quarta-feira, 25 de setembro de 2019

TIRO DE GUERRA 176 DE CAMPINAS.




Integrantes do Tiro de Guerra 176, de Campinas tiveram participação expressiva na Revolução Constitucionalista de 1932.



Abrigo dos Soldados Paulistas (eb.mil.br)




O Tiro de Guerra 176 foi fundado em 29 de junho de 1910 e seu funcionamento autorizado em 18 de agosto de 1911. Participou da Guerra de 1917 e das Revoluções de 1924, 1930 e 1932. De suas fileiras partiram voluntários para a Revolução de 1932. Vários reservistas do Tiro de Guerra 176 integraram o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial. Teve suas atividades encerradas em 1945.

Em Campinas há uma praça homenageando o Tiro de Guerra 176.


Veja, nos recortes de jornal da época, informações sobre o Tiro de Guerra 176:






15 de Julho de 1932.








19 de Julho de 1932.








20 de Julho de 1932.







21 de Julho de 1932.






2 de Agosto de 1932.






8 de Agosto de 1932.





Agradecimento especial ao Capitão Flavio Costa do Batalhão Cidade de Campinas -  2ºBlogL pelo envio das informações.




Veja no link a Praça Tiro de Guerra 176



Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
25/09/2019.


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

VETERANO DA FEB JUSTINO ALFREDO.




Homenagem ao Soldado JUSTINO ALFREDO.





JUSTINO ALFREDO nasceu em Campinas em 24 de setembro de 1919, filho de Alexandre Alfredo e Mercedes Alfredo.
O último Veterano campineiro vivo completa amanhã 100 anos e será homenageado na Praça Largo do Pará em Campinas, SP.
A 11ª Brigada de Infantaria Leve, Escola Preparatória de cadetes do Exército (EsPCEx), a Associação dos Expedicionários Campineiros (AExCamp), Associação dos ex-integrantes do Tiro de Guerra de Campinas, Associação dos antigos integrantes do 5º GCan 90 AAe/2º B Log (Batalhão Cidade de Campinas), Companhia de Viaturas Militares Antigas do Interior de São Paulo (CVMAISP) e Dogs Of War (Grupo de pesquisa e reencenação Histórica) irão comemorar o centenário do Sr. Justino com um bolo de aniversário e uma pequena apresentação da Banda de Música da EsPCEx no coreto do Largo do Pará, em Campinas às 10 horas do dia 24 de setembro de 2019.





Em entrevista ao Jornal da EPTV, em 2018 o Veterano disse:
"Eu considero que eu fui um herói. Pelo que passei, tive sorte de não morrer". Justino Alfredo lembra a dificuldade da missão. "Nós estávamos cara a cara com os homens, e eles na vantagem, estavam mais alto".
Em 16 de setembro de 1944 o 6º Regimento Infantaria entrava em Combate contra o nazi-fascismo, libertando a cidade de Massarosa na Itália. Incorporados ao Regimento estavam 210 campineiros, na maioria, reservistas formados pelo Tiro de Guerra 176 (Campinas). Entre esses pracinhas estava o Sr. JUSTINO ALFREDO.



5ªCia. 6ºR.I.





A rendição dos nazistas aos brasileiros ocorreu em 29 de abril de 1945. A data é celebrada com gratidão na Itália. A história dos brasileiros que ajudaram na guerra é passada de geração para geração. No Brasil é pouco lembrada.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a FEB demonstrou toda a sua capacidade de adaptação às novas situações, adestrando-se e combatendo junto às Forças Aliadas, na defesa dos interesses brasileiros, em meio ao cenário político internacional conturbado. Seus integrantes, verdadeiros heróis, carinhosamente chamados de "Pracinhas". Foram 25.445 brasileiros que participaram da campanha da FEB na Itália, na Segunda Guerra, com 465 mortos. De Campinas, foram convocados 328 pessoas, quatro deles morreram.
Em continuidade das comemorações, ao Sr. Justino Alfredo e Veteranos da FEB, o 2º Batalhão Logístico Leve realizará missa em ação de graças no dia 27 de setembro, às 8:30 no próprio Batalhão, seguida de uma solenidade militar em Homenagem ao Centenário do Veterano Justino e do Cinquentenário dos reservistas do 5º GCan 90 AAé da turma de 1969.





Fonte.
correio.rac.com.br
eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito
g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticias/
defesanet.com.br/ecos/noticias/29210/Herois-da-FEB-recebem-homenagens
facebook.com/aexpcamp/post/


Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
23/09/2019.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

65 º Aniversário de Jaguariúna, 2019.




UMA HOMENAGEM ESPECIAL NO ANIVERSÁRIO DE JAGUARIÚNA.



No 65 º Aniversário de Jaguariúna quero fazer uma homenagem destacando esta senhora, uma grande e influente dama da sociedade paulista, Sra. Olívia Guedes Penteado, a qual teve grande destaque por seus importantes feitos, na política, no mundo das artes e para os cidadãos em geral. D. Olívia teve fortes laços com Jaguariúna por ser filha do Barão de Pirapitinguy, proprietário e fundador da Fazenda da Barra, hoje Patrimônio Histórico Municipal. Em sua juventude passou muitos momentos na belíssima Fazenda, e mais tarde chegou a receber grandes nomes do meio artístico, por ocasião do Movimento de Arte Moderna, nos salões da sede da Fazenda.
Durante a Revolução Constitucionalista desenvolveu importante trabalho, na retaguarda, junto às senhoras da sociedade paulista e por isto ficou conhecida como Madrinha da Revolução.




