Ilustração não consta o autor. |
Soldado da nossa Terra! Tu fostes de 32!
Estiveste em Cruzeiro, em São João, pelo Rio Pardo, no Gravy, no Taboado, nas grimpas do Túnel, nas escarpas de Cunha, nas clareiras de Campinas, pelos vales e rios, pelas montanhas, por todos os passos de uma Via - Crucis de 3 meses, a sopesar o madeiro em que Te crucificando, a Pátria, a si própria, se crucificava! Valente Voluntário Paulista! onde houve chão da nossa Terra, uma Trincheira cavaste, leal e bravia, de onde a garganta faminta do teu fuzil, afirmava entre balas fundidas de teu oiro, o honesto clamor da Liberdade! Por onde Tu passaste em episódio se perpetuou de Luz e Sacrifício. Pontilhaste de Beleza o amplo abraço chorográfico dos nossos limites! E foste Fernão Salles, em Pouso Alegre e a cabeça de herói varada por um tiro; e foste José Preiss, nas barrancas de Campos. Novos, o coração de bravo atravessado a baioneta; e foste o Major Novaes, em Cruzeiro, o forte peito cerzido de metralha; e foste Bittencourt e José Gomes; que os céus transformaram em flama para batismo do nosso Mar! Foste Cajado e Ivampa, e Antônio Santos! Viveste com Barros Penteado e Gustavo Borges! Pulsaste a carótida aberta do General Salgado! foste toda, a imensa, a eterna constelação dos nossos Mortos! Ficastes na luminosa cegueira de Marsillac Fontes na estética heróica dos nossos Mutilados! A alma de São Paulo, Tu eras! Levavas em Teu Sangue os impositivos da Raça e no Teu Rosto as razões do Pudor! Inspirada pelo esplendor da Causa, a Tua marcha tinha as supremas decisões da Fé! Retesaste o arco da Taba e desferiste a Seta Sagrada, em cuja trajetória, se demarcou um sulco de Sol, o ruma d’amanhã! Tiveste também o Teu Calvário! Eras o Cordeiro da Pátria, a se redimir os crimes da Ditadura! Preferiram Barrabás! era o predestino dos Evangelhos. E depois das horas agônicas de um Armistício os dados disputaram a Tua túnica. Era o cálculo da política! Irmão de 32! Teu sacrifício não vale para nós como saudade que se chora nem como efeméride que se comemore num feriado! Vale como Honra que se soma, como lume que se conserva, como Religião que se cultua! Honra que se acumulou, vale com um dever, a murmurar constantemente, aos nossos ouvidos, a palavra jurada de Intransigência e de Fé! Toda a Fé impõe um Calvário. Porém Calvário não há sem Ressurreição!
IBRAHIM
Transcrição de texto, de Ibrahim Nobre, publicado no jornal “A Gazeta” de 09 de julho de 1935. (Arquivo pessoal).
Primeira página do jornal (09/07/1935). |
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
19/01/2018.
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