O Portal Trincheiras de Jaguariúna
deseja a todos um Ano Novo com muita saúde, muitas realizações, muita paz,
solidariedade e amor!
Agradeço aos amigos e seguidores as
visitas ao Blog e à página no Facebook.
Que neste novo ano, em que comemoraremos
os 90 anos da Revolução Constitucionalista de 1932 e 10 anos do Núcleo de
Jaguariúna, nos permita realizar as dignas homenagens e continuar na divulgação
da mais bela e importante história vivida pela gente de Piratininga, e, como
diz no texto que transcrevi, que não falte às novas gerações o conhecimento dos
sacrifícios de um povo para manter aceso o ideal de um povo livre dentro da
Lei, da Ordem e da Constituição.
Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
DIA
A DIA.
DATA
DE SÃO PAULO
Vinte e cinco anos
depois da a admirável arrancada cívica dos paulistas fiéis à tradição de
liberdade de nossa terra e à altives da gente brasileira – a cidade se ajoelha
na saudade dos que partiram e bem souberam na grande hora, cumprir o dever. Foram
dignos de Piratininga. Durante vários anos, ainda sob o império da ditadura,
somente uns poucos conservam vivos o entusiasmo e a fidelidade. Faltou um
trabalho de civismo junto a geração que nasceu depois de 32. Felizmente o
esforço dos que não esquecem os grandes momentos e os sacrifícios de um povo,
manteve acesa a lâmpada do ideal que nos levou, após a “minha terra, minha
pobre terra” de Ibrahim, aos acontecimentos de 23 de Maio que foram os
movimentos precursores do glorioso 9 de Julho.
Veio a democratização
do País, um pouco mais tarde, e a ação dos que a realizaram teve por escudo a
semente do ideal que levou os paulistas e mais irmãos patrícios, ao levante de
32.
Há dois anos fomos
buscar em Cunha, a montanha da resistência constitucionalista, no Capão do
Divino Mestre, os restos mortais do caboclo Paulo Virginio, a grande vítima
civil que ditatoriais fuzilaram após tê-lo feito sofrer toda sorte de
padecimentos.
São Paulo reviveu,
então, a sua epopéia. Quando os restos de Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo,
os assassinados de 23 de Maio na Praça da República e Paulo Virginio, o herói
civil que resistiu a tudo para ser fiel ao movimento de São Paulo, foram, em
instante sagrado e por todo o sempre, colocados no Monumento do Ibirapuera, a
cerimônia, tocante como nenhuma outra jamais o será, teve o condão de
redespertar a nossa gente para o culto da glória que foi a nossa revolta contra
a escravidão.
Este ano, um quarto de
século decorrido, sente-se que a gente de São Paulo, com a solidariedade do
Brasil inteiro, dentro do belo sentido da unidade da Pátria, vibra ante o dever
do culto aos heróis. È a reconquista da nossa tradição, eis que os povos só
valem no conceito das nações civilizadas e somente constroem o seu porvir,
através da beleza imortal dos gestos de seus homens do passado.
Vibra a cidade, com o
concurso de todas as suas forças vivas, Forças Armadas, povo, na homenagem à
data, no culto aos que não fugiram à tradição de bravura e de dignidade. É a
geração moça e infante de nossa terra vê a geração que passa escrevendo mais
uma luminosa página cívica. O 9 de Julho pertence à história e será motivo
daqui para frente, de aulas e de exemplos nas escolas primarias a fim de que os
meninos possam melhor compreender o sentido da liberdade que em quatro
centúrias vem animando o nosso povo nascido livre.
Há sacrifícios de vida
e de bens nessas arrancadas impostas pela dignidade. Mas elas servem de exemplo
às gerações futuras e estas hão de ser gratas aos que se sacrificaram para que
pudessem receber um legado de honra e de altivez.
Transcrição de artigo
de Gumercindo Fleury, editor de política no jornal A Gazeta publicado em 08 de
julho de 1957.
Fonte.
Jornal
A Gazeta, 8 de Julho de 1957 (coleção
pessoal).