A estampa com o Hino da França, “La Marseillaise” e desenho de Jules Martin, pertenceu ao meu avô, Cel. Joaquim Norberto de Toledo, imagino que tenha recebido durante alguma comemoração em São Paulo, consta uma anotação a lápis com a data de 14 de julho de 1882.
Detalhe da estampa com a data 21/05/1882. (arquivo pessoal). |
Tradução da mensagem inserida na estampa: "Oferecido por Jules Martin a seus compatriotas por ocasião de sua partida para a França. São Paulo, 22 de maio de 1882."
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Curiosamente a canção símbolo da Revolução Francesa foi entoada pelos republicanos brasileiros após a queda da Monarquia, executada em cerimônias oficiais da jovem república até o começo do ano seguinte e teve até uma letra em português composta.
La Marseillaise.
La Marseillaise (A Marselhesa, em português) é o hino nacional da França, seu título era originalmente Canto de Guerra Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle, oficial do exército francês, capitão da engenharia e músico autodidata, enquanto estacionados em Estrasburgo na noite de 25 para 26 de abril de 1792, como canção revolucionária. Foi composta a pedido do prefeito de Estrasburgo, Philippe-Frédéric de Dietrich, depois da declaração de guerra ao imperador da Áustria, em 25 de abril de 1792. O canto deveria ser um estímulo para encorajar os soldados no combate de fronteira, na região do rio Reno. A canção adquiriu grande popularidade e sucesso imediato durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando conhecida como A Marselhesa.
No dia 4 de agosto o jornal La Chronique de Paris evocou o canto dos marselheses, e seis dias depois ele seria entoado durante a famosa tomada do Palácio das Tulherias.
Em 20 de setembro de 1792, o exército revolucionário, comandado pelo general Dumouriez, venceu a Batalha de Valmy, travada contra a nobreza francesa e seus aliados austríacos e prussianos, que tentavam derrubar o regime instaurado em 1789. Na ocasião, Servan de Gerbey, ministro da Guerra da França, escreveu a Dumouriez: "O hino conhecido pelo nome de La Marseillaise é o Te Deum da República".
Em 1795, foi instituída pela Convenção como Hino Nacional da França.
Jules Martin
Jules-Victor-André Martin (Montiers, França, 1832 - São Paulo, SP, 1906). Pintor, professor, arquiteto, litógrafo e empresário. Em 1844, ingressa na Escola de Belas Artes de Marselha. Em 1852, vai a Paris, e trabalha por três anos no ateliê de George Schlater1. Chega a São Paulo em 1868, a convite do seu irmão, Pierre, sócio do livreiro André Luis Garraux.
Em 1877, produzIU o primeiro Mapa da Província de São Paulo.
Foi o idealizador de vários projetos desenvolvidos em São Paulo entre os de maior destaque está o Viaduto do Chá.
