“EU DEFLAGREI NO DIA NOVE A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA.”
“O atual General e então Tenente Adacto de Mello, que deflagrou em São Paulo, na noite de Nove de Julho de 1932, o movimento revolucionário, narra à reportagem do Diário da Noite as cenas que culminara na grande epopéia constitucionalista.”
Desde os primeiros dias de julho, em missão do General Klinger, hospedado à rua Genebra, 48, garantido pela polícia civil de São Paulo quando, no dia 8, cerca de 17 horas, comunicaram-me a visita de um emissário do Sr. Thyrso Martins. Estavam presentes vários civis e militares. Comunicou-me o emissário que em consequência da reforma administrativa do Gal. Klinger, o governo central estava tomando providências, não só visando o isolamento da guarnição de Mato Grosso como também o controle policial da situação no interior do Estado.
E prossegue o General Adacto de Mello:
Comunicou-me, ainda, o emissário do Sr. Thyrso Martins que vários membros do governo se achavam temerosos. Perguntou-me o que eu achava que devia fazer. Resolvi, diante da possibilidade de traições que já se revelavam por alguns indícios, deflagrar imediatamente o movimento projetado, com as forças políticas conjuradas, ou sem elas, se necessário fosse. Mandei dizer ao Sr. Thyrso que me enviasse oficiais da guarnição federal, pois naquele dia mesmo iniciaríamos o movimento. Convoquei reunião a 1 hora da madrugada na casa do Sr. Tito Pacheco, à rua Rússia, 38 e combinei o comparecimento de comissões de oficiais de todos os corpos. Convidei também o Coronel Salgado, Comandante da Força Pública Paulista e de tudo dei ciência ao General Isidoro.
Os encarregados dessas duas últimas providências, assim como do aviso aos chefes civis, foram os Srs. Tito Pacheco e Moacyr Barbosa Ferraz. A hora marcada realizou-se a reunião. O Sr. Thyrso não podia ignora-la. Presentes, não só o General Isidoro, como todas as pessoas convocadas dentre as quais se destacavam, no grupo civil, o Sr. Sylvio de Campos, pela sua admirável decisão ante os fatos que a tantos estava impressionando e no grupo militar, o Coronel Salgado, firmemente disposto a acompanhar seus camaradas do Exército em qualquer emergência; depois de eu expor os motivos daquela reunião (comunicação que havia recebido do Sr. Thyrso) e baldadas todas as insistências para que desistíssemos da resolução que eu havia tomado, o Tenente Waldomiro Meirelles Maia pediu-me a palavra e propôs, em atenção aos apelos que nos faziam, adiássemos por 24 horas a eclosão do movimento, findas as quais iniciaríamos, mesmo sem certos elementos que conosco tinham compromissos. Aprovada por mim e por todos os presentes essa proposta, lavrou-se uma ata por todos também assinada e marcou-se outra reunião para as 10 horas do dia 9 de julho na rua Sergipe nº 37 para onde, por sugestão do Sr. Moacyr Barbosa Ferraz e como medida de precaução, me transportei, concluiu o General Adacto de Mello.
Este texto foi publicado em 1957 pelo jornal Diário da Noite em edição especial comemorativa da Revolução Constitucionalista.
Fonte.
Diário da Noite, 09 de julho de 1957, Edição Especial. (Arquivo pessoal)
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
05/04/2018.
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