Neste mês, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, registro aqui uma singela homenagem as Heroínas da Revolução Constitucionalista, desde aquelas que pegaram em armas e foram para frente de batalhas até aquelas que ficaram na retaguarda, mas que também prestaram um grande serviço aos soldados e voluntários e também no apoio dado às famílias dos combatentes.
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A seguir algumas das mulheres que se destacaram durante a Revolução.
Maria Sguassábia
(Mario Soldado)
Maria Sguassábia e seu irmão.
Maria Sguassábia na trincheira.
Segundo Maurício Marsiglia, neto da combatente, ela acabou sendo descoberta e o capitão do pelotão não queria aceitá-la. “Ele se reportou ao comandante do batalhão, que disse “por que não?”, contou.
O neto da combatente lembra com orgulho quando a avó rendeu um tenente federalista e lembrou-se do momento em que a avó mais se orgulhava. “O tenente quando percebeu que era uma mulher não queria se render nem entregar de forma alguma as armas. Neste instante, o comandante do batalhão da minha avó disse que o tenente teria que se sentir orgulhoso de ter sido rendido por uma heroína”.
São Paulo perdeu a disputa no campo de batalha, mas dois anos depois conseguiu conquistar a principal reivindicação da revolução. Em 1934, uma nova Constituição foi escrita, que deu o direito de votar às mulheres.
Maria Sguassábia faleceu em 14 de março de 1973, aos 74 anos, e está sepultada no cemitério de São João da Boa Vista.
As mulheres estiveram presentes em quase todos os setores.
Carlota Queiróz
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Carlota Queiróz, Heroína da Revolução - A contribuição da mulher paulista, no movimento constitucionalista de 1932, foi inestimável. Cheias de fé, entusiasmo cívico e força de vontade, as senhoras da sociedade paulista trabalharam sem esmorecimento em prol da causa sagrada. Abandonando as comodidades domésticas e indo para as ruas sofrer com os bravos que pugnavam por um Brasil melhor, a mulher bandeirante escreveu páginas e páginas na gloriosa história da revolução.
As costureiras confeccionavam as fardas dos soldados.
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LAURA THEOTO KROISS (1908-2009)
"Ela estava do meu lado e começou a ter dificuldades. A última coisa que ela fez foi um pedaço de uma colcha que seria rifada num bazar beneficente", recorda a filha Therezinha, procuradora aposentada.
Por quase toda a vida, Laura utilizou agulha e linha com "primor e cuidado". "Tivemos vários vestidos feitos por ela", conta a filha. Fez tricô para instituições de caridade e deu aulas numa paróquia para mães que queriam fazer enxovais. Antes de se tornar costureira, passou por uma fábrica de chapéus. Em 1937, casou-se com um ferroviário, e não mais fez serviços para fora.
Viveu seus 101 anos em Jundiaí (SP), até terça, quando morreu de pneumonia. "Ela foi devagar no envelhecimento", diz a filha. Mesmo pequena e magrinha, era "forte", ressalta Therezinha. E corajosa: chegou a apagar um incêndio no vizinho. Os bombeiros a elogiaram, mas também lhe deram uma bronca: antes de jogar água na máquina de lavar roupa que pegava fogo, ela deveria ter tirado o aparelho da tomada.
Estêvão Bertoni
Sra. Olivia Guedes Penteado
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D. Olívia Guedes Penteado nasceu em Campinas, no Largo da Matriz Velha, em 12 de março de 1872. Era filha dos Barões de Pìrapitingüy, José Guedes de Souza, poderoso fazendeiro de café no Município de Mogi-Mirim.
Dona Olívia passou a infância na propriedade paterna, na Fazenda da Barra, em Mogi-Mirim, na Vila Jaguary (atual Jaguariúna).
