domingo, 22 de outubro de 2017

UM ALTAR CATÓLICO NA TRINCHEIRA DE 32 !



Por meio de histórias contadas e também pelas registradas em livros sabe-se que os Soldados Constitucionalistas, principalmente os católicos, contavam com a proteção divina, Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, Santo Antônio e outros. Esta peculiaridade é comprovada também pelos exploradores de trincheira que sempre encontram objetos relacionados à fé divina. Sabe-se que vários Padres participaram na luta constitucionalista, tanto na retaguarda como na frente de batalhas.
Já relatei, aqui no blog, alguns episódios envolvendo a fé e a religião, como “Santo Antônio, Coronel das Tropas Constitucionalista”, o “Batalhão Padroeira do Brasil”, “orações especificas” etc., hoje apresento mais um episódio com este tema.




 “CONGREGAÇÃO MARIANA DAS TRINCHEIRAS”.



Na 1ª Companhia do 1º BCR, adido ao 6º R.I., operando em Silveiras, havia um pequeno grupo de moços da Paróquia do Divino Espirito Santo da Bela Vista. O jovem Gil Corrêa Machado, hoje (*1957) Padre Gil Corrêa Machado, S.J., pertencia ao grupo. Congregado Mariano fervoroso, enquanto o fogo inimigo metralhava a trincheira, soube despertar naquele punhado de jovens, unidos pelo elevado Ideal da Pátria, a lembrança de Deus. Sempre que depunham os fuzis, nas tréguas da guerra, era para empunhar o terço de Nossa Senhora. No abrigo da trincheira foi construído um pequeno altar onde se entregavam a pratica da piedade.  O Capelão do Batalhão, Frei Niceto, O.F.M, celebrava a Santa Missa sempre que podia, distribuindo a Sagrada Comunhão aos soldados. Nasceu, então, entre eles, o desejo de fundar uma Congregação Mariana. Gil Machado escreveu ao padre Diretor da Congregação de que era presidente, na Igreja do Divino Espirito Santo da Bela Vista, rua Frei Caneca, Padre Paulo Florêncio da Silveira Camargo e este mandou as normas a serem seguidas. Ficou assim fundada a Congregação Mariana das Trincheiras, sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida e São Camilo de Lelis, agregada à Congregação Mariana da Bela Vista. Foram escolhidos para Presidente o Soldado Caetano Toschi; para Tesoureiro, o Soldado Paulo Augusto da Costa Aguiar sendo Instrutor ou Mestre dos Noviços o próprio Gil Corrêa Machado. Sob o fogo do inimigo os valorosos soldados constitucionalistas sabiam manter, à custa de grandes sacrifícios, a vida Mariana. Oração da Manhã e da Noite, terço, ângelus, sacrifício da Missa sempre que possível, gozando de todos os privilégios e indulgências concedidas às Congregações Marianas canonicamente eretas. Terminada a Revolução Constitucionalista reuniram-se em Missa de Ação de Graças na Matriz do Divino Espirito Santo da Bela Vista, recebendo, nessa ocasião o conselho do Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo para que cada um se apresentasse à Congregação Mariana de sua Paróquia, por ser muito difícil, a frequência coletiva, de um só centro, a elementos dos mais variados pontos da Capital. Ficou assim encerrada uma das mais belas páginas da vida religiosa da Revolução Paulista".

"Comemorando tão comovente acontecimento foi celebrada hoje (*09/07/1957) às 7 horas, na Matriz do Divino Espirito Santo da Bela Vista, rua Frei Caneca, uma missa por intenção dos componentes da Congregação Mariana das Trincheiras para a qual foram convidados todos os seus membros, presentes na fotografia".





Os "jovens" que pertenceram a "Congregação Mariana das Trincheiras" de 32 no dia 09/07/1957.






Transcrição de publicação original da Edição Especial do jornal “Diário da Noite” em 09 de julho de 1957. Arquivo pessoal.


*Acrescentei a data da época da publicação.



Veja mais em:




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
22/10/2017.

Um comentário:

  1. Um povo sem historia é um povo sem memoria e sem memoria não se sabe realmente quem sou, se não sabe de onde venho como saberei pra onde vou.

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