 
1920 visita de artistas à Fazenda da Barra, entre eles Mário de Andrade.






Em 1958, a Revista O MUNDO ILUSTRADO, em sua Edição Comemorativa do 26º Aniversário da Revolução de 1932, publicou uma reportagem sobre D. Olívia relatando sobre sua casa, o Salão e sua influência no meio artístico a qual transcrevo a seguir:

UM GRANDE SALÃO E UMA GRANDE DAMA DE SÃO PAULO.
Gente não muito jovem, artista ou escritor, ou pessoa da sociedade que passe pelo Hotel Comodoro, atrás da fachada moderna, evocará uma paisagem com um grande parque lateral, uma casa cheia de dignidade fim de século, muito “belle époque”, dando a frente para a rua Conselheiro Nébias e um lado para a antiga rua Duque de Caxias. Parte da moderna Avenida passa pelo antigo parque. Na rua Conselheiro Nébias, num salão cheio de retratos, telas e velhas coisas preciosas, a repórter fala com D. Carolina Penteado da Silva Teles, (Sra. Godofredo da Silva Teles), sobre seus pais: D. Olívia Guedes Penteado e Inácio Penteado – “Minha casa, fica justamente onde era o término do parque de meus pais. Mas a construção da residência deles foi um longo sonho dos dois, realizado de modo meticuloso, com todos os elementos que fariam depois daquele ambiente um ponto de encontro da sociedade da época. Em 1895 fomos a Paris e a Londres para comprar maçanetas de portas, lustres, tapetes, telas, cortinas, mobiliário. A casa foi inaugurada em 1897 com um baile que marcou época.” D. Olívia Guedes Penteado, filha dos Condes de Pirapitinguy, seria mais tarde a grande amiga dos artistas... Em verdade, a esplêndida realidade dos Museus de Arte Moderna teve a sua primeira semente lançada no “Salão Moderno” de D. Olívia. Fora anteriormente uma turista apaixonada. Após suas peregrinações que podiam tomar o rumo dos países nórdicos, do Egito, da Terra Santa, da Grécia, seu ponto de encontro com os amigos era Paris. Daí ter-se familiarizado com os grandes artistas da época antes que eclodisse em São Paulo o chamado “Movimento de Arte Moderna”. Depois desta, em contraste com a ambiência da casa da rua Conselheiro Nébias, ao fundo do parque, seria erigido o “Salão Moderno” de D. Olívia. De imediato, acolheu o que São Paulo conservador chamava dos moços desvairados. Eles, os moços de então, hoje podem ser os poetas Guilherme de Almeida e Menotti Del Picchia, o pintor Di Cavalcanti, o grande Vila Lobos. A decoração do ambiente foi confiada a Lasar Segall. Em torno, era o parque com as figueiras bravas, as caneleiras, os jacarandás, os guaimbés. Dentro, as galerias com Leger, Picasso, Lhote, Foujita, Marie Laurencin e a prata da terra: Anita Malfati, Tarsila, Gomide, Gobbis, Moussia, Di Cavalcanti. O “Cavalo”, de Brecheret montava guarda à lareira e havia uma “Cabeça de Neegro” de Brancusi, a “Música”, de Lipschitz e o “Beijo”, de Segall. Eram tempos em que Gregori Warchavchick edificava a primeira residência moderna do Brasil para escândalo burguês, que Osvaldo de Andrade lançava “Pau Brasil” e “Memórias Sentimentais de João Miramar”, que “Braz, Bexiga, e Barra Funda de Antônio de Alcântara Machado surgia Le Coabusier esteve no Salão Moderno de D. Olívia e lá deixou com uma expressiva dedicatória o seu “Précisions”. Rubinstein certa feita lá foi acolhido à hora do chá. Olhou o parque fluidificado pela chuva e silenciosamente sentou-se ao piano e tocou “Um Jardim sur la Pluie” de Debussy. Aquele mesmo piano muitas vezes se sentara Vila Lobos para meditar a melodia exata que engendrava. Ali, Mario de Andrade cantou modinhas populares brasileiras, Antônio Rudge, Camargo Guarnieri, Souza Lima tocaram. Blaise Cendras foi um frequentador assíduo do Salão e também lá estiveram Fernanda de Castro e Antônio Ferro, Paulo Prado, Flávio de Carvalho, Rubens Borba de Morais, Cícero Dias, Paulo Mendes de Almeida, alguns dos “habitues”. Mas não só da “inteligentzia”  da terra animava-se a casa da rua Conselheiro Nébias.
Toda a sociedade de São Paulo agrário, distante deste nosso internacionalizado de hoje, lá comparecia. Os salões abriam-se para receber Washington Luiz Pereira de Souza, tão grande amigo da anfitriã, que esta não esqueceu de enviar-lhe um telegrama cheio de devoção quando o grande brasileiro no dia 26 de outubro de 1930 viu passar seu aniversário dentro do Forte de Copacabana. E por ser amiga dos amigos foi que D. Olívia Guedes Penteado na grande recepção que ofereceu ao Príncipe de Gales e ao Duque de Kent em 1931, não convidou o então interventor de Getúlio, o Tenente João Alberto Lins de Barros. Nessa ocasião foi chamada a depor. Transparecera que haviam tramado contra os políticos do momento naquela noite... Em realidade, em casa de D. Olívia Guedes Penteado trama-se muito. Mas era uma trama dinâmica e de ordem puramente estética. Auxiliou a muitos jovens e desconhecidos valores da época. Ronald de Carvalho muitas vezes lá foi beijar a mão à grande dama. Certa noite, o “Teatro de Brinquedo” de Eugênia e Álvaro Moreyra lá compareceu em peso, depois do espetáculo, para uma ceia e um dos convidados foi Felipe de Oliveira. Poucos dias depois dessa noite, o poeta morria tragicamente na França. O Salão viu acontecer (para usar uma expressão de crônica social) a “Noite de Sabbat” com uma conferência demoníaca de Guilherme de Almeida e o comparecimento de máscaras atrás das quais o conferencista se ocultava conforme fossem as bruxarias de que falava. O Salão de D. Olívia viveu um hiato único nos fastos da cidade grande. Era o início do surto industrial e naquela ambiência requintada, dando justamente as costas para a “belle époque” que caracterizava os salões da rua Conselheiro Nébias, os movimentos modernistas ensaiavam passos que se podia chamar “verde-amarelismo”, “antropofagias”, etc....
Debuxava gestos sob telas dadaístas, cubistas, uma jovem e bela artista que também tinha o seu Salão, que percorreu o mundo todo, possuía uma enorme fortuna, era amiga dos maiores artistas plásticos e maiores poetas franceses. Certa feita Alberto Cavalcanti nos falou das recordações sentimentais que tinha dela. Fora-lhe apresentada na Ópera de Paris. Ele era adolescente e ela uma beleza formosa; uma pintora original e ousada. Poiret fazia-lhe os vestidos. A brasileira era comentada em Paris e no mundo. Grande amiga de D. Olívia: a surpreendente e jamais declinante Tarsila.






