Oficialmente, a participação de crianças na Revolução Constitucionalista de 1932 foi exclusivamente em setores da retaguarda e, as crianças que participavam de grupos de escoteiros, serviam como mensageiros e auxiliares junto ao MMDC, Cruzada Paulista etc.
Há relatos de crianças que foram para o front, escondidas ou mentido a idade. Estes episódios foram relatados posteriormente a Cessão das Hostilidades, por pessoas que eram ligadas de alguma maneira ao protagonista ou por eles próprios.
Muitas destas histórias foram publicadas em jornais em 1932 e anos posteriores, geralmente nas datas em que se comemora o aniversário da Revolução Constitucionalista.
Temos já publicado no Blog as histórias de Aldo Chioratto e Oscar Rodrigues. Hoje, em homenagem às crianças de 1932 publicarei a história de Michel Mujali, que foi publicada no jornal “Diário da Noite” de 1957.
“DESCOBRIRAM NA TRINCHEIRA O CLANDESTINO DE 16 ANOS.”
“O Jovem Michel Tinha Fugido de Casa Branca e Viera a São Paulo Para Participar da Revolução.”
“O entusiasmo pela causa Constitucionalista empolgava todas as cidades do interior.
Jovens que jamais haviam tomado nas mãos um fuzil partiam para a luta. Mas nem sempre as famílias o permitiam.
Da cidade de Casa Branca, onde vivia com a avó, que o criava, Michel Mujali, com 16 anos de idade, numa madrugada de julho, fugiu para São Paulo, apresentando-se como voluntário. Sendo menor e não podendo ser aceito, foi, no entanto, incumbido do patrulhamento na Praça da República.
Quando o “Batalhão 9 de Julho”, seguiu para Campinas, o jovem subiu clandestinamente num caminhão, mantendo-se oculto aos olhos do Comandante que só deu por sua presença nas trincheiras. Aí, porém, já era tarde. O inimigo se aproximava de Eleutério, na região de Itapira. Sugeriram-lhe que, sendo muito magro, poderia dar baixa e ir para um hospital sob a alegação de doença. Mas o jovem continuou nas trincheiras, lutando e tomando parte em patrulhas de reconhecimento, até o trágico desfecho da luta. Durante a noite, cercado pelas tropas adversárias, com 20 companheiros, subiu as montanhas da região, até atingir Mogi Mirim.
Pouco depois era assinado o armistício”.
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Foto publicada no jornal em 1957. |
Mais dois jovens nas trincheiras.
Na pesquisa que fiz no Jornal “Diário da Noite” publicado em 1957, encontrei, inserido em um texto cujo o título é “Baluarte do Setor Sul” (será publicado no Blog posteriormente) a seguinte informação:
“Havia no 2º Pelotão da 2ª Companhia do Batalhão “9 de Julho”, dois menores, de 16 anos, Ricardo Gonçalves e Bruno Melo Teixeira.
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Ilustração de Messias, publicada junto ao poema. |
Recordando...
Meu pai, dizia altivo, o pequenino louro,
Lutou como um herói pela Revolução,
P’ra o bem de sua terra, ele entregou tanto ouro,
Que dava para encher a minha e a sua mão.
Da fazenda mandou o mais soberbo touro,
E os cavalos de raça...e gado em profusão,
E sacos de cereais; enfim quase um tesouro
P’ra o Soldado da Lei, vingando o seu torrão.
Mamãe foi trabalhar, curvada na costura,
Minha irmã preparou unguento e a ligadura
Daquele que tombou ferido sem um ai.
Do dinheiro do cofre, um formidável maço,
Eu com ele comprei seis capacetes de aço...
E você, que é que deu?
- A vida de papai...
Isabel V. Serpa e Paiva.
Fonte arquivo pessoal.
Jornal “Diário da Noite”, Edição Especial dee 09 de julho de 1957.
Jornal “A Gazeta”, Edição Especial de 09 de julho de 1935.
O Núcleo de Correspondência “Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna” homenageia todas as crianças do Brasil!!!
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
11/10/2017.