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Porque estás sorrindo, Mamãe?
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Porque estou sempre alegre, meu filho...
Não
Mamãe agora, em teus olhos, li, juntamente com a tua alegria costumeira alguma
coisa mais...Dize, dize porque estas sorrindo assim?
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Já que insistes, verás que esta alegria é muito justa... Nós, paulistas, temos
por costume pensar constantemente em nosso Estado querido, na sua grandeza
sempre crescente, na índole briosa e boa do seu povo, ao mesmo tempo despida de
preconceitos e de mesquinharias; por isso pensava eu, neste momento, em como é
bom ser paulista e aqui viver neste ambiente tão agradável de bondade e
tolerância... E, sorrindo mentalmente, dizia: paulista por mercê de Deus... Vês
que tinha razão... Depois, essa alegria se misturou com um pouco de tristeza;
pensava nos que morreram e que não verão, nem gozarão mais esta felicidade! Caíram
por São Paulo e foram felizes por oferecer-lhes a coisa mais preciosa que
tinham.
Com
que orgulho, meu amor, eu me lembro também, quando, sendo tu ainda uma criança
e convalescente de duas operações, te vi entrar em casa, depois de quinze dias
de guarda no cais, correndo em alegria louca, com a tua farda caqui,
dizendo-me, cheio de ventura, que te inundava todo:
-
Vou seguir agora Mamãe! Incorporei-me ao 8º B.C.R., e partiremos imediatamente...
Mal tenho tempo para te dar um beijo, mãe querida...
-
Eu te juro meu filho, que nunca me senti tão feliz como naquele momento,
orgulhosa de ter um filho que tão bem compreendia o brio e a dignidade!
Naquele
instante, elevando o meu pensamento a Deus, entreguei ao meu São Paulo nosso
caçula, o mimo e o encanto da nossa casa, achando justa a nossa oferta de pais
extremosos... E um grande orgulho, que chegava dar a sensação de mais
felicidade, encheu-me o coração, vendo-te sair alegre e expansivo como nunca te
vira antes. – E todo o mês que lá estiveste nas trincheiras não tive a menor
tristeza... Se te perdesse, essa perda seria atenuada pela beleza do teu gesto,
pela nossa gloriosa causa e pela satisfação com que partistes para te reunir
aos teus irmão pelo sangue e pelo coração...
E
agora, com que afinco vamos todos dedicar-nos a construir em São Paulo o
monumento que será erguido aos que se sacrificaram por ele e a todos os que por
ele se bateram tão nobremente!
Verás
como ricos e pobres acorreram, tal como na Campanha do Ouro, única na história
de todos os povos, ansiosos por trazerem a sua contribuição, para que possamos
um dia olhar, com saudade e gratidão, esse monumento que, para embora imponente
e majestoso, incompletamente dirá do amor profundo que todos nós sentimos pelo
nosso adorável São Paulo!
Texto
de Maria Isabel Silveira, publicado no livro Cruzes Paulistas, OS QUE TOMBARAM, EM 1932, PELA GLÓRIA DE SERVIR
SÃO PAULO, em 1936.
https://mamamiaamamentar.wordpress.com
O Portal Trincheiras de
Jaguariúna deseja um feliz dia à todas Mães !!!!!!
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo
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