sábado, 12 de junho de 2021

CHER AMI

 

A EMOCIONANTE HISTÓRIA DA POMBA QUE EVITOU A MORTE DE SOLDADOS NA PRIMEIRA GUERRA.



Numa cerimônia militar de grande pompa, o HERÓI DA 77ª DIVISÃO DE INFANTARIA DO EXÉRCITO NORTE AMERICANO recebe a CROIX DE GUERRE pelo valoroso serviço prestado em solo francês durante a Primeira Guerra Mundial. Os Soldados sobreviventes da mesma divisão prorrompem em aplausos. Ao longo do ato, o protagonista mantém um ar despreocupado. Tendo agido sem pensar em prestigio, é indiferente às honras. Tal modéstia lhe convém, pois ainda que se estique, sua altura máxima não passa de poucos centímetros.

Este singular condecorado é CHER AMI, o pombo-correio que salvou o “Batalhão Perdido” da famosa Batalha da Floresta Argonne.

 

CHER AMI, o pombo correio e sua medalha.


Em 1918, o auge da Primeira Guerra Mundial obrigou os militares envolvidos a buscarem inovações tecnológicas e práticas para sair na frente durante as batalhas. Com o objetivo de ajudar a Aliança, a Grã-Bretanha doou dezenas de pombos treinados para o Exército dos Estados Unidos quando se instalaram na França.

Os militares utilizaram mecanismos para se defender dos inimigos. Uma das táticas mais comuns era utilizar pombos-correios, para ajudar os soldados durante os confrontos.

As aves tinham o objetivo de enviar mensagens aos homens que estavam no campo de batalha. Adestrados, rápidos e muito inteligentes, esses animais foram responsáveis por salvar a vida de muitas pessoas e, consequentemente, evitar tragédias ainda maiores.

Um dos casos mais famosos foi o da pomba Cher Ami. O animal foi responsável por salvar a vida de 194 homens.

Cher Ami ("querido amigo", traduzido do francês), foi a responsável por evitar uma das maiores tragédias entre os estadunidenses. Durante a Ofensiva Meuse-Argonne, em 3 de outubro de 1918, mais de 550 militares americanos se perderam e acabaram em um lugar cercado de alemães, território inimigo.

Após quatro anos de ferrenho conflito, os franceses, os ingleses e outros aliados estavam num impasse com as Potências Centrais. Um fator importante, porém, pesava em seu favor: o espirito de luta do inimigo já estava quebrado. Eles aproveitaram esta hora crítica para desencadear a Ofensiva dos Cem Dias ao longo da Frente Ocidental. Seu desfecho vitorioso, no dia 11 de novembro de 1918, assinalava o fim da guerra.

Neste embate, destaca-se o empreendimento de nove companhias americanas da 77ª Divisão de Infantaria: eram 554 soldados, que, sob as ordens do alto comando, haviam feito um rápido avanço no interior da perigosa Floresta Argonne, na França. As unidades dos flancos, porém, não conseguiram acompanhar esta manobra. Como resultado, a 77ª Divisão ficou isolada, presa numa ravina, e cercada por forças alemãs. Por seis dias os soldados resistiram. Sem orientação de saída e com a possibilidade de serem capturados, os homens isolados tiveram que lidar com a escassez de comida, água e munição. Quando localizados, eram executados por inimigos ou sofriam tiros dos próprios americanos, que não sabiam que os homens na base inimiga seriam companheiros de missão. Em tal situação, o major Charles White Whittlesey teve a ideia de acionar os pombos.

Dois pombos foram enviados carregando mensagens sobre os feridos, a impossibilidade de evacuação e uma solicitação por reforços. Antes da entrega, direcionada a base americana, os pássaros foram abatidos por alemães. A terceira chance era de Cher Ami. Sem papel, o major Whittlesay teve de improvisar uma carta com papel de cebola e prender com um pedaço de lata na perna esquerda da ave.

