A
EMOCIONANTE HISTÓRIA DA POMBA QUE EVITOU A MORTE DE SOLDADOS NA PRIMEIRA GUERRA.
Numa
cerimônia militar de grande pompa, o HERÓI DA 77ª DIVISÃO DE INFANTARIA DO
EXÉRCITO NORTE AMERICANO recebe a CROIX
DE GUERRE pelo valoroso serviço prestado em solo francês durante a Primeira
Guerra Mundial. Os Soldados sobreviventes da mesma divisão prorrompem em
aplausos. Ao longo do ato, o protagonista mantém um ar despreocupado. Tendo
agido sem pensar em prestigio, é indiferente às honras. Tal modéstia lhe
convém, pois ainda que se estique, sua altura máxima não passa de poucos
centímetros.
Este
singular condecorado é CHER AMI, o
pombo-correio que salvou o “Batalhão Perdido” da famosa Batalha da Floresta
Argonne.
CHER AMI, o pombo correio e sua medalha.
Em
1918, o auge da Primeira Guerra Mundial obrigou os militares envolvidos a
buscarem inovações tecnológicas e práticas para sair na frente durante as
batalhas. Com o objetivo de ajudar a Aliança, a Grã-Bretanha doou dezenas de
pombos treinados para o Exército dos Estados Unidos quando se instalaram na
França.
Os
militares utilizaram mecanismos para se defender dos inimigos. Uma das táticas
mais comuns era utilizar pombos-correios, para ajudar os soldados durante os
confrontos.
As
aves tinham o objetivo de enviar mensagens aos homens que estavam no campo de
batalha. Adestrados, rápidos e muito inteligentes, esses animais foram
responsáveis por salvar a vida de muitas pessoas e, consequentemente, evitar
tragédias ainda maiores.
Um
dos casos mais famosos foi o da pomba Cher
Ami. O animal foi responsável por salvar a vida de 194 homens.
Cher Ami
("querido amigo", traduzido do francês), foi a responsável por evitar
uma das maiores tragédias entre os estadunidenses. Durante a Ofensiva
Meuse-Argonne, em 3 de outubro de 1918, mais de 550 militares americanos se
perderam e acabaram em um lugar cercado de alemães, território inimigo.
Após
quatro anos de ferrenho conflito, os franceses, os ingleses e outros aliados
estavam num impasse com as Potências Centrais. Um fator importante, porém, pesava
em seu favor: o espirito de luta do inimigo já estava quebrado. Eles aproveitaram
esta hora crítica para desencadear a Ofensiva dos Cem Dias ao longo da Frente
Ocidental. Seu desfecho vitorioso, no dia 11 de novembro de 1918, assinalava o
fim da guerra.
Neste
embate, destaca-se o empreendimento de nove companhias americanas da 77ª
Divisão de Infantaria: eram 554 soldados, que, sob as ordens do alto comando,
haviam feito um rápido avanço no interior da perigosa Floresta Argonne, na
França. As unidades dos flancos, porém, não conseguiram acompanhar esta
manobra. Como resultado, a 77ª Divisão ficou isolada, presa numa ravina, e
cercada por forças alemãs. Por seis dias os soldados resistiram. Sem orientação
de saída e com a possibilidade de serem capturados, os homens isolados tiveram
que lidar com a escassez de comida, água e munição. Quando localizados, eram
executados por inimigos ou sofriam tiros dos próprios americanos, que não
sabiam que os homens na base inimiga seriam companheiros de missão. Em tal situação,
o major Charles White Whittlesey teve a ideia de acionar os pombos.
Dois
pombos foram enviados carregando mensagens sobre os feridos, a impossibilidade
de evacuação e uma solicitação por reforços. Antes da entrega, direcionada a
base americana, os pássaros foram abatidos por alemães. A terceira chance era
de Cher Ami. Sem papel, o major
Whittlesay teve de improvisar uma carta com papel de cebola e prender com um pedaço
de lata na perna esquerda da ave.
