quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL




Imagem publicada em 1906.




O texto a seguir é uma transcrição de um recorte de Jornal, guardado pelo meu pai.



“Isso é História...”

“7 de Setembro de 1822, em São Paulo.”


Sobre o que se passou em S. Paulo em 7 de Setembro de 1822, há os relatos feitos e publicados por 3 testemunhas do grito da “Independência ou Morte”, proferido na Colina do Ipiranga pelo príncipe regente D. Pedro de Alcântara. Essas pessoas que testemunharam a proclamação da Independência e prestaram o seu depoimento histórico foram: o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, amigo íntimo e confessor de D. Pedro; o Coronel Manoel Marcondes de Oliveira (depois Barão de Pindamonhangaba), subcomandante da Guarda de Honra do Príncipe; e o então Tenente Francisco de Castro Canto e Mello, ajudante de ordens.
Desses três depoimento, leiamos o do padre Belchior:
“O Príncipe mandou-me ler alto as cartas trazidas por Paulo Bregaro e Antônio Cordeiro. Eram elas: uma instrução das Cortes, uma carta de D. João, outra da Princesa, outra de José Bonifácio e ainda outra de Chamberlain, agente secreto do Príncipe. As Cortes exigiam o regresso imediato do Príncipe, a prisão e processo de José Bonifácio; a Princesa recomendara prudência e pedia que o Príncipe ouvisse os conselhos de seu ministro; José Bonifácio dizia ao príncipe que só havia dois caminhos a seguir: partir para Portugal imediatamente e entregar-se prisioneiro das Cortes, como estava D. João VI, ou ficar e proclamar a independência do Brasil, ficando seu Imperador e Rei; Chamberlaim informava que o partido de D. Miguel, em Portugal, estava vitorioso e que se falará abertamente na deserda de D. Pedro em favor de D. Miguel; D. João aconselhava o filho obediência à lei .......(inelegível). D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou das minhas mãos os papeis e amarrotando-os, pisou-os e deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, abotoando-se e compondo a fardeta (pois vinha de quebrar o corpo à margem do Ipiranga, agoniando por uma disenteria com dores que apanhara em Santos) virou-se para mim e disse:
- “E agora, padre Belchior?”
- “É, eu respondi prontamente”:
- “Se V. Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das cortes e talvez seja deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.”
D. Pedro caminhou alguns passos silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro e o Chalaça em direção aos nossos animais que achavam-se em local próximo. De repente estacou, já no meio da estrada dizendo-me:
- “Padre Belchior, eles o querem, terão a sua conta, as cortes nos perseguem, chamam-me, com desprezo, de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora o quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações, nada mais quero do Governo português, e Viva a Liberdade do Brasil”.
Respondemos imediatamente:
- “Viva a Liberdade! Viva D. Pedro!”
O Príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e disse:
- “Diga a minha guarda que eu acabo de fazer a independência do Brasil, com a separação de Portugal”.
O Tenente Canto e Mello cavalgou em direção a uma venda, onde se achavam quase todos os dragões da guarda e com ela veio ao encontro do príncipe, dando vivas ao Brasil independente, a D. Pedro e a religião!
O Príncipe, diante de sua guarda disse então:
- “Amigos, as cortes portuguesas querem escravizar-nos e perseguem-nos. De hoje em diante nossas relações estão quebradas. Nem um laço nos une mais!”
E arrancando do chapéu o laço azul e branco, decretada pelas Cortes, como símbolo da nação portuguesa, atirou-o ao chão, dizendo:
- “Laço fora, soldados! Viva a independência e a liberdade do Brasil!”
Respondemos com um viva ao Brasil independente e viva D. Pedro.
O Príncipe desembainhou a espada, no que foi acompanhado pelos militares; os paisanos tiraram o chapéu. E D. Pedro disse:
- “Pelo meu sangue, pela minha honra, juro fazer a liberdade do Brasil.”
- “Juramos, repodemos todos!”
D. Pedro embainhou a espada, no que foi imitado pela guarda, e pôs-se à frente da comitiva e, voltou-se, ficando em pé no estribo:
- “Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será o dístico Independência ou Morte, e as nossas cores verde e amarelo, em substituição a das cortes”.
Firmou-se nos arreios, esporeou a sua besta baia, e galopou, seguido de seu séquito, em direção a São Paulo, onde foi hospedado pelo Brigadeiro Jordão, Capitão Antônio Silva Prado e outros, que fizeram milagres para contentar o Príncipe.
Mal apeará da besta, D. Pedro ordenou a seu ajudante de ordens que fosse às pressas ao ourives Lessa e mandasse fazer um dístico em ouro com as palavras “Independência ou Morte”, para ser colocado no braço.
E com ele apareceu no espetáculo onde foi chamado Rei do Brasil, pelo Alferes Aquino e pelo Padre Ildefonso Xavier.
No teatro, por toda parte só se viam laços de cores verde e amarelo, tanto nas paredes, como no palco, nos braços dos homens, nos cabelos e enfeites das mulheres.”


Este relato é interessante e não difere muito da história oficial.



Parte da publicação do Jornal "A Gazeta".




O Núcleo de Correspondência “Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna” presta suas homenagens ao Dia da Independência do Brasil!


Viva a Independência!!! Salve a Liberdade!!!!



Imagem publicada em 1907.




Fonte.

Jornal “A Gazeta” de 6 de setembro de 1948, arquivo pessoal.

Publicação “Álbum Imperial”, ANNO I, Nº 2, 20/01/1906, ANNO II, Nº 4, 20/02/1907, arquivo pessoal.



Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.

06/09/2017.

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