Contendo a localização do grupo, na carta escreveu:  - Estamos junto à estrada do paralelo 276,4. Nossa artilharia está derrubando uma barragem que está em cima de nós. Pelo amor de Deus parem!” -  a pomba foi lançada, ao levantar voo por entre a folhagem, houve uma rajada de artilharia e em apenas alguns segundos de voo, foi atingida por um tiro, caindo de volta a floresta, junto tombaram cinco soldados. Sua persistência, no entanto, surpreendeu as tropas, com um furioso bater de asas conseguiu retomar a viagem e batendo suas asas por mais 25 minutos, até a base estadunidense, há cerca de 40 quilômetros atrás da linha de frente, o soldado de plantão no Siganal Pigeon Corps ouviu o tilintar de uma sineta indicando que uma das aves havia voltado ao pombal. Era Cher Ami. Devido a ação daquela ave, o bombardeio cessou imediatamente e rapidamente o socorro se pôs a caminho para auxiliar os 194 soldados restantes da 77ª Divisão.

Ao receber a mensagem, os militares notaram várias  lesões impressionantes por todo o seu corpo; o tiro atingiu a ave no peito, com os estilhaços cegou um de seus olhos, além de deixar a perna direita pendurada por um tendão.

Heroína que voa                                          

Após o susto, os médicos do Exército se esforçaram para garantir a vida da pomba, com sucesso. Sua perna teve de ser amputada, porém, recebeu uma prótese de madeira, além de cuidados e acompanhamentos até o fim da guerra. Condecorada com o título de Herói da 77ª Divisão da Infantaria, se tornou o animal de estimação do general John J. Pershing.

Ao ser levada aos Estados Unidos, retomou o voo e excursionou por diversas capitais como Estrela Nacional ostentando sua medalha Croix de Guerre, além de ter seu orientador e cuidador, Enoch Clifford, premiado pelos serviços prestados.

A pomba faleceu no ano seguinte ao seu retorno, em 13 de junho de 1919, devido a complicações causadas pelos ferimentos em batalha. Durante todo o tempo, os militares acreditavam que Cher Ami tratava-se de um pombo, porém, durante a realização de seu empalhamento, foi descoberto que a ave era fêmea.




Cher Ami, a Estrela Nacional com sua medalha.







Emblema do despretensioso cumprimento do dever.

Qual foi afinal, o verdadeiro valor da figura desta humilde ave para aqueles soldados acrisolados pelo drama da guerra?

No fundo, sabiam que Cher Ami havia atuado por instinto, sem razão e, a fortiori, sem mérito. Mas a glória deve exprimir-se por símbolos e, justamente por ter cumprido sua missão de forma tão simples e direta, Cher Ami simbolizava uma forma de glória que um monumento mais vistoso poderia não transmitir: a glória nascida da dor. É a glória de quem assume o risco, que avança em favor do bem comum, esquecido de si mesmo. É a glória do soldado anônimo, cuja identidade está inteiramente imbricada na luta na qual está engajado: Não quer ele representar para si ou para os outros um grande papel. Quer a vitória de uma grande causa.

Este soldado está convicto de que, por maior que seja a capacidade de um recipiente, pode bastar uma gota para fazê-lo transbordar. Assim numa hora crítica, a atitude de apenas um indivíduo pode mudar o curso da História. E, de fato, a tenacidade com a qual aqueles homens mantinham a posição na Floresta Argonne causou uma distração suficiente para permitir que as outras unidades aliadas rompessem a linha inimiga, forçando um recuo. O aparente fracasso havia sido, na realidade, um fator em prol da vitória definitiva.







Arte de Gabrielli Van Allen.


 

Pombos da guerra

Os pombos da guerra, como eram conhecidos, eram muito populares durante a I Grande Guerra Mundial.

Sua capacidade de voar através de áreas impenetráveis e não serem detectadas foi o que atraiu o exército, que começou a usar estes animais para a comunicação de guerra. As mensagens eram colocadas em pequenos sacos que eram encaixados no tornozelo das aves, elas saíam voando até a chegarem em uma espécie de poleiro. Assim que aterrissassem, a sua chegada era sinalizada por uma campainha, que alertaria os vigilantes da comitiva militar para recuperar a mensagem e enviá-la para quem fosse necessário. Em pouco tempo, os alemães começaram a abater quase todos os pombos que viam, sabendo que provavelmente eles estariam transportando informações importantes







Fonte.       

