sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mensagem às Mães!!!!!!




A formação britânica de membros mães de soldados recebem treinamento de um sargento do exército sobre o uso de rifles para Corporação de Serviço de Defesa. (http://jornalggn.com.br)





Lamento da Mãe Órfã

Cecília Meireles.


Foge por dentro da noite
reaprende a ter pés e a caminhar,
descruza os dedos, dilata a narina à brisa dos ciprestes,
corre entre a luz e os mármores,
vem ver-me,
entra invisível nesta casa, e a tua boca
de novo à arquitetura das palavras
habitua,
e teus olhos à dimensão e aos costumes dos vivos!

Vem para perto, nem que já estejas desmanchando
em fermentos do chão, desfigurado e decomposto!
Não te envergonhes do teu cheiro subterrâneo,
dos vermes que não podes sacudir de tuas pálpebras,
da umidade que penteia teus finos, frios cabelos
cariciosos.

Vem como estás, metade gente, metade universo,
com dedos e raízes, ossos e vento, e as tuas veias
a caminho do oceano, inchadas, sentindo a inquietação das marés.

Não venhas para ficar, mas para levar-me, como outrora também te trouxe,
porque hoje és dono do caminho,
és meu guia, meu guarda, meu pai, meu filho, meu amor!

Conduze-me aonde quiseres, ao que conheces, - em teu braço
recebe-me, e caminhemos, forasteiros de mãos dadas,
arrastando pedaços de nossa vida em nossa morte,
aprendendo a linguagem desses lugares, procurando os senhores
e as suas leis,
mirando a paisagem que começa do outro lado de nossos cadáveres,
estudando outra vez nosso princípio, em nosso fim.





               Uma das faces do Monumentos aos Heróis de 32 da cidade de  Piracicaba, SP.                                           (voluntariosdepiracicaba.blogspot.com.br)



          Carta de minha avó, Profª Ambrosina Bonilha de Toledo, enviada a meu pai, Joaquim Norberto de Toledo Junior, Soldado Voluntário da Revolução Constitucionalista de 1932.
Minha avó teve 4 de seus filhos, genros e uma neta participantes na Revolução de 1932.




Frente da carta de 1932.


Verso da carta.



           Quero homenagear todas às mães, neste dia especialmente dedicado a elas. A mãe doce e meiga, a batalhadora, a guerreira, a extrovertida, a acanhada, a rica, a pobre, negra ou branca, à todas simplesmente Mães.
                                 


Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.



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