 







 






 






 






O Palacete, que foi projetado por Ramos de Azevedo, foi demolido na década de 1940 em virtude da ampliação da Av. Duque de Caxias. Por volta do Centenário da cidade de São Paulo, no terreno remanescente ergueu-se o Edifício Hotel Comodoro.

 
O Palacete inaugurado em 1895.







Fonte.

Revista “O Mundo Ilustrado” – Edição Comemorativa do 26º Aniversário da Revolução de 1932, 16 de julho de 1958. (Arquivo pessoal).

palaceteoliviaguedespenteado.blogspot.com, acesso 01 de agosto de 2019.

estreladamogiana.com.br, acesso 01 de setembro de 2019.



O 10º Núcleo de Correspondência – MMDC Trincheiras de Jaguariúna parabeniza a cidade no seu 65º Aniversário.








 

 
Ponte Pedro Abrucês, Ponte Vermelha, pontilhão por onde passou 
a primeira linha de trem da Mogiana, sobre o rio Jaguari.





Ponte "Pedro Abrucês", sobre o rio Jaguari inaugurada em 1875
 para a passagem do trem preservada até os dias de hoje.









Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
11/09/2019. 






















sexta-feira, 6 de setembro de 2019

7 DE SETEMBRO, 2019.






UM MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA.



Encontrei este texto em um livro de minha coleção, pertenceu ao meu avô e depois ao meu pai, é um livro escolar dedicado à Mocidade Brasileira, escrito pelo Professor João Vieira de Almeida, me chamou a atenção, um trecho, deste Capitulo XXVIII – Independência do Brasil: O Ypiranga.
É uma divagação sobre o Monumento do Ipiranga. Veja na transcrição, com a mesma ortografia usada na época:

Hoje, para mim, é dia de grande gala, meu filho.
Tenho que me occupar de um dos episódios mais interessantes da vida de nossa nacionalidade: a independência do Brazil.
E tendo sido o nosso Estado o berço da independência, eu me sinto jubiloso ao tractar desse grandioso facto.
Tu já fostes visitar o monumento do Ypiranga, porém, ainda não sabes o deram milhares de contos!
Pois, bem; foi para perpetuar esse acontecimento histórico, que se construiu aquelle grandioso edifício.
A fonte, de que dimanou, não foi muito pura, porque teve suas nascentes no panno verde das roletas!
Eu queria que aquelle monumento fosse erguido, à custa de uma subscrição nacional!
O grito do Ypiranga não aproveitou só aos paulistas, e, por isso, a nação inteira tinha a obrigação de concorrer com donativos, afim de se eternizar, no bronze, a memoria de um facto auspicioso, por qualquer face que o consideramos.
O monumento do Ypiranga, triste é dizel-o, foi elevado, á custa de loterias!!!
E a ultima, nem correu!
Os papalvos que compraram bilhetes, estão, até hoje, no desembolso do dinheiro, que de bôa fé, dispenderam.
Foi um enormíssimo “conto do vigário”, passado á credulidade publica!...
A principio ninguém atinava com o fim a que se podia destinar aquella custosa fabrica, para ali atirada na collina estéril do Ypiranga!
Este, ou aquelle curioso, que lá ia admirar os rendilhados do frontão, ou a columnata do interior, muito naturalmente interrogava a si mesmo: para que servirá isto?
Pareceu então um erro a fórma, pela qual se procurou concretizar um acontecimento da nossa historia politica.
Porque se não tinha antes erigido uma estatua ou uma simples coluna, um obelisco ou coisa semelhante?!...
Mas, um palácio, grandioso, e sem préstimo...