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/cher-ami-pomba-que-salvou-194-soldados-na-primeira-guerra-   

Revista dos Arautos do Evangelho, nº181, jan.2017, art. Ao Vosso Nome Dai Glória..., Ir. Elizabeth Veronica MacDonald

emmundial.phtml?fbclid=IwAR34kciZKSrnEysWKgLdIcw_hfxPfDHT5df2L159BNdRXJjKnpnE_OGq4lU, acesso em 09 de junho de 2021

https://br.blastingnews.com/curiosidades/2018/05/cher-ami-a-pomba-que-salvou-200-soldados-durante-guerra-002548741.html

 

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.


sábado, 5 de junho de 2021

A PALAVRA DO Dr. PAULO MARIA DE LACERDA À MOCIDADE ESTUDIOSA.

 

CARTA ENVIADA À LIGA PAULISTA PRÓ CONSTITUINTE.

 

O Dr. Paulo Maria de Lacerda, Presidente do Clube 24 de Fevereiro, enviou à Liga Paulista Pró Constituinte a seguinte carta:

 

Rio de Janeiro, 27 de maio de 1932.

Meus jovens colegas da Liga Paulista Pró Constituinte.

A 24 do mês passado, quando saia do Teatro Municipal após a conferência, que acabava de realizar a convite vosso, e via-me cercado por todos vós e grande multidão de meus conterrâneos, levantei um viva a São Paulo livre, correspondido e repetido com formidável emoção. Eu me dirigi, nesse momento aos estudantes, cujo convívio me é sempre tão agradável e cativante pela sinceridade das expressões com que se manifestam, e lhes disse energicamente que desejava, que queria mesmo, que eles conservassem na alma e no coração, os sentimentos nobilíssimos de patriotismo e de amor ao grande Estado onde nasceram e estão concluindo a educação para lutar e vencer na vida, e que tivessem a coragem de manifestar e até afirmar esses mesmos sentimentos. E acrescentei que voltaria para o meio de vós, verificando se deverás, fostes dignos de vós, das vossas famílias, da terra adorável que vos cobriu de benção e carinhos os berços em que vos embalastes.

Aqui nestas linhas preciso expandir a minha satisfação e o mais justo orgulho. Se ainda me não foi dado efetivar aquela verificação, pessoalmente voltando ao vosso grêmio, quero declarar de ânimo comovido, que reconheço haverdes conservado acesos os crisões de tão elevados sentimentos que são os vossos corações juvenis. Mas quero também vos dizer, com sinceridade e admiração que deveis estar vigilantes, prosseguindo no propósito de lutar, heroicamente, como tendes feito, pela Constituição por São Paulo; porque muitos e muitos perigos cercam as vitórias conseguidas por vós, com esforço, constância, abnegação e até com sangue – com o generoso sangue dos meus caros estudantes que, como o dos mártires há de redimir os erros do presente e fecundar o coração paulista e brasileiro para a mais vigorosa germinação dos verdadeiros sentimentos de amor a Pátria consubstanciados na ordem legal, na conquista pacifica, generosa e forte dos estados gloriosos no curso infinito do progresso humano.

Nestas palavras vão as expressões da minha admiração e os mui sinceros cumprimentos do velho colega e amigo – Paulo Maria de Lacerda

 

Esta carta foi publicada no Jornal Folha da Manhã no dia 2 de junho de 1932.

 

Folha da Manhã, 02/06/1932




CLUBE 24 DE FEVEREIRO

Associação fundada em 16 de fevereiro de 1932 no Rio de Janeiro, na sede do Clube de Engenharia, com a finalidade de “incrementar a campanha cívica em prol da volta do país ao regime constitucional”. Sua denominação foi uma homenagem ao dia da promulgação da primeira Constituição republicana, em 1891.

O Clube 24 de Fevereiro foi criado num período de grande agitação política, quando setores de oposição a Getúlio Vargas intensificaram suas pressões no sentido da reconstitucionalização do país. Em São Paulo, em fevereiro de 1932, foi fundada a Frente Única Paulista (FUP), coligação política formada pelo Partido Democrático, pela “ala moça” do Partido Republicano Paulista e pela Liga de Defesa Paulista. No Rio Grande do Sul, a Frente Única Gaúcha (FUG), fundada em 1928, também participou do movimento em favor da reconstitucionalização.

