Lembrar,
lembrar, sempre lembrar!!!!
9
de julho de 2024, no 92º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932,
dia de enaltecer, honrar aqueles Heróis que lutaram pela liberdade, pela
democracia e pela Constituição. Jamais esquecer o legado daqueles que se
levantaram para aniquilar com os tempos sombrios que vivia a Nação.
Sempre
lembrar que, São Paulo foi o Estado que liderando o movimento pela liberdade do
Brasil, nunca se subjugou aos desmandos do Governo Federal sempre reivindicando
maior liberdade política e eleições democráticas.
Para
honrar os Heróis de 32 e não deixar no esquecimento os valores cívicos e morais
que nortearam a Revolução Constitucionalista de 1932, faço a transcrição do editorial,
da revista Mundo Ilustrado, de 16 de julho de 1932 onde o editor fez suas
considerações sobre alguns fatos e feitos relevantes durante o movimento de 1932:
A BANDEIRA NACIONAL FOI
SÍMBOLO DA REVOLUÇÃO LIBERTÁRIA DE 32.
O
9 de Julho, data da Revolução Constitucionalista de 1932, é uma página gloriosa
da História do Brasil. Levantando-se contra a ditadura, São Paulo despertou a
consciência nacional, obrigando aos que se impunham pela força a desenvolverem
ao povo o seu direito de ser livre manifestação, através de seus representantes
legítimos, no Congresso, principalmente. A luta dos paulistas, à qual se
juntaram outros brasileiros, não foi em vão, nem a sua derrota no plano militar
significou o esmagamento dos ideais que sustentavam. A semente da Revolução de
32 germinou, em direção a uma maior unidade nacional, dentro de preceitos
democráticos. Com o seu movimento revolucionário, os paulistas não alimentavam
nenhuma intenção separatista, como difundiam os agentes da ditadura. Todo o
movimento constitucionalista processou-se em torno do Pavilhão Nacional. As
proclamações, os boletins, todos os impressos relativos ao movimento continham
palavras de patriotismo eloquente. São Paulo saiu à luta por um Brasil melhor.
São Paulo saiu à luta contra a opressão e o livre arbítrio. Foi na sede do
jornal “O Estado de São Paulo”, hoje um dos maiores jornais do continente, que
se realizaram as primeiras reuniões, culminando com a entrega da chefia do
movimento ao General Izidoro Dias Lopes. Para auxiliares diretos do General
foram escolhidos Júlio de Mesquita Filho e Coronel Salgado, da Força Pública do
Estado. Foi Júlio Mesquita Filho quem conseguiu reaver, através de processo
judicial, os prejuízos que a ditadura do Sr. Getúlio Vargas deu aos
proprietários do “O Estado de São Paulo”, confiscado durante algum tempo. O
Coronel Salgado já está morto. No plano militar, São Paulo realizou proeza
notável, lutando com corpos de tropas e armamentos improvisados durante três
meses. Esse feito foi considerado extraordinário não apenas no plano nacional,
como também no internacional. Com um exército de bravas mulheres compondo uma
retaguarda de trabalho e dedicação, os paulistas saíram para as suas frentes de
luta, de Mogi a Cruzeiro, no Túnel, em Silveiras, com armamentos muitos deles
fabricados em arsenais improvisados, no próprio Estado. Para o Movimento
Constitucionalista de 32, São Paulo fabricou lança-chamas, metralhadoras
antiaéreas e até tanques. Em muitos momentos, pela falta absoluta de armas, mas
vontade indomável de lutar, foi necessário a aplicação de truques. Em algumas
frentes, chaminés velhas camufladas davam aos legalistas a impressão de canhões
prontos para atirar. Estourando “bananas” de dinamite, os paulistas procuravam
transmitir ao inimigo a idéia de uma artilharia bem municiada. Com esse truque,
conseguiam que aviões do governo desperdiçassem suas bombas em cima dos falsos
canhões. Ao lado de São Paulo e em favor da liberdade, lutou um gaúcho
remanescente de Canudos. É Antonio Paiva Sampaio, conhecido como o herói do
Túnel da Mantiqueira, a frente mais importante da Revolução e local onde os
paulistas resistiram mais bravamente. Foi um tiro de canhão, disparado nessa
frente por um grupo comandado pelo então Major Ary da Rocha Nóbrega, que salvou
a Revolução, prolongando-a por mais tempo e dando aos revolucionários mais
força na conquista de suas reivindicações. O tiro caiu em cheio num parque de
artilharia do governo. No Túnel, onde lutou Paiva Sampaio, de um lado estava o
hoje Marechal Dutra, comandando cerca de sete mil homens das tropas legalistas;
do outro, os dois mil e quinhentos paulistas que lutaram bravamente sob a
verdadeira chuva de granadas e de balas de metralhadoras. Severo Founier,
Saldanha da Gama e João Batista Prado, gravemente ferido, quase morrendo, ainda
teve forças para dizer: - “São Paulo merece muito mais”. Como toda epopéia, o 9
de Julho também teve seu epilogo: em um dia de novembro de 1932, os seus
líderes eram embarcados a bordo do “Pedro I”, navio pertencente à frota do
Lóide Brasileiro, com destino à Lisboa, rumo ao exílio.
Folheto comemorativo - coleção pessoal. |
Fonte.
Revista O Mundo
Ilustrado, Nº 75. 7 de julho de 1954. (Coleção pessoal).
Imagens de jornais e
revistas coleção pessoal.
Editado e publicado por Maria Helena de
Toledo Silveira Melo.
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