Afinal, apareceu alguém com uma certa dose de bom senso, que utilizou o ... “Masthodonte”, mandando lá recolher o ...”casco do Museu Sertorio”, doado generosamente ao Estado de S. Paulo, pelo benemérito capitalista mineiro, o sr. Paula Mayrink.
Ao assim, acharam um destino útil para o casarão, que estivera conde mnado a ser o abrigo dos morcegos e dos urutus das cicumvisinhanças!
Por isso é que, hoje, a mocidade, que ali vai em visita, pode admirar o grandioso quadro de Pedro Americo, recordando a scena da independência.
O primeiro imperador do Brazil está ali representado, no momento de soltar o celebre grito: independência ou morte!
Na primeira vez que lá formos, á vista da tela, eu te hei de explicar, mais desenvolvidamente, o facto.
Num lampejo de patriotismo, também houve quem se lembrasse de comprar alguns dos admiráveis quadros do pintor nosso comprovinciano, o sr. Almeida Junior, e lá os colocasse.
Como inicio de um futuro “Louvre”, já não está mau...
Faço votos, para que continuem; e desde já conjuro os legisladores da minha terra, a comprarem o quadro, que o mestre ituano pintou, “Monções de Cuyabaá”, o qual deve figurar ali.
Esse quadro representa um facto genuinamente paulista, porque se passava á beira do Tieté, o nosso pátrio rio!
Para que o Museu tenha para mim uma importância real, basta-me vêr ali aquella opulenta coleção de armas e utensílios indígenas.
Para que o palácio tivesse tido um fim proveitoso, basta que abrigue, em seu bojo, o quadro de Pedro Americo, as télas de Almeida Junior, e as armas dos nossos selvagens!
Absolvo, em parte, a roleta, da peça que pregou ao nosso patriotismo!
Porém, entremos em matéria, que não é já sem tempo... [...].



O livro do meu avô, foi adquirido por ele em 1903.




Relatório da Comissão do Monumento do Ipiranga, 1889.





Monumento Ipiranga e os trilhos de bondes da Rua Bom Pastor, 1904.







 O Museu Paulista é o mais antigo da cidade de São Paulo e recebia cerca de 350 mil visitantes por ano até 2013, quando foi fechado ao público por problemas causados pela infiltração de água nos forros de algumas salas.
Em 2018, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e a USP passaram a trabalhar juntas em iniciativas para a recuperação, planejamento do projeto de restauração e modernização. As obras ainda não foram iniciadas. Documentos e objetos já foram retirados, ficarão apenas as obras maiores, como o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo (1843-1905) e as esculturas em mármore de Raposo Tavares e Fernão Dias, do italiano Luigi Brizzolara (1868-1905).
O Museu Paulista foi inaugurado em setembro de 1895, então como Museu de História Natural. O edifício-monumento foi projetado pelo engenheiro e arquiteto italiano Tommaso Bezzi (1844 – 1915) e construído entre 1885 e 1890 para marcar o lugar da proclamação da Independência, no dia 7 de setembro de 1822. Seus jardins foram encomendados ao belga Arsênio Puttemans, também criador do projeto paisagístico da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP. O museu foi incorporado à universidade em 1963, especializando-se em história da cultura material brasileira e tornando-se um acervo de referência para a pesquisa sobre a sociedade brasileira, sobretudo nos séculos XIX e XX.



Tela "Independência ou Morte" de Pedro Américo, 1888.
Foi exposta pela primeira vez em 7 de setembro de 1895 na inauguração do Museu.





Vista da área do Monumento do Ipiranga











Fonte.


- ALMEIDA, J. V. Pátria, Leituras Escolares, Casa Ecletica ,S.Paulo, 1899.

- São Paulo onde está sua história, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, Prefeitura do Municipio de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1981, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand


- pt.wikipedia.org




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
06/09/2019.



segunda-feira, 2 de setembro de 2019

TRÊS DEPOIMENTOS SOBRE 32.




             A Revista “O Mundo Ilustrado”, em 1958, publicou uma Edição Especial de Aniversário da Revolução Constitucionalista com várias entrevista, artigos e fotografias. Fiz a transcrição da publicação, “Três Depoimentos sobre 32”, com a entrevista de três personalidades, as quais vivenciaram ativamente o movimento de 1932, textos de Isa Leal:




ALTINO ARANTES.





Altino Arantes fala da unanimidade do sentimento paulista, em 32.
“Foi a semente que, regada pelo sangue de tantos, restituiu ao país a Constituição Política”.
“Manchete pitoresca de um jornal da ditadura chamava a atenção para a foto dos exilados”.

