domingo, 9 de fevereiro de 2025

MARIA SOLDADO.

    





Em 1932, enquanto os homens lutavam nas trincheiras, mulheres trabalhavam nas industrias bélicas, como costureiras, enfermeiras e cozinheiras. Maria Jose Bezerra – a Maria Soldado não era uma delas. Negra, filha de ex-libertos da Lei Áurea, Maria Soldado nasceu em Limeira em 1º de dezembro de 1895 e era cozinheira da família de Paulo Bonfim. Sempre muito fiel à sua patroa, dona Nicota Pinto Alves – senhora da sociedade – ela sentiu que tinha que cumprir seu dever na guerra e desapareceu.

Munida do uniforme constitucionalista, não foi notada entre os homens. Só descobriram que ela era mulher um mês depois, quando foi ferida e teve de ser atendida por um médico. Estava combatendo junto da Legião Negra, composta de três batalhões de infantaria, totalizando aproximadamente 3.500 soldados de “homens de cor” – como eram chamados - e depois apelidados de “Perolas Negras”.

Anos depois, seria convidada para uma cerimônia com Getúlio Vargas, em pleno Estado Novo.

Recusou-se a cumprimenta-lo, dizendo:  - Eu não pego na mão de um ditador. Já lutei contra o senhor na trincheira.

Morreu em 1958. Duas outras paulistas também se passaram por homens para lutar em 1932: Maria Sguassábia, de Araraquara e Francisca das Chagas Oliveira, de Itu.

 

Transcrição, acima, de texto publicado na revista Aventuras na História em 2017.



O jornal A Gazeta (5/9/32) referiu-se sobre ela assim: "Uma mulher de cor, alistada na Legião Negra, vencendo toda a sorte de obstáculos e as durezas de uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno entrincheiramento na frente do sul, descrevendo a página mais profundamente comovedora, mais cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos para o inimigo, MARIA DA LEGIÃO NEGRA! Mulher abnegada e nobre da sua raça". (1859-1944).

 

Fonte.

Revista Aventuras na História, ed. 170, julho de 2017, pág. 37.

https://trincheirasdejaguariuna.blogspot.com/2013/03/heroinas-de-1932.html

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo, 2025.

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