Em 1932, enquanto os
homens lutavam nas trincheiras, mulheres trabalhavam nas industrias bélicas, como
costureiras, enfermeiras e cozinheiras. Maria Jose Bezerra – a Maria Soldado
não era uma delas. Negra, filha de ex-libertos da Lei Áurea, Maria Soldado
nasceu em Limeira em 1º de dezembro de 1895 e era cozinheira da família de
Paulo Bonfim. Sempre muito fiel à sua patroa, dona Nicota Pinto Alves – senhora
da sociedade – ela sentiu que tinha que cumprir seu dever na guerra e desapareceu.
Munida do uniforme
constitucionalista, não foi notada entre os homens. Só descobriram que ela era
mulher um mês depois, quando foi ferida e teve de ser atendida por um médico.
Estava combatendo junto da Legião Negra, composta de três batalhões de
infantaria, totalizando aproximadamente 3.500 soldados de “homens de cor” –
como eram chamados - e depois apelidados de “Perolas Negras”.
Anos depois, seria
convidada para uma cerimônia com Getúlio Vargas, em pleno Estado Novo.
Recusou-se a
cumprimenta-lo, dizendo: - Eu não pego na mão de um ditador. Já lutei
contra o senhor na trincheira.
Morreu
em 1958. Duas outras paulistas também se passaram por homens para lutar em
1932: Maria Sguassábia, de Araraquara e Francisca das Chagas Oliveira, de Itu.
Transcrição,
acima, de texto publicado na revista Aventuras
na História em 2017.
O
jornal A Gazeta (5/9/32) referiu-se
sobre ela assim: "Uma mulher de cor,
alistada na Legião Negra, vencendo toda a sorte de obstáculos e as durezas de
uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno
entrincheiramento na frente do sul, descrevendo a página mais profundamente
comovedora, mais cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha
constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos
para o inimigo, MARIA DA LEGIÃO NEGRA! Mulher abnegada e nobre da sua
raça". (1859-1944).
Fonte.
Revista
Aventuras na História, ed. 170,
julho de 2017, pág. 37.
https://trincheirasdejaguariuna.blogspot.com/2013/03/heroinas-de-1932.html
Editado
e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo, 2025.