segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Heróis Negros de 32!

 

Homenagem no Dia da Consciência Negra.

 

Como todos os paulistas se engajaram na luta em 1932 as mulheres se destacaram em muitas funções dando suporte aos soldados nos campos de batalhas porém, o engajamento das mulheres negras não se restringiu aos trabalhos de apoio na retaguarda. Muitas mulheres negras acompanharam seus maridos no front. Há relatos de pelo menos cinco casos de mulheres negras integrando as Companhias de Fuzileiros da Legião Negra que integravam destacamento que guarnecia a Estrada de Capão Bonito/Buri, na Frente Sul.

Um dos episódios mais marcante foi de Maria Soldado. Foi tão importante e vanguardista que teve destaque em uma reportagem do jornal A Gazeta onde dizia: Uma mulher de cor, alistada na Legião Negra, vencendo toda sorte de obstáculos e as durezas de uma viagem acidentada, uniu-se aos seus irmãos negros em pleno entrincheiramento na Frente Sul, descrevendo a página mais profundamente comovedora, mais profundamente cheia de civismo, mais profundamente brasileira, da campanha constitucionalista, ao desafiar a morte nos combates encarniçados e mortíferos para o inimigo.





 Maria da Legião Negra!

Mulher abnegada e nobre de sua raça!

Ferida no campo de luta a 17 do mês passado, na frente de São José de Guapiara, tornou à cruenta missão em 28 do mesmo mês.

Maria da Legião Negra!

Heroína de uma raça forte, boa e consciente!

Maria da Legião Negra!

Vendo-vos, sob o trovejar da artilharia, por entre as chuvas das balas inimigas, de rastro, correndo pelos abrigos do campo de batalha, prover de alimentos os guerreiros da vossa raça, sinto palpitar no vosso peito amigo o mesmo coração repleto de carinho da Mãe Preta que nos embalou quando criancinhas, cantando as cantigas de amor cívico e de brasilidade.

Maria da Legião Negra!

Defendeis São Paulo, defendeis o Brasil com esse devotamento de quem tem consciência da grandeza da sua terra, do valor dos seus homens, da virtude das suas leis.

Se José do Patrocínio vos visse nessa jornada patriótica, seguramente vos diria: Maria da Legião Negra: Se Deus vos deu a cor de Othelo, foi para terdes ciúmes do vosso País.

Maria da Legião Negra!

 

Que a vossa alma frágil de mulher ilumine a covardia dos que sonham com um Brasil escravizado pela ditadura prestes a sucumbir!

 



Recorte de jornal informando a morte de Maria Soldado
(Arquivo pessoal)


“Os negros de todos os Estados, que vivem em São Paulo, quando o clarim vibrou chamando para a defesa da causa sagrada os Brasileiros dignos, formaram logo na linha de frente das tropas Constitucionalistas”.

 


Batalhão da Legião Negra 


Minhas homenagens aos grandes guerreiros que se destacaram e se destacam na luta pela liberdade, democracia, pela igualdade, pela Lei e pela Ordem!

 

Fonte.

In. Revista Afro- Ásia, 29/30,2003.

DOMINGUES, Petrônio José; OS “PÉROLAS NEGRAS”: A PARTICIPAÇÃO DO NEGRO NA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932.

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

HOMENAGEM AOS SOLDADOS MORTOS.

 


Dia 2 de novembro – Dia de Finados.

 

“VIVERAM POUCO PARA MORRER BEM

MORRERAM JOVENS PARA VIVER SEMPRE!”

 




“Não há homenagem maior que preservar o legado daqueles que um dia caminharam entre nós e lutaram por nós!”

 

 

“Hás de voltar, meu filho,

E não voltaste!

Pelo bem do país que tanto amaste,

o teu corpo caiu, morreu teu passo.

Da tua mocidade generosa restou somente a farda gloriosa,

tinta de sangue, e o capacete de aço.

Tua mãe chora sempre a tua falta.

Árvore frágil para ser tão alta

a inclemência de um raio te cortou

as promessas risonhas de fartura,

os desejos de glória e de ventura,

o civismo sem par que te abrasou.

Repousa em paz, no coração materno,

da terra de São Paulo, grande e eterno,

no seu amor à gente idealista!

O nome teu, que importa!

Um nome passa!

Tu és, soldado, o apóstolo da raça,

o herói, o santo, o símbolo paulista!”

 

Oliveira Ribeiro Neto.

 

 





 “Oração ante a última trincheira”.

 

“Agora, é o silêncio.

E é silêncio que faz a última chamada.

E é o silêncio que responde: ‘Presente!’

Depois, será a grande asa tutelar de São Paulo – asa que é dia e noite

e sangue e estrela e mapa –

descendo, petrificada, sobre um sono que é vigília.

E aqui ficareis, Heróis-Mártires, plantados, firmes, para sempre,

neste santificado torrão de chão paulista.

Para receber-vos, feriu-se ele da máxima de entre as únicas feridas,

na terra, que nunca se cicatrizam,

porque delas uma imensa coisa emerge e impõe-se, que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira se tem o direito de ferir a terra.

E, mais legítima que a ferida do alicerce, que se eterniza na casa,

a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz;

mais legítima que a ferida da lavra, que se eterniza na árvore,

a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada, a coronha do fuzil;

mais legítima que a ferida da sepultura, que se eterniza no mármore,

a dar imagem para a saudade, o consolo, a bênção, a inspiração,

mais legítima que essas feridas é a ferida da trincheira que se eterniza na Pátria,

a dar toda a pura razão-de-ser da casa, da árvore e do mármore.

Este cavado trapo de terra – corpo místico de São Paulo, em que ora existis, consubstanciados –

mais que corte de alicerce, sulco de lavra, cova de sepultura, é rasgão de trincheira.

E esta, perene, que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que deu à terra o seu suor,

a que deu à terra a sua lágrima,

a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu

a que é nossa bandeira gravada no chão

pelo branco do nosso Ideal,

pelo negro do nosso Luto,

pelo vermelho do nosso Coração!

A que, atenta, nos vigia,

a que, invicta, nos defende,

a que, eterna, nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que não transigiu, a que não esqueceu, a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu,

a que a vossa presença, que é relíquia,

transfigura e consagra num altar

para o voo até Deus da nossa Fé!

E, pois, antes este altar, de joelhos,

a vós rogamos:

Soldados santos de 32,

sem armas em vossos ombros,

sem balas na cartucheira,

sem pão em vosso bornal,

sem água em vosso cantil,

sem galões de ouro no braço,

sem medalhas sobre o caqui,

sem mancha no pensamento,

sem medo no coração,

sem sangue já pelas veias,

sem lágrimas ainda nos olhos,

sem sopro mais entre os lábios,

sem nada a não ser vós mesmos,

sem nada senão São Paulo, velai por nós!

 

Guilherme de Almeida

 





Homenagem aos Soldados que morreram nas trincheiras lutando pela liberdade, pela Democracia e pelo bem dos cidadãos e de seu País.

 


Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo

 


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

  Os homens de cor e a causa sagrada do Brasil   Os patriotas pretos estão se arregimentando – Já seguiram vários batalhões – O entusias...