Contendo
a localização do grupo, na carta escreveu: - Estamos
junto à estrada do paralelo 276,4. Nossa artilharia está derrubando uma
barragem que está em cima de nós. Pelo amor de Deus parem!” - a pomba foi lançada, ao levantar voo por entre
a folhagem, houve uma rajada de artilharia e em apenas alguns segundos de voo,
foi atingida por um tiro, caindo de volta a floresta, junto tombaram cinco
soldados. Sua persistência, no entanto, surpreendeu as tropas, com um furioso
bater de asas conseguiu retomar a viagem e batendo suas asas por mais 25
minutos, até a base estadunidense, há cerca de 40 quilômetros atrás da linha de
frente, o soldado de plantão no Siganal Pigeon Corps ouviu o tilintar de uma
sineta indicando que uma das aves havia voltado ao pombal. Era Cher Ami. Devido a ação daquela ave, o
bombardeio cessou imediatamente e rapidamente
o socorro se pôs a caminho para auxiliar os 194 soldados restantes da 77ª
Divisão.
Ao
receber a mensagem, os militares notaram várias lesões impressionantes por todo o seu corpo; o
tiro atingiu a ave no peito, com os estilhaços cegou um de seus olhos, além de
deixar a perna direita pendurada por um tendão.
Heroína
que voa
Após
o susto, os médicos do Exército se esforçaram para garantir a vida da pomba,
com sucesso. Sua perna teve de ser amputada, porém, recebeu uma prótese de
madeira, além de cuidados e acompanhamentos até o fim da guerra. Condecorada
com o título de Herói da 77ª Divisão da
Infantaria, se tornou o animal de estimação do general John J. Pershing.
Ao
ser levada aos Estados Unidos, retomou o voo e excursionou por diversas
capitais como Estrela Nacional ostentando
sua medalha Croix de Guerre, além de ter seu orientador e cuidador, Enoch
Clifford, premiado pelos serviços prestados.
A
pomba faleceu no ano seguinte ao seu retorno, em 13 de junho de 1919, devido a
complicações causadas pelos ferimentos em batalha. Durante todo o tempo, os
militares acreditavam que Cher Ami
tratava-se de um pombo, porém, durante a realização de seu empalhamento, foi
descoberto que a ave era fêmea.
Cher Ami, a Estrela Nacional com sua medalha. |
Emblema do despretensioso
cumprimento do dever.
Qual
foi afinal, o verdadeiro valor da figura desta humilde ave para aqueles
soldados acrisolados pelo drama da guerra?
No
fundo, sabiam que Cher Ami havia
atuado por instinto, sem razão e, a
fortiori, sem mérito. Mas a glória deve exprimir-se por símbolos e,
justamente por ter cumprido sua missão de forma tão simples e direta, Cher Ami simbolizava uma forma de glória
que um monumento mais vistoso poderia não transmitir: a glória nascida da dor.
É a glória de quem assume o risco, que avança em favor do bem comum, esquecido
de si mesmo. É a glória do soldado anônimo, cuja identidade está inteiramente
imbricada na luta na qual está engajado: Não
quer ele representar para si ou para os outros um grande papel. Quer a vitória
de uma grande causa.
Este
soldado está convicto de que, por maior que seja a capacidade de um recipiente,
pode bastar uma gota para fazê-lo transbordar. Assim numa hora crítica, a
atitude de apenas um indivíduo pode mudar o curso da História. E, de fato, a
tenacidade com a qual aqueles homens mantinham a posição na Floresta Argonne
causou uma distração suficiente para permitir que as outras unidades aliadas
rompessem a linha inimiga, forçando um recuo. O aparente fracasso havia sido,
na realidade, um fator em prol da vitória definitiva.
Arte de Gabrielli Van Allen. |
Pombos da guerra
Os
pombos da guerra, como eram conhecidos, eram muito populares durante a I Grande
Guerra Mundial.
Sua
capacidade de voar através de áreas impenetráveis e não serem detectadas foi o
que atraiu o exército, que começou a usar estes animais para a comunicação de
guerra. As mensagens eram colocadas em pequenos sacos que eram encaixados no
tornozelo das aves, elas saíam voando até a chegarem em uma espécie de poleiro.
Assim que aterrissassem, a sua chegada era sinalizada por uma campainha, que
alertaria os vigilantes da comitiva militar para recuperar a mensagem e
enviá-la para quem fosse necessário. Em pouco tempo, os alemães começaram a
abater quase todos os pombos que viam, sabendo que provavelmente eles estariam
transportando informações importantes
Fonte.
Revista dos Arautos do
Evangelho, nº181, jan.2017, art. Ao Vosso Nome Dai Glória..., Ir. Elizabeth
Veronica MacDonald
emmundial.phtml?fbclid=IwAR34kciZKSrnEysWKgLdIcw_hfxPfDHT5df2L159BNdRXJjKnpnE_OGq4lU,
acesso em 09 de junho de 2021
Editado
e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.