quarta-feira, 2 de outubro de 2019

2 DE OUTUBRO DE 1932.




Dia da Cessação das Hostilidades.

Ainda hoje, 87 anos depois, a Revolução Constitucionalista de 1932 matem-se viva, na consciência nacional, como exemplo de coragem cívica de quanto é capaz a reação de um povo afrontado nos seus ideais democráticos. São Paulo pagou com o sangue dos seus melhores filhos a heróica ousadia de ter sabido enfrentar de armas nas mãos o governo tirano.
Foi uma luta de valentes na qual o povo paulista, mais do que nunca, soube interpretar o sentimento de toda a nacionalidade. Teve fim oficialmente a luta armada em 2 de outubro de 1932 com a assinatura do acordo para a Cessação das Hostilidades, o qual foi assinado na cidade de Cruzeiro. O acordo militar não foi assinado por todos os chefes militares constitucionalistas, uma vez que a intenção de suspender as hostilidades não fora previamente discutida e aprovada. Fora iniciativa do General Klinger, que enviara seus representantes ao General Góes Monteiro. Os representantes do comando da Força Pública, contudo, aceitaram as imposições após reunião em separado com o chefe do estado-maior do Destacamento do Exército do Leste, Coronel Pantaleão Pessoa.
  Posteriormente, em 3 de maio de 1933, houve a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte e finalmente em 1934 foi promulgada a nossa Constituição.  



Telegrama informando o fim da luta armada.

Neste 2 de outubro de 2019 devemos rememorar e enaltecer os feitos dos Soldados Constitucionalistas que nos deixaram como herança, após muitos sacrifícios, a Constituição restabelecendo a Lei e a Ordem no País.



A seguir a transcrição do editorial, da revista Mundo Ilustrado, de 16 de julho de 1932 onde o editor faz considerações sobre diversos fatos e feitos relevantes da Revolução Constitucionalista de 1932:


A BANDEIRA NACIONAL FOI SÍMBOLO DA REVOLUÇÃO LIBERTÁRIA DE 32.


O 9 de Julho, data da Revolução Constitucionalista de 1932, é uma página gloriosa da História do Brasil. Levantando-se contra a ditadura, São Paulo despertou a consciência nacional, obrigando aos que se impunham pela força a desenvolverem ao povo o seu direito de ser livre manifestação, através de seus representantes legítimos, no Congresso, principalmente. A luta dos paulistas, à qual se juntaram outros brasileiros, não foi em vão, nem a sua derrota no plano militar significou o esmagamento dos ideais que sustentavam. A semente da Revolução de 32 germinou, em direção a uma maior unidade nacional, dentro de preceitos democráticos. Com o seu movimento revolucionário, os paulistas não alimentavam nenhuma intenção separatista, como difundiam os agentes da ditadura. Todo o movimento constitucionalista processou-se em torno do Pavilhão Nacional. As proclamações, os boletins, todos os impressos relativos ao movimento continham palavras de patriotismo eloquente. São Paulo saiu à luta por um Brasil melhor. São Paulo saiu à luta contra a opressão e o livre arbítrio. Foi na sede do jornal “O Estado de São Paulo”, hoje um dos maiores jornais do continente, que se realizaram as primeiras reuniões, culminando com a entrega da chefia do movimento ao General Izidoro Dias Lopes. Para auxiliares diretos do General foram escolhidos Júlio de Mesquita Filho e Coronel Salgado, da Força Pública do Estado. Foi Júlio Mesquita Filho quem conseguiu reaver, através de processo judicial, os prejuízos que a ditadura do Sr. Getúlio Vargas deu aos proprietários do “O Estado de São Paulo”, confiscado durante algum tempo. O Coronel Salgado já está morto. No plano militar, São Paulo realizou proeza notável, lutando com corpos de tropas e armamentos improvisados durante três meses. Esse feito foi considerado extraordinário não apenas no plano nacional, como também no internacional. Com um exército de bravas mulheres compondo uma retaguarda de trabalho e dedicação, os paulistas saíram para as suas frentes de luta, de Mogi a Cruzeiro, no Túnel, em Silveiras, com armamentos muitos deles fabricados em arsenais improvisados, no próprio Estado. Para o Movimento Constitucionalista de 32, São Paulo fabricou lança-chamas, metralhadoras antiaéreas e até tanques. Em muitos momentos, pela falta absoluta de armas, mas vontade indomável de lutar, foi necessário a aplicação de truques. Em algumas frentes, chaminés velhas camufladas davam aos legalistas a impressão de canhões prontos para atirar. Estourando “bananas” de dinamite, os paulistas procuravam transmitir ao inimigo a idéia de uma artilharia bem municiada. Com esse truque, conseguiam que aviões do governo desperdiçassem suas bombas em cima dos falsos canhões. Ao lado de São Paulo e em favor da liberdade, lutou um gaúcho remanescente de Canudos. É Antonio Paiva Sampaio, conhecido como o herói do Túnel da Mantiqueira, a frente mais importante da Revolução e local onde os paulistas resistiram mais bravamente. Foi um tiro de canhão, disparado nessa frente por um grupo comandado pelo então Major Ary da Rocha Nóbrega, que salvou a Revolução, prolongando-a por mais tempo e dando aos revolucionários mais força na conquista de suas reivindicações. O tiro caiu em cheio num parque de artilharia do governo. No Túnel, onde lutou Paiva Sampaio, de um lado estava o hoje Marechal Dutra, comandando cerca de sete mil homens das tropas legalistas; do outro, os dois mil e quinhentos paulistas que lutaram bravamente sob a verdadeira chuva de granadas e de balas de metralhadoras. Severo Founier, Saldanha da Gama e João Batista Prado, gravemente ferido, quase morrendo, ainda teve forças para dizer: - “São Paulo merece muito mais”. Como toda epopéia, o 9 de Julho também teve seu epilogo: em um dia de novembro de 1932, os seus líderes eram embarcados a bordo do “Pedro I”, navio pertencente à frota do Lóide Brasileiro, com destino à Lisboa, rumo ao exílio.














Imagens que acompanhavam o Editorial da revista Mundo Ilustrado.




Fonte.

Revista Mundo Ilustrado – Edição Comemorativa 26º Aniversário da Revolução de 1932, 16 de julho de 1958. (Arquivo pessoal).

http://www.eb.mil.br/exercito-brasileiro




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
02/09/2019.

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