terça-feira, 20 de outubro de 2015

NOTÍCIAS SOBRE A REVOLUÇÃO DE 1932 NA ZONA MOGYANA.



O texto a seguir é uma transcrição de notícia publicada em 27 de setembro de 1932, no Jornal Folha da Manhã. Mantive a grafia, usada na época, no nome das cidades.


OS ÚLTIMOS COMBATES NA ZONA MOGYANA.

– A situação das tropas constitucionalistas no Setor Jaguary -
– A ação das nossas bombardas -
- Pinhal e Mogy- Mirim ameaçadas pelas forças da lei -



“Zona da Mogyana, 26 (Do nosso enviado especial). – Os ditatoriais estão lançando mão dos últimos recursos para forçar a linha dos redutos Constitucionalistas no Setor Jaguary, desenvolvendo nesta região, há uns três dias uma certa atividade militar. A concentração das operações na linha Jaguary – Amparo assume cada vez mais um caráter decisivo. O inimigo chegou a desenvolver, ontem, alguma pressão sobre os nossos entrincheirados, não tendo conseguido resultado algum apreciável. As posições da Lei mantêm-se firmes e o caminho para Campinas se acha barrado para o adversário. A convergência das nossas forças para esse setor e a absoluta segurança das posições constitucionalistas nos demais Setores da Mogyana são duas sólidas garantias do sucesso das nossas armas em toda região invadida pelos ditatoriais e notadamente na Zona de Amparo.
Os importantes reforços recebidos pelas nossas tropas e o aparelhamento bélico de que dispomos tornam impossível qualquer avanço decisivo do adversário com o objetivo máximo da sua preocupação militar: apoderar-se do mais importante centro ferroviário do interior do Estado, que é, sem dúvida alguma, a cidade de Campinas.
 A zona de operações no Setor de Jaguary, principalmente nos seus limites com os municípios de Campinas e Itatiba, apresenta-se cheia de acidentes naturais de terreno tais como: trechos serranos, rios, etc. O comando geral das nossas forças soube aproveitar este aspecto peculiar da região para a organização de uma defesa militar inteligentemente distribuída e firme em toda linha.
Ocupamos ali importantes posições, de modo a podermos desorientar o inimigo pouco familiarizado com as surpresas topográficas da Zona. E, portanto, pouquíssimo provável que os ditatoriais tentem qualquer extremo esforço para progredir nessa região, onde o nosso domínio está consolidado.
A situação geral nos outros setores da Mogyana é ótima para as nossas forças. Estamos livres ali de qualquer dispersão prejudicial de tropas, o mesmo não sucedendo ao inimigo, cujos redutos não resistirão por muito tempo a qualquer movimento da nossa parte.”



- A AÇÃO DAS NOSSAS BOMBARDAS NO SETOR JAGUARY -

“Inegavelmente, como arma de guerra, as nossas bombardas têm prestado relevantes serviços à causa constitucionalista em diversos setores de combate.
Numa luta travada no setor marginal do Rio Jaguary, a Companhia de Bombardas da Guarda Civil desempenhou um brilhante papel.
Os ditatoriais foram vigorosamente bombardeados e repelidos, sofrendo inúmeras baixas e abandonando as suas desmanteladas trincheiras.
O Cel. Herculano de Carvalho e Silva, Comandante Geral da Força Pública do Estado, teve oportunidade de elogiar pessoalmente os bravos Soldados Constitucionalistas da Guarda Civil, pela bravura com que sabem manejar as terríveis bombardas”.




- CONCENTRAÇÃO DOS DITATORIAIS EM PEDREIRA -

A Zona de Amparo parece não oferecer mais segurança para o inimigo que se sente ameaçado pela progressiva pressão das nossas forças. Ao que consta, os ditatoriais resolveram lançar mão da última resistência: concentrar as suas forças na Zona de Pedreira.
Nessas condições, o abandono de Amparo pelo inimigo se afigura inevitável”.




- PINHAL AMEAÇADA PELAS NOSSAS TROPAS -

“Tem sério fundamento as apreensões do Gen.  Getulista Jorge Pinheiro que confessou ao Gen. Góis Monteiro estar a retaguarda das suas tropas ameaçadas pelas forças constitucionalistas.
As nossas forças tomaram o último reduto ditatorial de Ingatuba, repelindo simultaneamente um forte ataque inimigo na região de Pedreira, fazendo vários prisioneiros e apreendendo abundante material de guerra.
Na região de São João da Boa Vista o adversário perdeu o Pico do Gavião.
Os ditatoriais que ocupam Pinhal estão seriamente ameaçados”.




- O CERCO DE MOGY-MIRIM PELAS NOSSAS FORÇAS -

“A contra ofensiva constitucionalista redobrou a sua atividade no Setor Mogy-Mirim, cuja a retomada é inevitável.
Sexta-feira última, as nossas patrulhas fizeram um reconhecimento nas vizinhanças daquela cidade.
Parece que o inimigo assediado pelas nossas forças estão dispostos a abandonar definitivamente Mogy-Mirim, desorientado como se acha pelo desenvolvimento da ação envolvente das tropas da Lei”.





 Bombarda, pequena explicação.


A Bombarda era um primitivo disparador de projéteis pesados que surgiu no século XIV (logo após a descoberta da pólvora pelos europeus), com bico pouco comprido, e que não passava de uma chapa de aço forjada em forma de tubo e reforçada com cintas metálicas.
Pode-se dizer que a bombarda foi o precursor do canhão e do morteiro. Utilizava projéteis de pedra ou metal, no entanto para grandes calibres utilizavam-se os de pedra pois eram mais leves e mais baratos. A bombarda mais tarde deu origem ao morteiro, quando ganhou maior força e passou a atirar explosivos.





O lançador estilhaçado que vitimou nossos heróis, o Coronel MARCONDES SALGADO e o criador do pequeno canhão, Capitão MARCELLINO, encontra-se hoje no acervo do Museu Paulista.




Companhia de Bombardas  da Legião Negra.

Aparentemente, é um morteiro 80 mm, o mesmo que vitimou o Gen. Marcondes Salgado durante seus testes que ficou apelidado de "BOMBARDA", sendo transportado para a linha de frente de Cerrado. Ele se encontra com a proteção de lona na boca do cano e o bipé aparentemente está ao lado preso por correias.






Mesmo sabendo-se que os jornais paulistas, em seus noticiários, davam um destaque especial aos acontecimentos, os relatos são de grande importância para o levantamento histórico da participação ativa de regiões que não possuem um acervo de documentos preservado.


“O corpo de uma cidade é o seu povo. E a alma é a sua história. Esta se não for preservada, respeitada, divulgada, povo e cidade perdem a sua identidade.”
(Luciano Dias Pires)



Fonte.

 acervo.folha.com.br
policiamilitardesaopaulo.blogspot.com.br
revolucaoconstitucionalista1932.blogspot.com.br
pt.wikipedia.org




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.







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