Ecos de um grande estrategista da Revolução
Manoel Seixas
Como foi enumerado várias vezes, as tropas emanadas do governo federal, se caracterizavam de um grande poder de fogo, não só pelo seu imenso contingente, como também pelo seu poderio bélico.
E isso evidentemente não era negado por ninguém, principalmente pelos soldados da unidade paulista, comandados pelo Tenente Cabana, aquartelada em nossa aprazível Jaguary, nas imediações da Fazenda Castelo e Santa Úrsula.
Assim sendo, certa feita os comandados da unidade getulista avançavam pelo leito das linhas da Companhia Mogiana com a finalidade de aniquilar de vez toda a resistência das forças do estrategista Cabana.
Neste ínterim, convocou os seus subordinados e lhes disse o seguinte:
“Estais vendo aquela plantação de eucalipto?”
“Estamos, chefe!!!”.
“Então se embrenhem na mesma e escolham uma dúzia das árvores citadas e cortem-nas no capricho. De preferência espécies sadias, roliças e de boa espessura. Seccionem nas medidas certas e após a secagem, procedam uma pintura de cor acinzetada em seus respectivos troncos. Na ponta de cada unidade coloquem placas reluzentes de alumínio de forma a reluzir ao contato com os primeiros raios de sol.” Isto posto, colocou em prática seu revolucionário plano estratégico.
De imediato, removeu as peças de eucalipto para uns cavaletes de madeira de forma que tal engenhoca improvisada fosse colocada dando uma falsa impressão de canhões verdadeiros prestes a vomitar fogo. E a medida que o exército inimigo caminhava a passos acelerados pelo leito das linhas do trem da Compainha Mogiana a ansiedade aumentava.
Reconheceu também que um confronto com a soldadesca fiel ao governo federal seria catastrófica em perca de valores humanos e armamentos bélicos. Seria uma temeridade incabível enfrentar o adversário numa luta fratricida em que o inimigo estava armado até os dentes.
Ao se aproximar do local previamente mapeado para o derradeiro ataque contra a unidade paulista, foi enviado um emissário com a missão de reconhecimento para que a operação se revestisse de autêntico sucesso. Mas o espião se surpeendeu com algo que estava fora de cogitação e voltou um tanto cabreiro para junto de seu comandante da unidade getulista:
“ Chefe, os homens estão armados como nunca e em cada boca de trincheira, brilha o cano de um canhão pronto para vomitar fogo sem piedade sobre nós”. Diante de tão insperada e surpreendente revelação não deu outra: Deram meia volta e bateram-se em retirada embrenhando-se na mata fechada da fazenda Santa Úrsula, marchando em direção ao local onde situa hoje o pedágio de Campinas - Mogi-Mirim, no bairro de Tanquinho, onde houve um grande confronto com perda de vidas preciosas de ambos os lados.
A astúcia do Tenete Cabana funcionou maravilhosamente à base de seus canhões de araque e de mentirinha.
O homem era uma fera e não brincava em serviço.
SEIXAS, M. Ecos de um grande estrategista da Revolução. Jornal Gazeta de Jaguariúna, Jaguariúna,11de nov.2011. Acesso em 06 de set. 2012.
Diponível em http://www.gazetaregional.com.br/index.php/primeiro-caderno/editorial/1598-ecos-de-um-grande-estrategista-da-revolução.html.
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