sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Lanche para os Soldados de 1932.

 


Uma homenagem e eterna gratidão à mais de 70.000 mulheres destemidas Heroínas da Pátria, da simples Dona Severina a soldado Maria Stela Sguassábia, Mulheres Paulistas que se sobressaíram durante à Revolução Constitucionalista de 1932, pela coragem, civismo e amor à Pátria.



Mulheres de Araraquara que participaram intensamente na retaguarda.

 


LUNCH EXPRESSO.

Destinado aos soldados que partiam, era a primeira merenda que as mãos delicadas de um infinito número de senhoras e senhoritas paulistas, colocavam nas mãos dos nossos soldados. Linda ideia por certo esta, que só em almas delicadas e generosas poderia brotar.

Tratava-se de uma organização, concebida e dirigida pela Instrução Artística do Brasil à frente da qual se encontrava o belo e inteligente espirito da Sra. Helena de Magalhães Castro, credencial mais que suficiente para um feliz sucesso.

A 3 de agosto haviam já distribuídos em mãos, mais 31.000 lunchs aos nossos soldados que seguiam para a frente. Para tal obra, tinha aquela instituição recebido constantemente contribuições de biscoitos, pão, bolos, frutas, etc., destinados a tornar mais apetecível a merenda.

Nesse tempo, a Instrução Artística do Brasil acabava de fundar um posto análogo em Itapetininga, cuja direção estava confiada a D. Marianinha do Valle Netto, auxiliada por senhoras e senhoritas da sociedade daquela cidade.

Além disto, a Instrução Artística do Brasil mandava dizer diariamente uma missa, no altar de N. S. Aparecida, na igreja do Sagrado Coração de Jesus, às 8 horas, com assistência das senhoras e senhoritas que trabalham no preparo das merendas destinadas aos soldados.

A arte sem religião, é um corpo morto sem alma; impossível aquela viver sem esta: são portanto inseparáveis. O princípio tanta vez apregoado de: arte pela arte, é um erro mais que positivista, grosseiro, e que só a ignorantes atrai. É a matéria sublevada contra o espirito; o homem inferior defendendo seus apetites sensuais.

Bem haja pois a Instrução Artística do Brasil, que soube compreender tão alta doutrina, não separando em seu espirito e trabalho, a Arte da Religião.

- Texto transcrito do livro A Mulher Paulista no Movimento Pró Constituinte.






HELENA DE MAGALHÃES CASTRO


HELENA DE MAGALHÃES CASTRO
"Para a Phono-Arte, Helena de Magalhães Castro,
Rio 9/7/930".Arquivo Nirez


A cantora e declamadora HELENA DE MAGALHÃES CASTRO, que também era pesquisadora do folclore brasileiro, pianista, violonista, professora e homeopata. Sem dúvida, uma intelectual, bonita, carismática e com múltiplos talentos.

Nasceu em São Paulo, no bairro dos Campos Elísios em 18 de setembro de 1902, Helena de Magalhães Castro era filha de José Ferraz de Magalhães Castro, conceituado médico homeopata, e de Helena Faria de Magalhães Castro.

Formou-se professora na Escola Normal de São Paulo, Caetano de Campos.

Estando ligada à música desde pequena, ela era pianista, mas, optou por acompanhar-se ao violão em seu primeiro concerto, realizado no Theatro Municipal de São Paulo, em 1924.

Em 1931, ao lado do poeta Guilherme de Almeida e do maestro João Souza Lima, Helena fundou a Instrução Artística do Brasil (IAB).

A partir de então, “passou a engajar-se na divulgação da arte na difusão da instrução artística, uma vez que a instituição também tinha o propósito de levar a arte para as escolas, portanto, entende-se que a atuação de Helena ultrapassa o campo das manifestações artísticas para projetar-se no das educacionais, uma vez que, do mesmo modo que como outros intelectuais da época, via na arte, e especialmente na música, um instrumento de formação do indivíduo”.

Desde 1926 ela se correspondia com Mário de Andrade e, por suas ideias e atuação na IAB, eles se aproximaram mais.

Por meio da IAB, Helena participou da Revolução de 1932, coordenando o Lunch Expresso, kits em caixinhas distribuídos para os soldados, promovendo concertos, aliando-se a campanha Ouro para o bem de São Paulo e lançando revistas comemorativas sobre esse evento político”.

 

Helena lecionou declamação e música até meados de 1980, em sua residência na Alameda Barão de Limeira. Ela ainda conduzia a antiga farmácia de homeopatia da família, iniciada por seu pai.

Solteira e sem herdeiros, em 1987 propôs a doação de sua casa e de todo o seu acervo, incluindo a farmácia de seu pai, ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico de São Paulo (Condephaat), da Secretaria de Estado da Cultura. Mesmo sendo considerado um bem de grande interesse cultural, as negociações não prosperaram e, após sua morte, seus bens foram se dispersando, restando apenas alguns documentos e fotografias que foram recolhidos por técnicos do Condephaat e se encontram informalmente depositados nesse órgão.

Helena de Magalhães Castro viveu bastante. Em 1995, sofreu um derrame e ficou bastante debilitada, vindo a falecer de causas naturais nesse mesmo ano.

Helena de Magalhães Castro gravou vários discos na Victor, porém só foram comercializados três desses discos, em seis músicas no total.

Biografia de Helena de Magalhães Castro pela historiadora Marcelle de Andrade.

 




HELENA DE MAGALHÃES CASTRO
"Para a Phono-Arte, Helena de Magalhães Castro,
Rio 9/7/930".Arquivo Nirez


Helena de Magalhães Castro em 1980.
Acervo pessoal de Helena de Magalhães Castro.
Foto gentilmente cedida por Marcelle de Andrade.


 Referência.


RODRIGUES, J. A Mulher Paulista no Movimento Pró Constituinte. São Paulo: Empresa Gráfica Revista dos Tribunais, 1933, 191p.

https://www.marcelobonavides.com/2018/09/helena-de-magalhaes-castro-116-anos.html

https://portal014.com.br/

https://rciararaquara.com.br/cidade/9-de-julho

 

Publicado e editado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.

26/11/2021



DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

  Os homens de cor e a causa sagrada do Brasil   Os patriotas pretos estão se arregimentando – Já seguiram vários batalhões – O entusias...