sexta-feira, 6 de setembro de 2019

7 DE SETEMBRO, 2019.






UM MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA.



Encontrei este texto em um livro de minha coleção, pertenceu ao meu avô e depois ao meu pai, é um livro escolar dedicado à Mocidade Brasileira, escrito pelo Professor João Vieira de Almeida, me chamou a atenção, um trecho, deste Capitulo XXVIII – Independência do Brasil: O Ypiranga.
É uma divagação sobre o Monumento do Ipiranga. Veja na transcrição, com a mesma ortografia usada na época:

Hoje, para mim, é dia de grande gala, meu filho.
Tenho que me occupar de um dos episódios mais interessantes da vida de nossa nacionalidade: a independência do Brazil.
E tendo sido o nosso Estado o berço da independência, eu me sinto jubiloso ao tractar desse grandioso facto.
Tu já fostes visitar o monumento do Ypiranga, porém, ainda não sabes o deram milhares de contos!
Pois, bem; foi para perpetuar esse acontecimento histórico, que se construiu aquelle grandioso edifício.
A fonte, de que dimanou, não foi muito pura, porque teve suas nascentes no panno verde das roletas!
Eu queria que aquelle monumento fosse erguido, à custa de uma subscrição nacional!
O grito do Ypiranga não aproveitou só aos paulistas, e, por isso, a nação inteira tinha a obrigação de concorrer com donativos, afim de se eternizar, no bronze, a memoria de um facto auspicioso, por qualquer face que o consideramos.
O monumento do Ypiranga, triste é dizel-o, foi elevado, á custa de loterias!!!
E a ultima, nem correu!
Os papalvos que compraram bilhetes, estão, até hoje, no desembolso do dinheiro, que de bôa fé, dispenderam.
Foi um enormíssimo “conto do vigário”, passado á credulidade publica!...
A principio ninguém atinava com o fim a que se podia destinar aquella custosa fabrica, para ali atirada na collina estéril do Ypiranga!
Este, ou aquelle curioso, que lá ia admirar os rendilhados do frontão, ou a columnata do interior, muito naturalmente interrogava a si mesmo: para que servirá isto?
Pareceu então um erro a fórma, pela qual se procurou concretizar um acontecimento da nossa historia politica.
Porque se não tinha antes erigido uma estatua ou uma simples coluna, um obelisco ou coisa semelhante?!...
Mas, um palácio, grandioso, e sem préstimo...

Afinal, apareceu alguém com uma certa dose de bom senso, que utilizou o ... “Masthodonte”, mandando lá recolher o ...”casco do Museu Sertorio”, doado generosamente ao Estado de S. Paulo, pelo benemérito capitalista mineiro, o sr. Paula Mayrink.
Ao assim, acharam um destino útil para o casarão, que estivera conde mnado a ser o abrigo dos morcegos e dos urutus das cicumvisinhanças!
Por isso é que, hoje, a mocidade, que ali vai em visita, pode admirar o grandioso quadro de Pedro Americo, recordando a scena da independência.
O primeiro imperador do Brazil está ali representado, no momento de soltar o celebre grito: independência ou morte!
Na primeira vez que lá formos, á vista da tela, eu te hei de explicar, mais desenvolvidamente, o facto.
Num lampejo de patriotismo, também houve quem se lembrasse de comprar alguns dos admiráveis quadros do pintor nosso comprovinciano, o sr. Almeida Junior, e lá os colocasse.
Como inicio de um futuro “Louvre”, já não está mau...
Faço votos, para que continuem; e desde já conjuro os legisladores da minha terra, a comprarem o quadro, que o mestre ituano pintou, “Monções de Cuyabaá”, o qual deve figurar ali.
Esse quadro representa um facto genuinamente paulista, porque se passava á beira do Tieté, o nosso pátrio rio!
Para que o Museu tenha para mim uma importância real, basta-me vêr ali aquella opulenta coleção de armas e utensílios indígenas.
Para que o palácio tivesse tido um fim proveitoso, basta que abrigue, em seu bojo, o quadro de Pedro Americo, as télas de Almeida Junior, e as armas dos nossos selvagens!
Absolvo, em parte, a roleta, da peça que pregou ao nosso patriotismo!
Porém, entremos em matéria, que não é já sem tempo... [...].



O livro do meu avô, foi adquirido por ele em 1903.




Relatório da Comissão do Monumento do Ipiranga, 1889.





Monumento Ipiranga e os trilhos de bondes da Rua Bom Pastor, 1904.







 O Museu Paulista é o mais antigo da cidade de São Paulo e recebia cerca de 350 mil visitantes por ano até 2013, quando foi fechado ao público por problemas causados pela infiltração de água nos forros de algumas salas.
Em 2018, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e a USP passaram a trabalhar juntas em iniciativas para a recuperação, planejamento do projeto de restauração e modernização. As obras ainda não foram iniciadas. Documentos e objetos já foram retirados, ficarão apenas as obras maiores, como o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo (1843-1905) e as esculturas em mármore de Raposo Tavares e Fernão Dias, do italiano Luigi Brizzolara (1868-1905).
O Museu Paulista foi inaugurado em setembro de 1895, então como Museu de História Natural. O edifício-monumento foi projetado pelo engenheiro e arquiteto italiano Tommaso Bezzi (1844 – 1915) e construído entre 1885 e 1890 para marcar o lugar da proclamação da Independência, no dia 7 de setembro de 1822. Seus jardins foram encomendados ao belga Arsênio Puttemans, também criador do projeto paisagístico da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP. O museu foi incorporado à universidade em 1963, especializando-se em história da cultura material brasileira e tornando-se um acervo de referência para a pesquisa sobre a sociedade brasileira, sobretudo nos séculos XIX e XX.



Tela "Independência ou Morte" de Pedro Américo, 1888.
Foi exposta pela primeira vez em 7 de setembro de 1895 na inauguração do Museu.





Vista da área do Monumento do Ipiranga











Fonte.


- ALMEIDA, J. V. Pátria, Leituras Escolares, Casa Ecletica ,S.Paulo, 1899.

- São Paulo onde está sua história, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, Prefeitura do Municipio de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1981, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand


- pt.wikipedia.org




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
06/09/2019.



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