quinta-feira, 2 de novembro de 2023

HOMENAGEM AOS SOLDADOS MORTOS.

 


Dia 2 de novembro – Dia de Finados.

 

“VIVERAM POUCO PARA MORRER BEM

MORRERAM JOVENS PARA VIVER SEMPRE!”

 




“Não há homenagem maior que preservar o legado daqueles que um dia caminharam entre nós e lutaram por nós!”

 

 

“Hás de voltar, meu filho,

E não voltaste!

Pelo bem do país que tanto amaste,

o teu corpo caiu, morreu teu passo.

Da tua mocidade generosa restou somente a farda gloriosa,

tinta de sangue, e o capacete de aço.

Tua mãe chora sempre a tua falta.

Árvore frágil para ser tão alta

a inclemência de um raio te cortou

as promessas risonhas de fartura,

os desejos de glória e de ventura,

o civismo sem par que te abrasou.

Repousa em paz, no coração materno,

da terra de São Paulo, grande e eterno,

no seu amor à gente idealista!

O nome teu, que importa!

Um nome passa!

Tu és, soldado, o apóstolo da raça,

o herói, o santo, o símbolo paulista!”

 

Oliveira Ribeiro Neto.

 

 





 “Oração ante a última trincheira”.

 

“Agora, é o silêncio.

E é silêncio que faz a última chamada.

E é o silêncio que responde: ‘Presente!’

Depois, será a grande asa tutelar de São Paulo – asa que é dia e noite

e sangue e estrela e mapa –

descendo, petrificada, sobre um sono que é vigília.

E aqui ficareis, Heróis-Mártires, plantados, firmes, para sempre,

neste santificado torrão de chão paulista.

Para receber-vos, feriu-se ele da máxima de entre as únicas feridas,

na terra, que nunca se cicatrizam,

porque delas uma imensa coisa emerge e impõe-se, que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira se tem o direito de ferir a terra.

E, mais legítima que a ferida do alicerce, que se eterniza na casa,

a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz;

mais legítima que a ferida da lavra, que se eterniza na árvore,

a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada, a coronha do fuzil;

mais legítima que a ferida da sepultura, que se eterniza no mármore,

a dar imagem para a saudade, o consolo, a bênção, a inspiração,

mais legítima que essas feridas é a ferida da trincheira que se eterniza na Pátria,

a dar toda a pura razão-de-ser da casa, da árvore e do mármore.

Este cavado trapo de terra – corpo místico de São Paulo, em que ora existis, consubstanciados –

mais que corte de alicerce, sulco de lavra, cova de sepultura, é rasgão de trincheira.

E esta, perene, que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que deu à terra o seu suor,

a que deu à terra a sua lágrima,

a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu

a que é nossa bandeira gravada no chão

pelo branco do nosso Ideal,

pelo negro do nosso Luto,

pelo vermelho do nosso Coração!

A que, atenta, nos vigia,

a que, invicta, nos defende,

a que, eterna, nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que não transigiu, a que não esqueceu, a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que a vossa presença, que é relíquia,

transfigura e consagra num altar

para o voo até Deus da nossa Fé!

E, pois, antes este altar, de joelhos,

a vós rogamos:

Soldados santos de 32,

sem armas em vossos ombros,

sem balas na cartucheira,

sem pão em vosso bornal,

sem água em vosso cantil,

sem galões de ouro no braço,

sem medalhas sobre o caqui,

sem mancha no pensamento,

sem medo no coração,

sem sangue já pelas veias,

sem lágrimas ainda nos olhos,

sem sopro mais entre os lábios,

sem nada a não ser vós mesmos,

sem nada senão São Paulo, velai por nós!

 

Guilherme de Almeida

 





Homenagem aos Soldados que morreram nas trincheiras lutando pela liberdade, pela Democracia e pelo bem dos cidadãos e de seu País.

 


Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo

 


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