A primeira diretoria do Clube 24 de Fevereiro, escolhida no dia de sua fundação, era constituída pelo general Lauro Sodré, ex-constituinte em 1891, que ocupou a presidência; Paulo Lacerda e Nestor Massena, indicados respectivamente para a vice-presidência e para a secretaria geral, e os tenentes Adacto Pereira de Melo e Luís Albernaz (este último da Marinha), eleito primeiro e segundo-secretários, respectivamente. Luís Ferreira Guimarães e A. B. Machado Florence foram designados para as diretorias de serviços internos e de serviços externos. Entre os membros do clube figuravam o tenente Agildo Barata e José Eduardo de Macedo Soares, proprietário do Diário Carioca.

As medidas punitivas contra o clube se acentuaram no final de fevereiro, quando o capitão Floriano Keller e o tenente Adacto Pereira de Melo foram impedidos de se matricular na Escola de Estado-Maior. Esses dois oficiais e o tenente Flodoaldo Maia, que também era integrante do clube, foram transferidos do Rio, sendo deslocados para guarnições distantes.

A repressão ao Clube 24 de Fevereiro foi uma das causas do pedido de demissão, datado de 3 de março de 1932, do ministro do Trabalho Lindolfo Collor. Em carta a Vargas, Collor criticou, entre outros pontos, o ministro da Guerra, general José Fernandes Leite de Castro, por este ter autorizado a transferência dos oficiais ligados ao clube.

O clube foi dissolvido pela polícia de Vargas no decorrer de 1932.

 

LIGA PAULISTA PRÓ CONSTITUINTE

Organização política criada em fevereiro de 1932 pelos acadêmicos da Faculdade de Direito de São Paulo, sob a liderança de Roberto Vítor Cordeiro. Desapareceu após a rendição das forças constitucionalistas, ocorrida em 2 de outubro de 1932.

Tendo por quartel-general o “velho casarão das Arcadas”, ou seja, o prédio da Faculdade de Direito, situado na praça cívica em que se transformara o largo de São Francisco na capital paulista, a liga foi criada como o “órgão da mocidade independente”, com o propósito de trabalhar pela arregimentação da juventude, organizando-a em batalhões civis militarmente treinados para participar da luta armada que se aproximava.

Através de inúmeros boletins e proclamações, largamente distribuídos na cidade, a liga conclamava os paulistas ligados à causa constitucionalista a comparecerem à sua sede, onde se alistariam no exército civil e receberiam armas. Confiantes na justeza de sua causa, grupos de estudantes distribuíam também panfletos e afixavam cartazes divulgando suas palavras de ordem: “Paulistas: a Liga Paulista Pró-Constituinte concita a juventude ao cumprimento do dever indeclinável de cerrar fileiras em torno do movimento de redenção nacional que ora se inicia.” Os jovens apelavam ainda para que as “mães paulistas” autorizassem seus filhos a se empenhar na defesa da “honra de São Paulo”.

A ação da liga durante a Revolução de 1932 foi intensa. O entusiasmo e a combatividade que uniram os estudantes a ela filiados, identificando-os com os demais agrupamentos políticos empenhados no movimento constitucionalista, não foi capaz de resistir, entretanto, à força militar do governo federal. Após quase três meses de luta armada, São Paulo acabou derrotado.

Com o término da revolução, a maioria das organizações criadas principalmente para alistar os civis paulistas se dissolveu.

 

Jovens da Liga Paulista em manifestação em São Paulo.




Monumento na Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco, São Paulo
 em homenagem aos acadêmicos que morreram durante a revolução de 1932




"A Cabeça", representa o estudante morto na Revolução de 1932,
em bronze, esculpida por Adriana Janacopolis.



Fonte.

Jornal Folha da Manhã, 2 de junho de 1932, acesso 02 de jun.de 2021.

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/clube-24-de-fevereiro

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/liga-paulista-pro-constituinte

http://blogdodelmanto.blogspot.com/

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

  Os homens de cor e a causa sagrada do Brasil   Os patriotas pretos estão se arregimentando – Já seguiram vários batalhões – O entusias...