domingo, 22 de maio de 2022

23 de Maio – Dia da Juventude Constitucionalista

 

ORAÇÃO ANTE A ÚLTIMA

TRINCHEIRA

(Trecho da poesia de Guilherme de Almeida)

 

Agora é o silêncio...

É o silêncio que faz a última chamada...

É o silêncio que responde:

— "Presente!"

E aqui ficareis Heróis-Mártires, plantados,

firmes para sempre neste santificado torrão de

chão paulista.

Para receber-vos feriu-se ele da máxima

de entre as únicas feridas na terra,

que nunca se cicatrizam,

porque delas uma imensa coisa emerge

e se impõe que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira

se tem o direito de ferir a terra.

E mais legítima que a ferida do alicerce,

que se eterniza na casa

a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz.

Mais legítima que a ferida da lavra,

que se eterniza na árvore

a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada,

a coronha do fuzil.

Mais legítima que a ferida da sepultura,

que se eterniza no mármore

a dar imagem para a saudade, o consolo, a benção,

a inspiração.

Mais legítima que essas feridas

é a ferida da trincheira,

que se eterniza na Pátria

a dar a pura razão de ser da casa, da árvore

e do mármore.

Este cavado trapo de terra,

corpo místico de São Paulo,

em que ora existis consubstanciados,

mais que corte de alicerce, sulco de lavra,

cova de sepultura,

é rasgão de trincheira.

E esta perene que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que deu à terra o seu suor,

a que deu à terra a sua lágrima,

a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que é nossa bandeira gravada no chão,

pelo branco do nosso Ideal,

pelo negro do nosso Luto,

pelo vermelho do nosso Coração.

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que atenta nos vigia,

a que invicta nos defende,

a que eterna nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu:

a que não transigiu,

a que não esqueceu,

a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu:

aqui a vossa presença, que é relíquia,

transfigura e consagra num altar

para o voo até Deus da nossa fé

 


 

 

23 de Maio dia da Juventude Constitucionalista, neste dia homenageamos os jovens que morreram assassinados em manifestação realizada no centro de São Paulo, Mario Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Drausio Marcondes de Souza e Antonio Américo de Camargo Andrade estavam em um protesto contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas.

As iniciais de nomes dos quatro manifestantes - MMDC - passaram a ser o símbolo da luta de São Paulo pela Constituição. Por meio do decreto Estadual 5.627-A, de 10 de Agosto de 1932, assinado pelo governador Pedro de Toledo, foi oficializado pelo Executivo paulista o MMDC como entidade. 

Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC) tombaram em nome da Liberdade, da Lei e da Ordem, estas mortes não foram em vão e hoje têm seus nomes gravados no Livro dos Heróis da Pátria pela Lei 2430 de 20 de junho de 2011.




A Manifestação.

No dia 22 de Maio de 1932, manhã de domingo, a notícia da chegada de Oswaldo Aranha, ministro da Fazenda, a São Paulo, a fim de conciliar os interesses de Vargas na escolha do novo secretariado, o que causou perplexidade e descontentamento geral dos partidos políticos e da população. 

Este descontentamento levou à formação de uma frente integrada pelos membros do Partido Republicano Paulista, derrotado pela Revolução de 30, e do Partido Democrático, que havia apoiado Vargas. Apesar das posições antagônicas, as correntes se uniram e iniciaram uma campanha pelo fim das intervenções nos Estados e a imediata convocação de uma Assembleia Constituinte. Juntos, formaram a Liga Paulista Pró-Constituinte.

Em protesto à visita de Oswaldo Aranha, a liga convocou para 23 de Maio uma manifestação no centro de SP. Panfletos foram distribuídos pela cidade:

"Paulistas: mais uma vez o ministro Oswaldo Aranha, como enviado especial do Ditador, vem a São Paulo com o intuito de arrebatar ao povo paulista o sagrado direito de escolher os seus governantes.

Mas o povo paulista, cuja paciência não é ilimitada, não mais suportará tamanha afronta e humilhação. Tendo consciência do seu valor e da sua força, ele repele a indébita e injuriosa intromissão na vida política daqueles que estão conduzindo São Paulo e o Brasil à ruína e desonra.

Para manifestar e impor a sua vontade, na reivindicação dos seus direitos e das suas liberdades, o povo reunir-se-á, hoje, às 15 horas, na praça do Patriarca, para decidir os seus destinos. Eia, povo de São Paulo! É chegada a hora da libertação e da vitória!"

E assim, no dia 23 de Maio durante a Manifestação, forças leais ao Governo reagiram provocando um tumulto com um cerrado tiroteio que resultou em 15 pessoa feridas, cinco das quais morreram Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga.

 


Nossas homenagens aos jovens Heróis Constitucionalistas!

“Viveram pouco para viver bem, morreram jovens para viver sempre”

Ó jovens de 32!

Voltai daquelas trincheiras,

Voltai de vosso martírio.

Voltai com vossos ideais,

Voltai com o sangue que destes,

Voltai com os brios de Julho,

Voltai ao chão ocupado,

Voltai à casa esquecida,

Voltai à terra traída,

Voltai, apenas voltai,

Ó jovens de 32!

(Trecho do poema Os Jovens de 32 – Paulo Bonfim)

 

 


Fonte.

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucaoconstitucionalista.htm

https://tj-sp.jusbrasil.com.br/noticias

https://www.migalhas.com.br/quentes/345843/mmdca-o-assassinato-de-jovens-paulistas-pelo-estado-em-23-de-maioontra um governo ditatorial.

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.

22/05/2022

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