Mulheres poderosas na
vanguarda dos tempos.
Há
no Brasil e no mundo, milhares de personalidades femininas que devem ser
lembradas e homenageadas pelo exemplo deixado por suas conquistas através dos
tempos, em diversos segmentos da sociedade.
Para
todas elas, nossas Honras e nosso respeito pela herança deixada.
Hoje
vou falar um pouco sobre duas delas, amigas, paulistas e são reconhecidas por
suas lutas social, histórica e política por São Paulo e pelo Brasil.
Duas
mulheres, uma do interior paulista, outra paulistana, com 20 anos de diferença
de idade, de níveis sociais distintos, encontram-se em algum momento de suas
vidas tornando-se amigas intimas e seguem juntas, com objetivos e sonhos
semelhantes, realizam objetivos individuais e comuns, deixando para os
brasileiros o exemplo de suas lutas vitoriosas. Em um século em que as mulheres
eram relegadas a simples mãe e dona de casa, essas duas mulheres se sobressaem e
mostram que são tão capacitadas quanto os homens e que com coragem e
perseverança todos os seus desígnios podem ser realizados.
Dra. Carlota Queiroz e Olivia Guedes Penteado em viagem pela Itália, 1926. |
Olivia Guedes Penteado em viagem pelo Egito. |
Banquete realizado por Olivia Guedes Penteado para o lançamento de candidatura de Dra. Carlota Queiroz |
Dra. Carlota na Assembleia. |
A
seguir um pequeno histórico destas duas heroínas:
Carlota Pereira de
Queirós nasceu em 13 de fevereiro de 1892, na cidade de São
Paulo. Era filha de José Pereira de Queiroz e de Maria Vicentina de Azevedo
Pereira de Queiroz. Faleceu em São Paulo em 14 de abril de 1982. Formou-se pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1926, com a tese Estudos
sobre o Câncer. Interna da terceira cadeira de Clínica Médica da Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro e chefe do Laboratório de Clínica Pediátrica (1928),
foi assistente do professor Pinheiro Cintra. Foi comissionada pelo governo de
São Paulo, em 1929, para estudar Dietética Infantil em centros médicos da
Europa. Membro da Associação Paulista de Medicina de São Paulo,
"Association Française pour l'Étude du Cancer", Academia Nacional de
Medicina e Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires. Fundou a Academia
Brasileira de Mulheres Médicas, em 1950.
Ingressando
na política, foi a primeira deputada federal da história do Brasil. Eleita pelo
estado de São Paulo em 1934, fez a voz feminina ser ouvida no Congresso
Nacional.
Seu
mandato foi em defesa da mulher e das crianças, trabalhava por melhorias
educacionais que contemplassem melhor tratamento das mulheres. Além disso,
publicou uma série de trabalhos em defesa da mulher brasileira. Ocupou seu
cargo até o Golpe de 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso.
Foi
escritora e historiadora, com as publicações Um Fazendeiro Paulista no século
XIX e Vida e Morte de um Capitão.
Na
Revolução Constitucionalista de 1932, ocorrida em São Paulo, organizou e
liderou um grupo de 700 mulheres para garantir a assistência aos feridos.
Assim, teve valiosa participação, lutando pelos ideais democráticos defendidos
por São Paulo.
Olivia Guedes Penteado
nasceu em Campinas, 12 de março de 1872 era filha de José Guedes de Sousa e de
Carolina Álvares Guedes, os barões de Pirapitingui, proprietários fundadores da
Fazenda da Barra em Jaguariúna. Casou-se com seu primo-irmão Inácio Leite
Penteado, filho de sua tia materna Maria Higina, que, por seu segundo
casamento, foi baronesa de Ibitinga, e do Dr. João Carlos Leite Penteado,
descendente de João Correia Penteado *1666 +1739 e Isabel Pais de Barros *1673
+1753. O casal teve duas filhas, Carolina Penteado da Silva Teles, casada com Gofredo
Teixeira da Silva Teles e Maria Guedes Penteado de Camargo, casada com Clóvis
Martins de Camargo. Faleceu de apendicite em 9 de junho de 1934, após um mês de
penoso sofrimento. Foi assistida por sua amiga, Carlota Pereira de Queiroz, e
por Aluysio de Castro, médico vindo especialmente do Rio de Janeiro, foi
sepultada no Cemitério da Consolação,
Foi
uma grande incentivadora do modernismo no Brasil e amiga de artistas-chave do
movimento, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. Olívia
conheceu os amigos modernistas em Paris, onde morava, e trouxe para o Brasil
pela primeira vez exemplares da obra de Pablo Picasso e Marie Laurencin, entre
outros. Olívia Penteado criou o Salão de Arte Moderna, a partir de 1923, quando
voltou a morar no país.
