Este é um relatório, assinado por Chico Senne, Prefeito de Queluz, fiz a transcrição do texto contido no livro “Recordações de 32 em Cachoeira”. Trata-se de um boletim de incentivo, distribuído ao povo paulista.
No dia 10 de agosto Chico Senne chegava em Cachoeira, vindo de Queluz, sua cidade encontrava-se em uma situação gravíssima onde o Cel. Theophilo Ramos não media esforços para conter o avanço do inimigo.
[...] “Aqui, em Cachoeira, o Chico Senne redigiu o seu relatório ao Departamento de Administração Municipal.”
“A 11 ao aeroplanos, nos seus habituais voos, nos atiravam das alturas mais um boletim com os seguintes dizeres:
"AO SOLDADO E AO POVO PAULISTA"
"Ao cabo de um mês de luta fraticida as tropas em sua irresistível ofensiva atingem Areias e Queluz. Na frente Paraná nossas tropas ocuparam Faxina, Bury, Apiahy, Itaporanga e Jacarezinho.
Na frente mineira, São João da Boa Vista, Jacutinga e Jaguary caíram em poder da nossa tropa. Vitoriosa em todos os encontros prossegue a ofensiva sobre São Paulo. O Brasil inteiro, unido e coeso repele o criminoso assalto ao poder, tentado pelos politiqueiros que sempre, na fábrica ou no cafezal, mantiveram a grande massa trabalhadora escravizada aos seus baixos e mesquinhos interesses e ambições, culminando hoje na efusão de sangue de irmãos. O Brasil luta afim de libertar São Paulo desses eternos exploradores, reintegrando o seu povo na comunhão nacional. De todos os recantos da Pátria milhares de homens acorrem ao seu apelo para que se mantenha a integridade territorial ligada à nossa geração pelos que a constituíram, há um século, em nação independente.
É inútil a vossa resistência, ante os poderosos meios materiais e morais de que dispomos os quais dia a dia aumentam em escala considerável.
Não combatemos São Paulo, cujo progresso é motivo de orgulho para todos os brasileiros. Lutamos com o coração sangrando de dor, mas convencidos de que estamos cumprindo o mais alto dos deveres patrióticos.
Vós que primeiro ouvistes o grito do Ipiranga não deveis concorrer para que um século após se rompam os vínculos que até aqui uniram todos os brasileiros em torno da mesma bandeira.
O Brasil consternado, mas resoluto, vem diante de vós para exortar-se a abandonar as fileiras secessionistas e reunir-vos aos vossos irmãos do Norte, do Centro, do Sul que vos receberão fraternalmente, para que possais colaborar na obra de reconstrução nacional em que nos achamos empenhados.
Paulistas!
O Brasil espera que, neste angustioso pranto da vida nacional, sem deixar de ser paulistas, sabereis ser brasileiros.
Os Generais Góes Monteiro e Waldomiro de Castilho Lima asseguram plenas garantias a todos aqueles que espontaneamente se apresentarem aos nossos postos avançados.
Por duas vezes, já vos deu o primeiro, a paz, agora ambos vos darão a paz e a tranquilidade que careceis afim de progredirdes no vosso grandioso trabalho em terras da Pátria Unida.
Q.G. 9 de agosto de 1932.
Estado Maior do Destacamento do Exército do Leste”.
Mais um documento comprovando a participação da Vila Jaguari citada no relatório, hoje Jaguariúna, nos combates que ocorreram na Frente Leste ou Frente Mineira na Zona Mogiana.
Ponte sobre o Rio Paraíba, dinamitada em 1932 para impedir o avanço das tropas do governo. http://ferreo.blogspot.com.br |
Prefeito de Cachoeira. |
Fonte.
Ramos, A., Recordações de 32 em Cachoeira e setores – Euclides de Figueiredo – Goes Monteiro – Cristovam Barcellos. Valle do Parahyba: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, São Paulo, 1937. 455p.
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
08/08/2017
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