IRRADIOU A RECORD A PRIMEIRA MENSAGEM CONTRA A DITADURA.
Paulo Machado de Carvalho e apoderando-se do microfone, lançam o manifesto que acorda e une os paulistas para o seu destino.
Fazia dois anos que se erguera a primeira antena do país. Nascia, pois, o rádio. Em São Paulo existiam apenas a Record, a Educadora Paulista e a Cruzeiro do Sul.
No dia 22 de maio, véspera do derrame de sangue na Praça da República, deu-se este sensacional fato: elementos da Liga Paulista Pró Constituinte arremeteram em pleno dia pelo interior do edifício da Record, que ficava naquela praça e apossando-se do microfone, irradiaram aos paulistas a mensagem contra a Ditadura. Fazia-se ouvir, através da emissora de Paulo Machado de Carvalho, a primeira voz dura e clara, a descoberto, concitando o povo paulista à rebeldia contra as forças opressoras da Legalidade.
Até então, falara-se veladamente, por detrás das cortinas. Coube a Record, tomada pela mocidade estudantina, fazer-se o porta voz da palavra patriótica e vibrante, conclamando os paulistas a levantarem a cabeça e irem avante, no Movimento pela Constituição. Foi a faísca que provocou o incêndio cívico de São Paulo. Nesse mesmo dia, após a mensagem e no dia seguinte, os acontecimentos se tumultuaram, culminando no massacre de que brotou o Levante de 9 de Julho.
Num gesto que exprime nobreza, os invasores deixaram este documento, (que vem à luz pela primeira vez), eximindo o diretor, Paulo Machado de Carvalho de qualquer responsabilidade: “Os abaixo assinados, sócios da Liga Paulista Pró Constituinte, atestam que se apoderaram do microfone da P.R.A.R. na tarde de 22 de maio de 1932 a fim de lerem o manifesto incluso, contra a vontade dos diretores da Sociedade Record.”
Mas Paulo de Machado de Carvalho reivindica para si a responsabilidade de servir a Causa de São Paulo. E no dia seguinte, o 23 de maio, 23 de sangue, entrega o microfone a uma delegação de grandes paulistas, Francisco Morato, Dagoberto Pádua Salles, Joaquim Sampaio Vidal e Manfredo Costa. E é transmitida esta mensagem de gratidão de São Paulo à emissora: À Rádio Record, o povo paulista, redimido de um estado de humilhação a que o pretenderam submeter, mas que ele nunca reconheceu nem tolerou, ergue seus aplausos e agradecimentos, por entre os testemunhos da grandeza e liberalismo da terra fecunda dos Bandeirantes, São Paulo 23 de maio de 1932.
Através da Record, caminhava o rádio de São Paulo para o seu alto destino.”
Transcrição: Jornal Diário da Noite, Edição Comemorativa de 09 de julho de 1957. (Arquivo pessoal)
Com esta publicação encerro o ano de 2018 desejando que o próximo Ano seja de muitas realizações, solidariedade, paz e amor. E agradecendo também aos visitantes, amigos, seguidores e apoiadores do Núcleo de Correspondência Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna.
Feliz Ano Novo a todos!!!!!!!
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
31/12/2018.
Excelente e histórico relato, eu que sou neto de ex combatente, vejo que muitas histórias e estórias ainda precisam ser levadas ao conhecimento de todos. Recebi a medalha dos 75 anos das comemorações em Lorena, dos 80 anos em Areias aonde foi disparado o primeiro tiro no interior no Vale histórico e em Passa Quatro MG, por matérias publicadas em nossa revista Testemunha Ocular, onde tive o privilégio de atravessar o Túnel no setor de Cruzeiro, são 991 m, na companhia do Cel Ventura entre outras lideranças. Parabéns por seu trabalho!
ResponderExcluirObrigada Sr. Carlos.
ResponderExcluirParabéns pelas homenagens que recebeu.
Sim, há muitas informações a serem divulgadas sobre a história da Revolução. Procuro divulgar o máximo possível as histórias que recebo e também as que pesquiso esperando assim estar contribuindo com a história da Revolução de 32.
Muito obrigada pelas considerações e pela visita ao blog. Maria Helena