domingo, 19 de dezembro de 2021

NOVE DE JULHO – 1961.

 

Artigo do redator publicado no jornal A Gazeta em 1961:

NOVE DE JULHO

Mais um ano transcorre, amanhã, do irrompimento da jornada libertadora de 32. Os que vivemos a grande epopeia e participamos da luta com o vigor e o idealismo da mocidade, sentimos o mesmo entusiasmo daquelas horas memoráveis, em que a altivez e as convicções de liberdade e democracia de S. Paulo deram tudo pela redenção do Brasil. De arma em punho, Piratininga tentou salvar o País das garras da ditadura. O grito de libertação eclodiu em todos os recantos e em todas as divisas da Pátria comum, numerosos irmãos acudiram das diversas regiões federativas e conosco se identificaram nas glórias e nos sofrimentos da batalha de noventa dias. Levado de vencida o esforço da gente bandeirante, que teve o apoio fraterno, decidido e heroico do Governo de Mato Grosso, permaneceu intacto, contudo, o sentido da Revolução. Treze anos depois, em 1945, após a derrocada do nazifascismo pelas forças da democracia nos campos de ruína e sangue de três continentes, rolava no pó da deposição o totalitarismo brasileiro. Triunfava o desejo e o ideal dos paulistas secundados por lutadores que envergaram aqui a farda honrosa do Voluntário Constitucionalista. A data de 9 de Julho recorda a página inesquecível, onde é elevada a figura de Pedro de Toledo, o Governador aclamado pelo povo na tarde do desencadeio do levante. Civis e militares tiveram projeção sem paradigma, nos quadrantes da peleja. Não foi apenas um sonho, porém a autenticidade de anseios que construíram a vitória da restauração da Lei, da justiça, da liberdade, da democracia e da Constituição com a queda definitiva da ditadura, no encerramento da Segunda Grande Guerra Mundial. Berço de batalhadores, pelos direitos do homem, S. Paulo se insurgiu, marcou o extermínio sumário da prepotência liberticida.

Coube sobretudo aos jovens bandeirantes a bravura de enfrentar, juntamente com tropas do Exército e da Força Pública do Estado a investida dos ditatoriais. E o que realizaram todos os paulistas, nos empreendimentos e serviços de retaguarda, reveste magnitude tal que emociona até as lagrimas. Homens e mulheres, adultos e crianças, mesmo pessoas cobertas pelas cãs da velhice tomaram atitude de acordo com as suas condições, na defesa do ideal redentor. O MMDC, cujas iniciais lembram os quatro moços abatidos pela sombra ditatorial nos acontecimentos de 23 de maio, centralizou os preparativos, a mobilização e o sustento da luta. Rememoramos sucessos por demais conhecidos. Reviver o capitulo sem par na história de S. Paulo vem confirmar não ter sido em vão o sacrifício imenso. A união dos paulistas concretizou o milagre. Essa união dos paulistas concretizou o milagre. Essa união deve influir no ânimo deste povo, para que exija sempre de seus líderes a solidariedade imprescindível em favor da defesa das aspirações de São Paulo e do Brasil. E em homenagem á memória dos que perderam a vida ao calor da refrega e do fogo das trincheiras. O 9 de Julho simboliza a confraternização de nossa gente, para as grandes coisas feitas pelo Brasil. Bem o consagrou, o Brasão da Terra dos Bandeirantes, durante a peleja de 32: Pro Brasilia Fiant Eximia.



Capa do jornal com ilustração de Messias.


Fotografia que acompanha o artigo.


O entusiasmo do redator no texto mostra o quanto foram importantes os acontecimentos em 1932 e o quanto tocou o coração daqueles que vivenciaram a Revolução Constitucionalista. A alma paulista se emocionava 29 anos após o final dos combates e demonstrava o quanto era importante valorizar os que lutaram pelo ideal do movimento constitucionalista. Agora que nos aproximamos dos 90 anos da Revolução precisamos continuar com o mesmo espirito de civismo e patriotismo reverenciando aqueles que deram a vida por um País democrático, justo, pela Lei e pela Ordem e pela Constituição.

 

Fonte.

Jornal A Gazeta, 8 de julho de 1961. Coleção pessoal.

 

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.


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