Posteriormente, a família transferiu-se para São Paulo. Dona Olívia ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo no dia 6 de maio de 1932, poucos dias antes de eclodir a Revolução Constitucionalista, tendo sido a décima mulher a tomar posse nessa entidade:
“Durante o movimento constitucionalista de 1932, a sua esclarecida vontade e a imperturbável serenidade de ânimo que era o traço mais forte de sua personalidade, desempenharam importante papel: ela colaborou ativamente no trabalho de todas as senhoras paulistas em prol da causa que São Paulo defendia. Não poupou esforços nem sacrifícios. Tomou parte em todas as iniciativas femininas tendentes a minorar o sofrimento dos que combatiam, socorrendo as famílias que aqui haviam ficado e animando com sua confiança aos combatentes que embarcavam para a frente de combate
Para que não se esqueça, parece-nos interessante reproduzir, aqui, parte da bela oração proferida por D. Olívia Guedes Penteado durante a Revolução Constitucionalista:
Às Mulheres Brasileiras
“(…) Não há terra como o nosso Brasil. Nós paulistas o sabemos. E, portanto, quando tomamos armas contra os opressores de nossa terra, sabemos e sentimos que não estamos dando combate a nossa pátria. Longe de nós ter qualquer rancor contra os nossos irmãos dos outros Estados. A luta que travamos é contra a opressão, contra o erro, contra o crime. (…) Quem se bate pelo regime da justiça, da liberdade e do direito, será sempre apontado na história da nossa terra, como o defensor da verdadeira, da suprema causa da nacionalidade. Esta causa – vós já sabeis – é a causa da Lei. Temos a certeza de que nossos filhos, que ora seguem frementes de entusiasmo sagrado, poderão em breve, ó brasileiras de todos os estados, abraçar os vossos filhos, que, também constitucionalistas, os esperam com a mesma vibração, a fim de que, juntos, irmãos e brasileiros, possam gritar a quarenta milhões de brasileiros – Tendes agora a Lei! Viva o Brasil!”
Maria Soldado
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O Batalhão de Maria Soldado
A casa, onde Maria trabalhava, foi alvo de bombardeio durante as revolução de 1932. Uma curiosidade a esse respeito ocorreu com ela, que era a cozinheira, trocou o avental por uma farda e saiu arregimentando negros e índios pelo interior do Estado. O resultado foi que ela acabou por formar um batalhão, trouxe-o para a capital e o acampou nos jardins do palacete, antes de seguir para o front. A proeza lhe valeu o apelido de “Maria Soldado” e, tal qual Diadorim- personagem de Guimarães Rosa- seu verdadeiro sexo só foi descoberto ao ser ferida. Tão célebre se tornou, que seu féretro saiu da Biblioteca Municipal.
Maria José Bezerra da família Penteado Mendonça. Alistou-se, fazendo-se passar por homem para poder lutar pela causa da constitucionalidade brasileira; exemplo maior de mulher voluntária no Movimento Constitucionalista de 32. . Sobre ela o jornal A Gazeta (5/9/32) assim referiu-se: "Uma mulher de cor, alistada na Legião Negra, vencendo toda a sorte de obstáculos e as durezas de uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno entrincheiramento na frente do sul, descrevendo a página mais profundamente comovedora, mais cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos para o inimigo, MARIA DA LEGIÃO NEGRA! Mulher abnegada e nobre da sua raça". (1859-1944).
http://www.malcolmforest.com/pdk/maria-soldado.htm
Em todos os momentos a mulher Paulista animou os bravos que partiam para o front.
As mulheres participaram da Revolução, em sua maioria, como enfermeiras, costureiras e cozinheiras.
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Preparação dos alimentos.
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Entre as enfermeiras gostaria de destacar minha prima, Ondina Mendes Parreira e minha tia, Gertrudes Bonilha de Toledo.
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Formou-se Professora normalista pela Escola Normal de Piracicaba, exerceu o magistério em escolas rurais paulistas. Tornou-se professora primária comissionada junto à Faculdade de Filosofia, Ciências e letras da USP (Universidade de São Paulo), onde fez o curso de Geografia e História, entre 1935 e 1938, integrante da 2ª turma. Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista ao lado do pai e quatro irmãos, realizando trabalhos de enfermeira no front (Vale do Paraíba).