Ilustração da inauguração do primeiro viaduto em 1892. |
La Marseillaise | |
Allons enfants de la Patrie, | Avante, filhos da Pátria, |
Le jour de gloire est arrivé! | O dia da Glória chegou! |
Contre nous de la tyrannie, | Contra nós a tirania, |
L'étendard sanglant est levé, (bis) | O estandarte ensanguentado se ergueu. (bis) |
Entendez-vous dans les campagnes | Ouvis nos campos |
Mugir ces féroces soldats? | Rugir esses ferozes soldados? |
Ils viennent jusque dans vos bras | Vêm eles até os vossos braços |
Égorger vos fils, vos compagnes! | Degolar vossos filhos, vossas mulheres! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Que veut cette horde d'esclaves, | O que quer essa horda de escravos, |
De traîtres, de rois conjurés? | De traidores, de reis conjurados? |
Pour qui ces ignobles entraves, | Para quem (são) esses ignóbeis entraves, |
Ces fers dès longtemps préparés? (bis) | Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis) |
Français, pour nous, ah! quel outrage | Franceses, para nós, ah! que ultraje |
Quels transports il doit exciter! | Que comoção deve suscitar! |
C'est nous qu'on ose méditer | É a nós que ousam considerar |
De rendre à l'antique esclavage! | Fazer retornar à antiga escravidão! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Quoi! des cohortes étrangères | O quê! Tais multidões estrangeiras |
Feraient la loi dans nos foyers! | Fariam a lei em nossos lares! |
Quoi! ces phalanges mercenaires | O quê! Essas falanges mercenárias |
Terrasseraient nos fiers guerriers! (bis) | Arrasariam os nossos nobres guerreiros! (bis) |
Grand Dieu! par des mains enchaînées | Grande Deus! Por mãos acorrentadas |
Nos fronts sous le joug se ploieraient | Nossas frontes sob o jugo se curvariam |
De vils despotes deviendraient | E déspotas vis tornar-se-iam |
Les maîtres de nos destinées! | Os mestres dos nossos destinos! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Tremblez, tyrans et vous perfides | Tremei, tiranos! e vós pérfidos, |
L'opprobre de tous les partis, | O opróbrio de todos os partidos, |
Tremblez! vos projets parricides | Tremei! vossos projetos parricidas |
Vont enfin recevoir leurs prix ! (bis) | Vão finalmente receber seu preço! (bis) |
Tout est soldat pour vous combattre, | Somos todos soldados para vos combater. |
S'ils tombent, nos jeunes héros, | Se tombarem os nossos jovens heróis, |
La terre en produit de nouveaux, | A terra novos produzirá, |
Contre vous tout prêts à se battre ! | Contra vós, todos prestes a lutarem! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Français, en guerriers magnanimes, | Franceses, guerreiros magnânicos, |
Portez ou retenez vos coups! | Levai ou retende os vossos tiros! |
Épargnez ces tristes victimes, | Poupai essas tristes vítimas, |
À regret s'armant contre nous. (bis) | A contragosto armando-se contra nós. (bis) |
Mais ces despotes sanguinaires, | Mas esses déspotas sanguinários, |
Mais ces complices de Bouillé, | Mas esses cúmplices de Bouillé, |
Tous ces tigres qui, sans pitié, | Todos os tigres que, sem piedade, |
Déchirent le sein de leur mère ! | Rasgam o seio de suas mães! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Amour sacré de la Patrie, | Amor Sagrado pela Pátria |
Conduis, soutiens nos bras vengeurs | Conduz, sustém nossos braços vingativos. |
Liberté, Liberté chérie, | Liberdade, liberdade querida, |
Combats avec tes défenseurs ! (bis) | Combate com os teus defensores! (bis) |
Sous nos drapeaux que la victoire | Debaixo as nossas bandeiras, que a vitória |
Accoure à tes mâles accents, | Chegue logo às tuas vozes viris! |
Que tes ennemis expirants | Que teus inimigos agonizantes |
Voient ton triomphe et notre gloire ! | Vejam teu triunfo e nossa glória. |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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(Couplet des enfants) | (Verso das crianças) |
Nous entrerons dans la carrière, | Entraremos na carreira (militar), |
Quand nos aînés n'y seront plus, | Quando nossos anciãos não mais lá estiverem. |
Nous y trouverons leur poussière | Lá encontraremos suas cinzas |
Et la trace de leurs vertus (bis) | E o resquício das suas virtudes (bis) |
Bien moins jaloux de leur survivre | Bem menos desejosos de lhes sobreviver |
Que de partager leur cercueil, | Que de partilhar seus caixões, |
Nous aurons le sublime orgueil | Teremos o sublime orgulho |
De les venger ou de les suivre. | De vingá-los ou de segui-los. |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchons, marchons! | Marchemos, marchemos! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
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Aux armes, citoyens, | Às armas, cidadãos, |
Formez vos bataillons, | Formai vossos batalhões, |
Marchez, marchez! | Marchai, marchai! |
Qu'un sang impur | Que um sangue impuro |
Abreuve nos sillons! | Banhe o nosso solo! |
Fonte.
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo
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