Quem conhece bem São Paulo e seu escol de homens de pensamento sabe que o ex-presidente do Estado, Altino Arantes, atual presidente da Academia de Letras Paulista, é, além de orador elegante, de cultor da língua, um homem de sociedade, cavalheiro como poucos. Em sua residência que guarda tanta recordação de um passado que, nas últimas quatro décadas, foi também o de São Paulo, Altino Arantes nos recebe com sua proverbial cortesia. Fala-nos do que mais o impressionou, durante a Revolução Constitucionalista:  - Para os paulistas que amam verdadeiramente a sua terra e se gloriam das suas tradições, é sempre grato recordar a página de patriotismo e de bravura que eles escreveram no movimento revolucionário de 1932. Nesse movimento, o que até hoje nos aparece como mais admirável e mais edificante é a unanimidade de votos e sentimentos que fez da população de São Paulo um só peito e um só braço para lutarem por aquilo que então lhes parecia e era realmente a maior e a mais urgente aspiração da pátria: a reconquista das liberdades constitucionais que a ditadura triunfante lhes usurpara e teimava em conservar.
“Não foi inútil: São Paulo realizou sua missão histórica de combater pela prosperidade da Nação”.
Contínua o líder da Revolução Constitucionalista, agora respondendo à nossa pergunta sobre as consequências boas ou más daquele movimento: - Esse esforço coletivo e unânime, embora tivesse sido suplantado pelo poderio das armas que contra ele  se congregaram, não foi entretanto inútil: foi a semente que se lançou no solo da nossa terra e que regada e fecundada pelo sangue de tantos que por ele morreram, logrou afinal restituir ao país a Constituição Política pela qual São Paulo lutara, realizando ainda neste glorioso episódio a sua missão histórica de combater e vencer pela prosperidade da Nação brasileira.
Sobre o exílio: “Portugal foi a terra que nos sobrou quando a nossa faltava.”
Comenta agora o ilustre batalhador de 32 a decisão da ditadura de afastar alguns dos líderes daquele movimento: - A ditadura, então triunfante, castigou os paulistas que contra ela lutaram, com o exílio para Portugal, exílio esse que a bondade dos portugueses timbrou em tornar o mais suave possível, oferecendo-nos hospitalidade franca e carinhosa que eu mesmo, referindo-me a ela, tive a oportunidade de afirmar com verdade que, naquela dolorosa emergência, para nós Portugal foi realmente a terra que nos sobrou, quando a nossa nos faltava. E, encerrando sua entrevista, o prócer constitucionalista de 32 nos fala sobre a manchete com que o jornal da ditadura, do Rio, chamava a atenção para as fotografias dos exilados do momento. Ri-se o acadêmico, vale a pena ver seu bom humor, ao repetir a manchete: - “Fora com eles!” Mas não sabemos se o caso é para rir do que de chorar, quando uma ditadura de qualquer espécie elimina sumariamente da vida pública os homens que formaram verdadeiramente a sua elite.



Aureliano Leite.




Aureliano Leite, hóspede de todas as prisões políticas do Brasil duas vezes julgado pelo Tribunal de Segurança.
“A Revolução de 32 não foi de todo inútil”.
Testemunho sobre o pretenso “comunismo de Monteiro Lobato”.
O ditador não permitiu que ele voltasse para ver sua mãe morrer
O bom humor acadêmico e uma manchete.

         Uma das figuras mais combativas e de maior projeção do movimento de 32 foi Aureliano Leite. No dia 24 de maio, no Clube Comercial, do qual era então Presidente firmou-se um documento secreto, que assim permaneceria durante algumas semanas, para se tornar público somente a 10 de julho. Fundou-se, nesse 24 de maio, o MMDC, que seria, dois meses depois, o mais altíssimo brado de revolta, o símbolo de todos os anseios paulistas. O escritor Aureliano Leite, que é o autor de numerosas obras sobre a história de São Paulo, naquele momento, não se contentou com escreve-las. Viveu-a. Para tanto, esteve em todos os setores da luta: a palavra e a ação se completaram. Entrevistamos Aureliano Leite, em seu escritório, onde uma janela domina parte da cidade. De vez em quando volta amorosamente o olhar para ela. Fala-nos de sua participação no movimento de 32: - Estive um ano no exílio, como quase todos os companheiros, entre os quais posso citar os nomes de Álvaro de Carvalho ( que morreu no exílio), Altino Arantes, Valdemar Ferreira, Francisco Mesquita Filho, Luís Pisa Sobrinho, Ataliba Leonel, Tirso Martins, muitos militares, entre os quais os Generais Isidoro Dias Lopes e Klinger, alguns  Coronéis, como Euclides Figueiredo, e ainda gente de fora de São Paulo, como Artur Bernardes, Austrégesilo de Ataíde, Teodomiro Carneiro Santiago, Borges de Medeiros. Fui julgado duas vezes pelo Tribunal de Segurança.
“Minha mãe morreu, olhando para a porta, à minha espera...”
O escritor estava exilado, quando sua mãe ficou muito mal, implorando à família que queria vê-lo. Todos lhe diziam que ele não demorava, que estava a caminho, que chegaria a qualquer momento... A piedosa mentira manteve suas energias durante algum tempo. Depois, não resistindo, fechou os olhos que viviam continuamente pregados na porta, por onde chegaria o filho... O ditador não permitira que um filho desse à sua mãe o último consolo do seu beijo. Aureliano Leite conta-nos ainda: - Outro motivo pelo qual me foi especialmente penoso o exílio foi o de ter deixado aqui, sendo já viúvo, minha filhinha, que então contava quatro anos de idade.
Testemunho sobre Lobato.
O escritor dá-nos então um curioso testemunho. Dos lábios de Monteiro Lobato ouviu, certo dia, um pouco àquela maneira de “boutade” permanente que era a do criador de “Urupês”, a explicação do seu    pretenso comunismo. Lobato desejava que o Brasil caísse nas mãos dos comunistas durante algum tempo, pois, dizia ele, tinha a certeza de que o povo não o aceitaria muito longamente. E, durante esse tempo – se não houvesse também uma intervenção estrangeira – os comunistas dariam um banho de sangue no Brasil, eliminando possivelmente quaisquer elementos perniciosos da nossa política. Como todo vaticínio, este é dos mais arriscados. Aureliano Leite nos conta a opinião de Lobato, com a intensão, exclusivamente, de esclarecer que seu “comunismo” nunca passou de “boutade” – e do desejo patriótico de ver o Brasil livre de indesejáveis influências. Nosso entrevistado responde à pergunta sobre os resultados positivos que possamos ter alcançado com o sacrifício do sangue feito em 32: - Não foi de todo inútil. Temos no momento certa liberdade de pensamento. Entretanto, não posso deixar de reconhecer que o momento é dos mais perigosos para o Brasil, em que pompeiam figuras das mais negregadas que o país jamais teve em sua história política.


