segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A FAISCA QUE ATEOU O INCÊNDIO CIVICO DE SÃO PAULO.




IRRADIOU A RECORD A PRIMEIRA MENSAGEM CONTRA A DITADURA.





Paulo Machado de Carvalho e apoderando-se do microfone, lançam o manifesto que acorda e une os paulistas para o seu destino.
Fazia dois anos que se erguera a primeira antena do país. Nascia, pois, o rádio. Em São Paulo existiam apenas a Record, a Educadora Paulista e a Cruzeiro do Sul.
No dia 22 de maio, véspera do derrame de sangue na Praça da República, deu-se este sensacional fato: elementos da Liga Paulista Pró Constituinte arremeteram em pleno dia pelo interior do edifício da Record, que ficava naquela praça e apossando-se do microfone, irradiaram aos paulistas a mensagem contra a Ditadura. Fazia-se ouvir, através da emissora de Paulo Machado de Carvalho, a primeira voz dura e clara, a descoberto, concitando o povo paulista à rebeldia contra as forças opressoras da Legalidade.
Até então, falara-se veladamente, por detrás das cortinas. Coube a Record, tomada pela mocidade estudantina, fazer-se o porta voz da palavra patriótica e vibrante, conclamando os paulistas a levantarem a cabeça e irem avante, no Movimento pela Constituição. Foi a faísca que provocou o incêndio cívico de São Paulo. Nesse mesmo dia, após a mensagem e no dia seguinte, os acontecimentos se tumultuaram, culminando no massacre de que brotou o Levante de 9 de Julho.
Num gesto que exprime nobreza, os invasores deixaram este documento, (que vem à luz pela primeira vez), eximindo o diretor, Paulo Machado de Carvalho de qualquer responsabilidade: “Os abaixo assinados, sócios da Liga Paulista Pró Constituinte, atestam que se apoderaram do microfone da P.R.A.R. na tarde de 22 de maio de 1932 a fim de lerem o manifesto incluso, contra a vontade dos diretores da Sociedade Record.”
Mas Paulo de Machado de Carvalho reivindica para si a responsabilidade de servir a Causa de São Paulo. E no dia seguinte, o 23 de maio, 23 de sangue, entrega o microfone a uma delegação de grandes paulistas, Francisco Morato, Dagoberto Pádua Salles, Joaquim Sampaio Vidal e Manfredo Costa. E é transmitida esta mensagem de gratidão de São Paulo à emissora: À Rádio Record, o povo paulista, redimido de um estado de humilhação a que o pretenderam submeter, mas que ele nunca reconheceu nem tolerou, ergue seus aplausos e agradecimentos, por entre os testemunhos da grandeza e liberalismo da terra fecunda dos Bandeirantes, São Paulo 23 de maio de 1932.
Através da Record, caminhava o rádio de São Paulo para o seu alto destino.”








Transcrição: Jornal Diário da Noite, Edição Comemorativa de 09 de julho de 1957. (Arquivo pessoal)




Com esta publicação encerro o ano de 2018 desejando que o próximo Ano seja de muitas realizações, solidariedade, paz e amor. E agradecendo também aos visitantes, amigos, seguidores e apoiadores do Núcleo de Correspondência Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna.

Feliz Ano Novo a todos!!!!!!!




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
31/12/2018.

2 comentários:

  1. Excelente e histórico relato, eu que sou neto de ex combatente, vejo que muitas histórias e estórias ainda precisam ser levadas ao conhecimento de todos. Recebi a medalha dos 75 anos das comemorações em Lorena, dos 80 anos em Areias aonde foi disparado o primeiro tiro no interior no Vale histórico e em Passa Quatro MG, por matérias publicadas em nossa revista Testemunha Ocular, onde tive o privilégio de atravessar o Túnel no setor de Cruzeiro, são 991 m, na companhia do Cel Ventura entre outras lideranças. Parabéns por seu trabalho!

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  2. Obrigada Sr. Carlos.
    Parabéns pelas homenagens que recebeu.
    Sim, há muitas informações a serem divulgadas sobre a história da Revolução. Procuro divulgar o máximo possível as histórias que recebo e também as que pesquiso esperando assim estar contribuindo com a história da Revolução de 32.
    Muito obrigada pelas considerações e pela visita ao blog. Maria Helena

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