Dia
2 de novembro – Dia de Finados.
“VIVERAM
POUCO PARA MORRER BEM
MORRERAM
JOVENS PARA VIVER SEMPRE!”
“Não há homenagem maior
que preservar o legado daqueles que um dia caminharam entre nós e lutaram por nós!”
“Hás de voltar, meu
filho,
E não voltaste!
Pelo bem do país que
tanto amaste,
o teu corpo caiu,
morreu teu passo.
Da tua mocidade
generosa restou somente a farda gloriosa,
tinta de sangue, e o
capacete de aço.
Tua mãe chora sempre a
tua falta.
Árvore frágil para ser
tão alta
a inclemência de um
raio te cortou
as promessas risonhas
de fartura,
os desejos de glória e
de ventura,
o civismo sem par que
te abrasou.
Repousa em paz, no
coração materno,
da terra de São Paulo,
grande e eterno,
no seu amor à gente
idealista!
O nome teu, que
importa!
Um nome passa!
Tu és, soldado, o
apóstolo da raça,
o herói, o santo, o
símbolo paulista!”
Oliveira
Ribeiro Neto.
“Oração ante a última trincheira”.
“Agora, é o silêncio.
E é silêncio que faz a
última chamada.
E é o silêncio que
responde: ‘Presente!’
Depois, será a grande
asa tutelar de São Paulo – asa que é dia e noite
e sangue e estrela e
mapa –
descendo, petrificada,
sobre um sono que é vigília.
E aqui ficareis,
Heróis-Mártires, plantados, firmes, para sempre,
neste santificado
torrão de chão paulista.
Para receber-vos,
feriu-se ele da máxima de entre as únicas feridas,
na terra, que nunca se
cicatrizam,
porque delas uma imensa
coisa emerge e impõe-se, que as eterniza.
Só para o alicerce, a
lavra, a sepultura e a trincheira se tem o direito de ferir a terra.
E, mais legítima que a
ferida do alicerce, que se eterniza na casa,
a dar teto para o amor,
a família, a honra, a paz;
mais legítima que a
ferida da lavra, que se eterniza na árvore,
a dar lenho para o
leito, a mesa, o cabo da enxada, a coronha do fuzil;
mais legítima que a
ferida da sepultura, que se eterniza no mármore,
a dar imagem para a
saudade, o consolo, a bênção, a inspiração,
mais legítima que essas
feridas é a ferida da trincheira que se eterniza na Pátria,
a dar toda a pura
razão-de-ser da casa, da árvore e do mármore.
Este cavado trapo de
terra – corpo místico de São Paulo, em que ora existis, consubstanciados –
mais que corte de
alicerce, sulco de lavra, cova de sepultura, é rasgão de trincheira.
E esta, perene, que
povoais é a nossa última trincheira.
Esta é a trincheira que
não se rendeu,
a que deu à terra o seu
suor,
a que deu à terra a sua
lágrima,
a que deu à terra o seu
sangue!
Esta é a trincheira que
não se rendeu
a que é nossa bandeira
gravada no chão
pelo branco do nosso
Ideal,
pelo negro do nosso
Luto,
pelo vermelho do nosso
Coração!
A que, atenta, nos
vigia,
a que, invicta, nos
defende,
a que, eterna, nos
glorifica!
Esta é a trincheira que
não se rendeu,
a que não transigiu, a
que não esqueceu, a que não perdoou!
Esta é a trincheira que
não se rendeu,
a que a vossa presença,
que é relíquia,
transfigura e consagra
num altar
para o voo até Deus da
nossa Fé!
E, pois, antes este
altar, de joelhos,
a vós rogamos:
Soldados santos de 32,
sem armas em vossos
ombros,
sem balas na
cartucheira,
sem pão em vosso
bornal,
sem água em vosso
cantil,
sem galões de ouro no
braço,
sem medalhas sobre o
caqui,
sem mancha no
pensamento,
sem medo no coração,
sem sangue já pelas
veias,
sem lágrimas ainda nos
olhos,
sem sopro mais entre os
lábios,
sem nada a não ser vós
mesmos,
sem nada senão São
Paulo, velai por nós!
Guilherme
de Almeida
Homenagem
aos Soldados que morreram nas trincheiras lutando pela liberdade, pela Democracia
e pelo bem dos cidadãos e de seu País.
Editado e publicado por Maria Helena de
Toledo Silveira Melo
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