Júlio de Mesquita Filho.




Este homem sereno que entrevistamos, no salão nobre do Jornal “O Estado de São Paulo”, é o chefe de um império. Sob sua ordem, há centenas de pessoas, Império democrático por excelência. Ele nos declara, convictamente: - Detesto ser patrão! Aqui, são todos amigos.
É o mesmo homem que diz a um chofer novo que lhe abre a porta do carro, de boné na mão: - Olhe, não precisa abrir a porta para mim. Basta encostar o carro na calçada.
-É, como o com certeza o chofer demonstra espanto:
- Isso não se usa mais! O que não se usa mais, na opinião de Júlio de Mesquita Filho, é luta de classes, porque acha que o interesse do patrão é o mesmo do empregado. Respeito pela criatura humana. Democracia até as últimas consequências. Este homem, como subvertedor da ordem nacional, esteve preso durante alguns anos, fez vilegiatura em cadeia de toda espécie, foi exilado, teve seus bens confiscados. Nenhuma ditadura pode combinar com gente desta classe. Quando lhe perguntamos onde nasceu, sorri: - Na rua da Liberdade...Que se há de fazer? Às vezes, é preciso acreditar em predestinação.
O Sacrifício de Nada Adiantou.
Desejamos saber sua opinião: até que ponto temos lucrado com o banho de sangue de 32? Quais foram, no seu modo de ver, as vantagens que auferismo de tanto sacrifício? Suas palavras são amargas:
- Tudo foi inútil. O motivo é simples. O Estado Novo sempre viveu divorciado da alma brasileira. E o Exército deixou, nos lugares-chaves, as criaturas do ditador. Aí estão Gustavo Capanema, Negrão de Lima e Filinto Muller. Comenta, à margem: - Vi morrer muita gente às bordoadas na prisão, por ordem de Filinto Muller... Depois fala dos dias duríssimos do exílio, de sua recusa, após sete ou oito anos de sofrimentos, em seguir de novo para o exílio, pelos próprios pés: - Então, eles me mandaram para a fazenda de nossa família, em Vinhedo. Temos lá uma fazenda, há cinquenta anos...

O Bom Vizinho.

Aconteceu por acaso há dois anos. (O acaso não é o santo grande dos repórteres?) Uma caravana de repórteres assistia a Festa da Uva, em Vinhedo. Um homem falava em nome dos vizinhos. Eram interesses comuns a todos, que se expunham através de suas palavras. A luta pelo melhor cultivo da terra, as apreensões e responsabilidades, as alegrias, a recompensa suprema no sangue brotando da terra, em cachos sumarentos. Aquele homem interpretava, evidentemente, o sentimento de todos, pois que, à sua volta, sorriam os rostos contentes. Abraçavam-nos todos, familiarmente. Orgulhavam-se dele com evidente ingênuo orgulho, à maneira fraterna de quem sabe que pode contar com o vizinho, porque é um amigo. “Going my way?” parecia ser o sistema vigente. Todos seguiam sem dúvida alguma a mesma estrada. Trabalho, ordem, respeito mútuo de direitos e deveres. Naquela reunião ninguém pensaria nunca: - Ora, a lei! – A lei, mais perto da força eterna da terra, é igualdade. Contamos esta passagem ao entrevistado, que comenta simplesmente: - Ah, também esteve na festa ano atrasado? Porque, no ano passado, também fui e também falei... Lá em Vinhedo, eu e meus irmãos fomos criados juntos com os vizinhos, assim como meus filhos foram criados juntos com os filhos deles. Há meeiros, sócios. Somos todos amigos. Este é o maior libelo contra a ditadura de qualquer espécie de qualquer época: são perseguidos justamente aqueles homens que mais realizam a democracia, na vida cotidiana. Os mesmos para os quais têm vivência os valores essenciais da criatura humana são julgados subvertedores da ordem, numa estranha inversão de valores.




Fonte.
Revista Mundo Ilustrado – Edição Comemorativa ,26º Aniversário da Revolução de 1932, publicada em 16 de julho de 1958. (Arquivo pessoal).



