em vão o sacrifício imenso. A união dos
paulistas concretizou o milagre. Essa união dos paulistas concretizou o
milagre. Essa união deve influir no ânimo deste povo, para que exija sempre de
seus líderes a solidariedade imprescindível em favor da defesa das aspirações
de São Paulo e do Brasil. E em homenagem á memória dos que perderam a vida ao
calor da refrega e do fogo das trincheiras. O 9 de Julho simboliza a
confraternização de nossa gente, para as grandes coisas feitas pelo Brasil. Bem
o consagrou, o Brasão da Terra dos Bandeirantes, durante a peleja de 32: Pro Brasilia Fiant Eximia.
Capa do jornal com ilustração de Messias.
Fotografia que acompanha o artigo.
O
entusiasmo do redator no texto mostra o quanto foram importantes os
acontecimentos em 1932 e o quanto tocou o coração daqueles que vivenciaram a
Revolução Constitucionalista. A alma paulista se emocionava 29 anos após o
final dos combates e demonstrava o quanto era importante valorizar os que
lutaram pelo ideal do movimento constitucionalista. Agora que nos aproximamos
dos 90 anos da Revolução precisamos continuar com o mesmo espirito de civismo e
patriotismo reverenciando aqueles que deram a vida por um País democrático,
justo, pela Lei e pela Ordem e pela Constituição.
Fonte.
Jornal A Gazeta, 8 de julho de 1961. Coleção
pessoal.
Editado
e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
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