quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A BATALHA DA MOGIANA



Em 1932, os jornais paulistas publicavam as notícias sobre os acontecimentos da Revolução Constitucionalista, sempre exaltando os feitos dos Soldados Constitucionalistas o que também era uma maneira de elevar o moral dos soldados nas trincheiras e frentes de combates.

“[...] Enquanto nas linhas de frente as nossas tropas, fiéis ao solene juramento feito, se batem com denodo pela redenção do Brasil, na retaguarda formam-se novos exércitos e assegura-se, sem perturbações do trabalho fecundo dos dias de paz, a ação valorosa dos nossos valorosos guerreiro. [...]”

(Trecho do artigo: “A irresistível expansão do movimento constitucionalista”, 15/09/1932).



O artigo a seguir foi publicado no Jornal Folha da Manhã, no dia 15 de setembro de 1932. Nele mostra um pouco do heroísmo, da coragem, do amor à Pátria e da bravura com que lutaram os Soldado Constitucionalistas no interior do Estado de São Paulo.


“A Batalha da Mogyana”


“É preciso confessar a nós mesmos a nossa surpresa ante o poder militar que estamos revelando na frente da Mogyana, resistindo primeiro à tremenda ofensiva ditatorial e logo em seguida contra-atacando com um ímpeto que vai arrojando o inimigo em debandada para além das fronteiras de Minas. Lançadas na direção do Rio de Janeiro as nossas principais forças, tivemos durante o mês de julho que improvisar o exército do Sul, com que barramos o caminho à coluna Waldomiro Castilho, cuja marcha sobre Sorocaba os microfones cariocas anunciavam com grande segurança.
Tivemos depois que guarnecer as nossas divisas em todos os quadrantes, concentrando efetivos de vulto em dezenas de pontos estratégicos do interior do Estado. E, isso feito, vivemos longas semanas com os olhos voltados para a zona Mogyana, a interrogar o horizonte, perguntando-lhe o que nos viria daquelas bandas... E, mais, o que faríamos se um assalto nos fosse desfechado sobre Itapira e São José do Rio Pardo...
Afinal, definiu-se a situação. Traído o pacto de não agressão, atirou-se contra as nossas cidades um poderoso exército que tranquilamente se concentrara ao abrigo da pérfida neutralidade ditatorial vizinha. E esse poderoso exército veio de roldão, numa frente de mais de cento e cinquenta (150) quilômetros, parecendo irresistível no seu rolar de avalanche.
Entretanto, em rápidos dias reunimos elementos, detivemos a avançada inimiga e, sem lhe dar tempo para consolidar suas posições, contra atacamos de Mococa a Amparo. E o inimigo se retira abatido, ante o choque que não esperava tão violento e decisivo, abandonando cidades após cidades, sob o travo da derrota.
Foi um milagre. Milagre de eficiência militar, de rapidez nos transportes, de organização e bravura. Milagre que os futuros críticos e historiadores da campanha comentarão com admiração, citando a Batalha da Mogyana como um dos feitos bélicos mais notáveis e mais belos da história guerreira da América do Sul.
E que estarão pensando, a respeito, os chefes adversários, ao se reunirem para trocar impressões? Ah! Se pudéssemos ouvi-los, dizendo uns aos outros a surpresa e o espanto de que estão possuídos em face da fulminea mobilização de um grande exército, que levaram dois meses para se organizar, com a missão de decidir a guerra no interior de São Paulo...
Estamos no meio das árvores e por isso não vemos a floresta. No futuro, porém, sabemos que, influencia teve, no curso da história nacional, a Batalha da Mogyana, que ganhamos quando tudo indicava que ali nos defrontávamos com o momento crítico da campanha constitucionalista.
Não é ainda Waterloo, mas os napoleões da ditadura tiveram ali a sua retirada de Moscou...”






Mapa da Zona da Mogiana.
A Estação de Jaguariúna é a primeira, com grifo, do lado esquerdo na foto.







Soldados Constitucionalistas, da artilharia, em combate na Zona Mogiana, nas proximidades de Campinas.




Fonte de consulta – acervo.folha.com.br, acesso em 15 de ag. de 2015.




Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo




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