Algumas informações biográficas sobre os três entrevistados:


ALTINO ARANTES –

Altino Arantes Marques nasceu em Batatais (SP) no dia 29 de setembro de 1876, filho do Coronel Francisco Arantes Marques e de Maria Carolina de Arantes.
Terminando os estudos preparatórios no Colégio São Luís, de Itu (SP), ingressou aos 16 anos na Faculdade de Direito de São Paulo. Formou-se em 1895.
Em 1899, casou-se na França, com Maria Teodora de Andrade Junqueira.
Elegeu-se deputado federal pelo Partido Republicano Paulista (PRP) para a legislatura de 1906 a 1908, reelegendo-se depois para a seguinte (1909-1911). Eleito presidente do estado em março e empossado em maio de 1916, governou São Paulo até 1920, tendo enfrentado portanto o difícil período das greves operárias de 1917 a 1919, contra as quais agiu com severas medidas repressivas.
Após a vitória da Revolução de 1930, Altino Arantes passou para a oposição juntamente com o combalido PRP, participando assim de todas as etapas da crise entre o governo federal e as forças paulistas.
Em janeiro de 1932, foi um dos signatários de um manifesto do PRP em que este se pronunciava contra a “ditadura aliancista” e afirmava sua disposição de lutar por um novo regime republicano, constitucional e federativo.
Com o aprofundamento do conflito entre o governo federal e as forças políticas de São Paulo, o PRP e o PD se aliaram, dando origem à Frente Única de São Paulo (FUSP). Em 16 de fevereiro, a FUSP divulgou manifesto proclamando a união dos partidos paulistas na luta pela pronta reconstitucionalização do país e pela restituição a São Paulo da autonomia de que se achava privado desde a revolução. Altino Arantes foi um dos signatários desse manifesto, e quando a evolução da crise resultou na eclosão do levante armado de 1932 participou ativamente no movimento. Colaborou com o coronel Euclides Figueiredo na preparação do plano da luta armada, e durante a conflagração discursou na Rádio Bandeirantes, condenando o governo federal e apoiando a luta dos paulistas.
Quando a vitória pelas armas se revelou impossível, aderiu à proposta de armistício de Raul Pilla e Borges de Medeiros, expondo, sem sucesso, seu ponto de vista ao governador de São Paulo. Com a derrota da Revolução Constitucionalista, exilou-se em Lisboa.
Em 1934, de volta ao Brasil, assumiu a presidência do PRP e chegou a concorrer às eleições indiretas para o governo de São Paulo, sendo entretanto derrotado. Em 1938, ocupou o cargo de vice-presidente da delegação brasileira à VIII Conferência Internacional Americana, realizada em Lima, como ministro plenipotenciário.
Após a queda do Estado Novo, foi eleito deputado por São Paulo à Assembléia Nacional Constituinte em 1945 na legenda do Partido Republicano (PR). Participou dos trabalhos que resultaram na promulgação da nova Constituição (18/9/1946) e na legislatura ordinária que se seguiu, integrou a Comissão de Constituição e Justiça e opôs-se à cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas.
Acompanhando grande parte dos antigos membros do PRP, ingressou no Partido Social Democrático (PSD) e, por esse partido, candidatou-se à vice-presidência da República no pleito de 1950, na chapa encabeçada por Cristiano Machado. Obteve 1.649.309 votos, ficando em terceiro lugar atrás dos candidatos Café Filho, da aliança Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - Partido Social Progressista (PSP), com 2.520.790 votos, e Odilon Braga, da União Democrática Nacional (UDN), com 2.344.841 votos.
Altino Arantes teve ainda uma intensa atividade como escritor, tendo sido presidente da Academia Paulista de Letras por 14 anos e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Morreu em São Paulo no dia 5 de julho de 1965. Sobre sua vida e sua carreira, foram publicados inúmeros artigos em revistas e coletâneas, além do livro de Leopoldo de Freitas O Dr. Altino Arantes, esboço político e biográfico (1920).


AURELIANO LEITE -

Aureliano Leite nasceu em Ouro Fino (MG) no dia 20 de novembro de 1886, filho de João Monteiro de Meireles Leite e de Maria Almeida Meireles Leite.
Fez o curso primário em sua cidade natal e depois transferiu-se para a capital paulista, onde realizou os estudos secundários. Em 1906 entrou para a Faculdade de Direito de São Paulo, diplomando-se em 1910. Ainda acadêmico, foi colaborador do jornal Alvorada, e mais tarde de vários outros, como o Diário Popular, o Diário Nacional, a Folha da Manhã e o Jornal do Comércio.
Intimamente vinculado ao ambiente paulista, teve intensa atuação política.
Foi um dos signatários do manifesto publicado em 5 e 6 de abril de 1931, no qual o partido rompeu com a interventoria do capitão João Alberto Lins de Barros, a qual apoiara inicialmente.
Aureliano Leite assinou também o manifesto de 13 de janeiro, no qual o PD formalizou seu rompimento com o presidente Getúlio Vargas, em consequência do crescente antagonismo entre o governo federal e as forças políticas paulistas. O manifesto criticava a política econômica e administrativa de Vargas, propunha a constitucionalização do país e reivindicava a entrega do “governo do estados aos próprios estados”.
A partir de então, Aureliano Leite trabalhou ativamente pela formação da Frente Única Paulista (FUP), tendo ainda assinado o manifesto lançado em 16 de fevereiro de 1932, no qual o Partido Republicano Paulista (PRP) e o PD proclamavam sua união em torno do objetivo de lutar pela constitucionalização do país e pela autonomia política dos estados. Como delegado da FUP, viajou com Abelardo Vergueiro César para o Rio Grande do Sul, onde obteve de importantes personalidades gaúchas o compromisso de apoio, tornando-se assim um ativo articulador da Revolução Constitucionalista de 1932.
Fez parte da primeira direção do MMDC (sigla correspondente às iniciais dos nomes de quatro estudantes mortos em conflito com grupos tenentistas: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), grupo paulista que teve grande importância na preparação do levante e em sua organização. Com a tarefa de obter do governo de Minas Gerais o assentimento à revolta, foi enviado a esse estado por Pedro de Toledo, interventor nomeado por Vargas na tentativa de apaziguar São Paulo, mas que se tornara um dos chefes revolucionários. Aureliano, no entanto, nada obteve de concreto em Minas. Na preparação do levante armado, colaborou, ainda, com o Coronel Euclides de Oliveira Figueiredo, que o encarregou de reunir membros do MMDC para serem utilizados segundo a conveniência do plano de combate. Derrotado o movimento, asilou-se na Europa, tendo retornado ao Brasil somente com a anistia concedida pelo governo federal em 1934. Nesse mesmo ano elegeu-se deputado federal por São Paulo na legenda do Partido Constitucionalista, nascido com a união da maioria dos membros do PD e do PRP. Assumiu a cadeira em maio de 1935, mas seu mandato encerrou-se com o advento do Estado Novo (10/11/1937).
Foi membro da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil e sócio-fundador do Instituto dos Advogados de São Paulo.
Ensaísta e historiador, publicou, além de inúmeros artigos, discursos e grande quantidade de obras, entre as quais: Martírio e glória de São Paulo — Revolução Constitucionalista de 1932 (1934), Campinas que eu vi na Revolução de 1932 (1963).
Foi casado com Dulce Rudge Leite. Faleceu em São Paulo, no dia 4 de dezembro de 1976.