Lutou
tenazmente pelo voto feminino, graças a sua articulação e à de Pérola Byington,
conseguindo eleger a primeira mulher para uma constituinte, a Dra. Carlota
Pereira de Queiroz.
Olívia
ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo no dia 6 de maio de
1932, poucos dias antes de eclodir a Revolução Constitucionalista, tendo sido a
décima mulher a tomar posse nessa entidade: “o Sr. Presidente acentuou o brilho
e imponência daquela noite, por motivo da posse de três ilustres representantes
da intelectualidade feminina paulista – Olívia Guedes Penteado, Ana de Queiroz
Teles Tibiriçá e Maria Xavier da Silveira”.
Participou
ativamente da Revolução Constitucionalista de 1932. Preocupada com as condições
das viúvas e órfãos de voluntários, D. Olívia trabalhou intensamente durante a
Revolução de 1932, acompanhada por Carlota Pereira de Queiroz
Prefeito
de São Paulo durante esse período, Godofredo da Silva Telles, seu genro, assim
se referiu à atuação de Dona Olívia no período da Revolução Constitucionalista:
Durante o movimento
constitucionalista de 1932, a sua esclarecida vontade e a imperturbável
serenidade de ânimo que era o traço mais forte de sua personalidade,
desempenharam importante papel: ela colaborou ativamente no trabalho de todas
as senhoras paulistas em prol da causa que São Paulo defendia. Não poupou
esforços nem sacrifícios. Tomou parte em todas as iniciativas femininas
tendentes a minorar o sofrimento dos que combatiam, socorrendo as famílias que
aqui haviam ficado e animando com sua confiança aos combatentes que embarcavam
para a frente de combate.
Em
sua juventude Olivia passou muito tempo em idas e vindas entre Campinas e a
Fazenda da Barra em Jaguariúna.
Encontra-se
colaboração da sua autoria na revista Contemporânea.
A
amizade entre Carlota e Olivia também tem uma ligação que se deve, ao que tudo
indica, a uma velha amizade de família entre os Pereira de Queiroz e os Guedes,
família materna de D. Olivia. Os pais Zezinho e Mariquita eram particularmente
amigos de Dona Zitta (Carolina Guedes Galvão), irmã de Dona Olivia, e de seu
marido Luizinho (Luiz Antonio Correia Galvão). Além disso, Georgina Galvão, uma
das filhas do casal, portanto sobrinha de D. Olivia, casa-se com um primo-irmão
de Carlota pelo lado materno, o médico Antonio Candido Vicente de Azevedo,
filho de um irmão de D. Mariquita, o Conde José Vicente de Azevedo. O que
acrescenta relações de parentesco bastante próximas à amizade entre as duas
famílias, e entre as duas mulheres. Há uma amizade forte e recíproca entre
elas, a simpatia mútua que liga as duas amigas explica então, ao lado da
curiosidade e do gosto pelas viagens, juntas viajaram por vários países. E tal
simpatia afirmar-se-á ainda mais após o regresso a São Paulo. De fato, nos anos
trinta, a convivência e a identificação entre as amigas terão outras tantas
ocasiões de se expressar, como na luta pelo voto feminino, no auxílio em vários
setores da Revolução Constitucionalista de 1932 e na campanha para eleição de
Carlota.
Dra. Carlota Queiroz e sua participação na Revolução de 1932. |
Sra. Olivia Guedes Penteado em seu Salão em São Paulo. |
Olivia Guedes Penteado, Blaiser, Cendrars e Tarsila do Amaral
CURIOSIDADE.
A
Caipirinha, o auto retrato cubista pintado por Tarsila do Amaral em 1923 cujo o
título faz referência à sua origem no interior paulista foi vendida por um
valor recorde de R$57,5 milhões em dezembro de 2020.
Esta
obra, melhor quadro de Tarsila na época, foi doada à sua amiga Olivia Guedes
Penteado, a grande patrona dos modernistas nos anos 1920, para que
abrilhantasse seu salão de arte em São Paulo. O quadro ficou com a família por
três gerações.
A Caipirinha - Tarsila do Amaral
Fonte.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlota_Pereira_de_Queir%C3%B3s
https://culturageralsaibamais.wordpress.com/2011/02/06/olivia-guedes-penteado-e-a-revolucao-de-32/,
acesso em 06 de mar. de 2013.
https://trincheirasdejaguariuna.blogspot.com/search?q=olivia+guedes+penteado
https://braziljournal.com/breaking
http://cral.in2p3.fr/artelogie
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira
Melo, 2021.
MEUS PARABÉNS, MARIA HELENA.
ResponderExcluirPrezado Cel. Ventura Obrigada! Um grande abraço
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