A Chácara do Carvalho era uma antiga fazenda, sendo seus antigos proprietários, pertencentes a família de Francisco de Assis Carvalho.
Em 1840 foi adquirida pelo Barão de Iguape, Antônio da Silva Prado (1778-1875) sendo que seu neto, o Conselheiro Antônio da Silva Prado (1840-1929) a recebeu por herança, onde residiu com sua família, a esposa Catarina da Silva Prado e oito filhos, no período de 1893 a 1929.
Aos poucos, foi sendo dividida, restando apenas a Chácara que, em grande parte, deu origem à Praça Marechal Deodoro, Rua Brigadeiro Galvão e Rua Vitorino Carmilo.
Antônio da Silva Prado, no ano de 1890, contratou o florentino Luigi Pucci para construir seu palacete na chácara, que passou a ser sua residência e de sua família. Tal era o prestígio desta família e mansão que, em agosto de 1920, chegou a hospedar os reis da Bélgica que visitavam São Paulo, para o que contou com reforma sob supervisão do arquiteto Cristiano Stockler das Neves. Com o falecimento do Conselheiro em 1929, seu cortejo fúnebre saiu da propriedade, e seguiu a pé para o Cemitério da Consolação. A Chácara passou à sua filha Hermínia, que ali viveu com sua família até o ano de 1931.
Em 1932 serviu de sede, provisória para a Segunda Região Militar e para a Legião Negra.
Em 1934, os herdeiros passaram a lotear a área, e abriram-se duas novas ruas: Rua Chácara do Carvalho e Rua São Martinho, e prolongaram a Alameda Barão de Limeira desde a Alameda Eduardo Prado até a Rua Lopes de Oliveira.
Em 1936, a municipalidade paulistana declarou a "Rua Chácara do Carvalho".
Com entrada pelo número 1379 da Barão de Limeira, a casa em que viveu Antônio Prado é hoje a escola católica Boni Consilii.
A Chácara do Carvalho em 1932.
Em 1932 a sede provisória da 2ª Região Militar, era localizada na Chácara do Carvalho, foi ali, em frente, que em 9 de julho teve início a movimentação militar que deu início à Revolução Constitucionalista.
Na Chácara foi instalada a sede da Legião Negra, na Alameda Eduardo Prado nº 69. Ali os Voluntários Constitucionalistas eram instruídos, equipados e uniformizados.
“Em grupos distintos, as mulheres de cor, na Chácara do Carvalho estão trabalhando ao lado de seus esposos, filhos e irmãosatendendo, no que lhes compete, para que nada lhes falte. Aqui um grupo deixava a cozinha carregando caldeirões de munição de boca. Iam até os pontos sombreados pelas árvores e ali os soldados recebiam o “pagamento”. Num canto da Chácara, em mesas alinhadas, outras mulheres descascavam batatas, cortavam carnes e o charque. Mais adiante, mocinhas escolhiam arroz e o feijão, todas cantando alegremente canções interessantes. De quando em quando um sargento aparecia, verificando se tudo estava em ordem porque entre eles, tanto ou mais que os outros acantonamentos, a disciplina era rigorosa.”
Este texto, acima, foi publicado no jornal “A Gazeta” de São Paulo em 23 de julho de 1932.
Ficaram também acantonados na Chácara do Carvalho, os Voluntários índios das tribos Caingangues e Guaranis, ali ficaram alojados e foram treinados para os combates nas trincheiras.
O Governador Dr. Pedro de Toledo e oficiais constitucionalistas ficaram impressionados, ao visitarem a Sede da Legião Negra, na Chácara do Carvalho, com a organização e a disciplina.
A Chácara do Carvalho foi um importante marco para a Revolução Constitucionalista e também é um importante patrimônio histórico para a cidade de São Paulo. É o marco inicial do bairro da Barra Funda e faz parte da História de São Paulo. Hoje tem seu prédio principal preservado e pertence às Irmãs da Congregação das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus.
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Governador Pedro de Toledo nas escadarias do palacete da Chácara Carvalho. |
Gov. Pedro de Toledo e comitiva visitam a Chácara Carvalho Em formação o Batalhão da Legião Negra. |
Batalhão de Indígenas em treinamento na Chácara Carvalho. |
O Colégio Boni Consilii.
A chegada das primeiras Irmãs da Congregação das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, em 3 de março de 1903, é o marco histórico da nossa Fundação e da presença Cabriniana no Brasil. Eram elas: Me. Rosário Marchesi, Me. Ana Lombardi, Me. Bernardina Daly, Me. Ágape Ambiveri, Me. Anunciata Arraras, Ir. Jesuina Masinoni e Ir. Vitória Ferro.
As primeiras Irmãs enviadas por Me. Cabrini, sob a responsabilidade de Me. Domenica Bianchi, desembarcaram em Santos, vindas de Buenos Aires. Encaminharam-se, então, para São Paulo e hospedaram-se no Mosteiro da Luz, onde ficaram até 1º de abril de 1903, data da transferência para a primeira casa, situada à Av. São João nº 148. Essa foi a primeira Fundação no Brasil. Nesse período de grandes dificuldades, as Irmãs foram ajudadas pelas Monjas da Luz, que doaram camas e forneceram refeições durante algum tempo. A paróquia Santa Efigênia doou o Sacrário e um velho harmônio, os Padres Salesianos doaram os bancos da pequena capela e várias outras pessoas completaram a modesta mobília.
Em 26 de abril, Pe. Rossi, superior dos jesuítas, doou o quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho – Mater Boni Consilii – protetora do Colégio. Em 1º de maio de 1903, o Núncio Apostólico D. Júlio Conti, celebrou a missa de inauguração do primeiro Colégio, Sagrado Coração de Jesus, com a presença de autoridades civis e religiosas. Em 18 de março de 1904, o Colégio, já bastante próspero, foi transferido para a Rua da Consolação nº 29, mais tarde, nº 31, onde recebeu um grande incremento. Em 6 de abril de 1908, Me. Cabrini em visita ao colégio, deu-lhe um grande impulso.
Com a desapropriação do terreno da Rua da Consolação, Me. Antonieta Della, sucessora de Me. Cabrini, adquiriu, em 2 de novembro de 1936, a propriedade da Chácara do Carvalho, com uma área total de 10.559 m2, para onde o Colégio foi transferido e solenemente inaugurado em 30 de maio de 1937, com os seguintes cursos: primário, secundário e comercial. Em 30 de janeiro de 1947, o Colégio Sagrado Coração de Jesus passou a ter o nome de Ginásio Boni Consilii.
Fonte.
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,curiosidades-sobre-as-origens-da-barra-funda,1758593
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
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