JÚLIO DE MESQUITA FILHO –

Júlio de Mesquita Filho nasceu na cidade de São Paulo no dia 14 de fevereiro de 1892, filho de Júlio César de Mesquita e de Lucila Cerqueira César de Mesquita. Seu pai foi advogado, deputado estadual na República Velha e proprietário do jornal O Estado de S. Paulo, fundado com o nome de A Província de São Paulo por seu avô materno, José Alves de Cerqueira César, grande proprietário rural representante da lavoura cafeeira do Oeste Novo paulista. Sua irmã, Raquel Mesquita, casou-se com Armando de Sales Oliveira, interventor federal em São Paulo de 1933 a 1935, governador de 1935 a 1936.
Após cursar o primário na Escola Caetano de Campos, na capital paulista, em 1904 foi enviado à Europa para prosseguir os estudos na Escola Acadêmica, em Lisboa. Mais tarde transferiu-se para a Suíça, onde frequentou o colégio La Chatelaine e depois o Liceu Oficial de Genebra, no qual ingressou com o objetivo de se preparar para o curso superior de medicina. Ao retornar ao Brasil, no entanto, decidiu matricular-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, iniciando os estudos em 1911. Dedicando-se à política ainda estudante, participou em dezembro de 1916 da fundação da Liga Nacionalista, organização que surgiu como um desdobramento da Liga de Defesa Nacional com o objetivo de mobilizar os sentimentos patrióticos dos brasileiros e promover uma aproximação entre civis e militares através do incentivo ao serviço militar obrigatório. Coerente com essa proposta, engajou-se no 2º Regimento de Infantaria, sediado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e obteve um dos primeiros certificados de reservista do Exército.
Com o acirramento da tensão entre o governo central e as forças políticas paulistas, engajou-se nas articulações revolucionárias iniciadas em seu estado, apoiando, em fevereiro de 1932, a criação da Liga Paulista Pró-Constituinte, formada pelos acadêmicos da Faculdade de Direito de São Paulo com o propósito de arregimentar a juventude organizando-a em batalhões militarmente treinados para participar da luta armada que se aproximava. Apoiou também a Frente Única Paulista (FUP), formada ainda nesse mês pelo PD e o PRP visando o confronto com o governo federal. Foi um dos autores do boletim lançado em abril pela FUP e a Liga Paulista Pró-Constituinte, no qual a população era exortada “a repelir a indébita e injuriosa intromissão daqueles que estão conduzindo São Paulo e o Brasil à ruína total e à desonra”.
Um dos organizadores do movimento revolucionário deflagrado em 9 de julho de 1932, Júlio de Mesquita Filho atuou no vale do Paraíba junto ao estado-maior do Coronel Euclides Figueiredo. Com a derrota do movimento em outubro, foi preso e exilado em Lisboa, deixando a direção do jornal entregue a seu cunhado, Armando Sales. Durante o período em que permaneceu no exílio, dedicou-se a estruturar seu projeto de construção de uma universidade em São Paulo, e com essa finalidade visitou as universidades de Coimbra, em Portugal, da Sorbonne, na França, e de Roma, na Itália.
Teve uma vida política muito ativa, atribulada e conturbada, saindo várias vezes do Brasil.
Em 1966 foi eleito presidente da Associação Interamericana de Imprensa e no exercício desse cargo desencadeou uma campanha de combate à Lei de Imprensa implantada no país em 1967. Com a promulgação do Ato Institucional nº 5 (13/12/1968) baixado pelo presidente Artur da Costa e Silva, O Estado de S. Paulo foi apreendido e o principal editorial, intitulado “Nota um”, de sua autoria, deixou de aparecer. A partir de então, já doente, deixou a direção do jornal, transmitindo seus encargos aos filhos.
Foi casado com Marina Vieira de Carvalho Mesquita, com quem teve três filhos. Um deles, Júlio de Mesquita Neto, tornou-se seu sucessor na direção de O Estado de S. Paulo.
Faleceu em São Paulo no dia 12 de julho de 1969. Em sua homenagem foi criada em São Paulo a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).



Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
02/09/2019.


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

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