Transformou-se na primeira mulher historiadora de Piracicaba, foi Catedrática de História do Instituto Sud Mennucci, de Piracicaba, aposentando-se em 1964. Lecionou em diversos colégios de Piracicaba e Campinas, para onde se transferiu após a aposentadoria. Como historiadora, escreveu uma coleção sobre os bairros da cidade de São Paulo.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras, da qual é membro efetiva, e tem como patrono seu pai, Octávio Teixeira Mendes. Também é membro da Academia Campinense de Letras. Os trabalhos de Maria Celestina, no setor público, vão muito além deste breve currículo. Sua trajetória de vida e trabalho se confundem com dedicação à família e aos amigos, sendo considerada uma celebridade “em matéria de encanto”, como descreveu seu marido
Judith Meira Mattos
Judith Meira Mattosteve uma vida toda dedicada à causa constitucionalista. Seu irmão, ao ser voluntário, faleceu durante os combates da Revolução Constitucionalista de 1932. Seu marido presidiu o Núcleo MMDC de Piracicaba por mais de 20 anos. A mesma dirigiu o Núcleo de 2001 a 2009 e, com o avançar da idade, dedicou-se mais à vida familiar.
Judith nasceu em 11 de abril de 1921 em Piracicaba (São Paulo). É filha de Josué Meira Barros e Bianca Buldrini de Barros. Era descendente de avós italianos que buscaram no Brasil um espaço para o crescimento profissional na virada do século 19 para o século 20.
Estudou no Colégio Piracicabano em 1939 e casou-se neste mesmo ano, em 24 de março, com Manoel Sampaio de Mattos. Teve os filhos: Raul Carlos Sampaio Mattos (professor e advogado), Manoel Sampaio Mattos Filho (professor e engenheiro civil) e Peter Alexander Mattos.
Era irmã de Romeu, Julieta, Natal, Ivone, Luiz e Octávio. Natal fugiu da casa dos pais em 1932 e se alistou como voluntário, aos 17 anos, em São Paulo, falecendo no final de agosto devido a um tiro que recebeu no pescoço em Cruzeiro, divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro.
Judith foi professora e nos anos de 1940 partiu para Araras onde residiu por alguns anos. Seu marido, Manoel Sampaio Mattos dirigiu o Núcleo MMDC em Piracicaba de 1969 a 2001, quando faleceu e aos 92 anos ela continua na sua dedicação à causa constitucionalista.
http://voluntariosdepiracicaba.blogspot.com.br/2012/11/judith-meira-barros-sampaio-e-sua.html
As mulheres que montavam os Capacetes de Aço.
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Caridad e Edmundo
http://voluntariosdepiracicaba.blogspot.com.br
Lágrimas de Mulher
Silvia Trevisani
Lágrimas que vertem nos olhos
Salgadas como a tristeza que aflora
Cansadas de seus abrolhos.
Deslizam sem culpa pela face afora.
Lágrimas que sufocam a saudade!
Que apagam os sonhos e geram vidas,
Lágrimas de alegrias, de realidade,
Deslizam nas faces sofridas.
Lágrimas caprichosas,
Das damas, das meretrizes,
Das donzelas e das senhoras,
Sonhando com os matizes.
Lágrimas que envolvem a sorte,
Que acompanham os filhos à guerra,
Teimosas que levam a morte,
Inconsoláveis que molham a terra!
Lágrimas que acalentam o filho,
Que regam um amor perdido,
Enganam um coração sofrido,
Que esperam por um sorriso!
Uma gota de lágrima quente,
Que nasce por um motivo qualquer...
A torna um ser diferente,
Incessantes lágrimas de mulher...
O Núcleo de Correspondência Trincheiras Paulistas de 32 de Jaguariúna deseja a todas as mulheres um feliz Dia da Mulher.
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