Voluntários Estrangeiros que morreram durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
Muitos estrangeiros não titubearam em empunhar armas para lutar junto ao Exército Constitucionalista, voluntariaram-se, muitos deles, lutando até o final da Revolução.
Grandes exemplos foram dados ao Brasil, em 1932, pela mocidade paulista, pelas mulheres, por homens mais velhos e pelos estrangeiros radicados no país, entusiastas da causa que a sua terra defendia. Uns voltaram. Outros não. Mas o legado de coragem, civismo e amor à Pátria foi deixado por todos eles.
Salve o Soldado Constitucionalista! Honras aos estrangeiros, Voluntários Constitucionalistas, que morreram por São Paulo e pelo Brasil!
Aqui vamos homenagear estes bravos soldados, Heróis de 32, Voluntários Estrangeiros, que perderam a vida lutando pela Constituição do Brasil, pela Lei e pela Ordem.
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Urnas com os restos mortais de ex-combatentes da Revolução Constitucionalista (Foto: Luísa Brito/G1) |
- ALEMANHA:
CURT MIRWALD
Nasceu em Memel, Alemanhã no dia 8 de abril de 1899, filho de Germano Mirwald e Thereza Mirwald. Era casado com Elizabeth Mirwald e tinha 3 filhos: Arnaldo, Henrique e Hans.
Curt Mirwald, incorporado no 4º Batalhão de Caçadores Voluntários, na 5ª Compainhia da Brigada do Sul e lutou até o último dia da Revolução. Sua morte deu-se em circunstâncias especiais. Morreu no dia 3 de outubro, num desastre de caminhão, próximo à Capital de São Paulo, quando nossas tropas estavam se retirando. Foi sepultado em São Paulo.
GUSTAVO BORGES JUNIOR
Nasceu em Berlim, Alemanha, filho de Gustavo Borges e Emma Borges, tinha dois irmãos: Elisa e Jacintho. Era solteiro exercia a profissão de mecânico.
Lutou no 9º Batalhão de Caçadores da Reserva no Setor Sul.
Foi ferido mortalmente em combate por estilhaços de granada, faleceu em 3 de setembro, morreu dando Vivas a São Paulo e a Constituição. Um pouco antes de falecer pediu ao médico, que o atendia, para que fosse enterrado longe de São Paulo porque só seria digno de retornar depois de alcançada a vitória. Em seu capacete escreveu em português e inglês:
“Vencer ou morrer!
A morte mais sublime é a morte do herói!
Tombar com honra na primeira linha!
Soldados da Constituição!
Honrai a memória deste bravo tombado no campo de batalha!”
Foi sepultado em Itapetininga e posteriormente transladado para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932 em São Paulo.
JOÃO JOAQUIM BÖHM
Era natural de Dresden, Alemanha, filho de Rudolph Bohm e Elisabeth Bohm foi casado com Erna Margarida Bohm. Formou-se como Engenheiro Civil na Universidade de Konigsberg, na Alemanha. Residia há muito em São Paulo e durante a Revolução esteve adido à Escola Politécnica como instrutor de granadas de mão.
João Joaquim, tinha 38 anos, era integrante de Unidade de Voluntários do Exército Constitucionalista do Setor Leste. Engenheiro, profundo conhecedor de granadas de mão, fez-se não só auxiliar de sua fabricação como, principalmente instrutor do seu manejo. Para isso, ia e vinha continuamente do Laboratório de Ensino de Materiais da Escola Politécnica para as linhas de frente, porque as suas lições eram dadas aos combatentes – magnifica escola de granadeiros! – em frente o inimigo, sob o bombardeio constante e a ininterrupta fuzilaria. Mal sentia escassear a sua munição preferida, volvia a São Paulo buscar mais. Na sua impaciência, não esperava as providências e as remessas feitas pelo Estado Maior. Preferia levar pessoalmente um punhado de caixotes cheios. Esteve em todas as frentes, sempre jovial e animoso. A 5 de setembro, depois de ter estado vários dias no Túnel ministrava suas lições aos combatentes de Bragança, no posto avançado de Joanópolis, quando uma das granadas explodiu inopinadamente, dilacerando-lhe o ventre e provocando forte hemorragia em consequência da qual morreu.
WALTER VOSS
Era alemão de nascimento, tendo servido na Aviação Imperial Alemã, na Grande Guerra. Era casado com uma brasileira, Nair Veiga Reis Voss e tinha uma filha.
Walter Voss foi vítima de um desastre de aviação, quando com outros companheiros, inclusive Jayme Taveira, pretendiam chegar a São Paulo para incorporar-se ao Exército Constitucionalista. Alguns dizem, ainda, que o aparelho em que viajavam foi bombardeado. O incidente e consequente morte de vários bravos rapazes deu-se em Meriti, no dia 25 de setembro.
WILLY SCHEERSCHIMIDT
Nasceu em Erfurt na Alemanha, no dia 26 de maio de 1912, era filho de Wilhelm Scheerschmidt. Era solteiro e exercia a profissão de mecânico.
Willy Scheerschimidt, incorporado ao Batalhão Bandeirantes, que ficou adido ao 10º Batalhão de Caçadores da Reserva. Sob o comando do Capitão Alexandre Poludarow (russo), partiu para o Setor Sul. Lutou com o denodo dos legítimos soldados constitucionalistas, tendo, no entanto, morte instantânea, varado por uma rajada de metralhadora, juntamente com alguns de seus companheiros, inclusive seu valente comandante, no dia 28 de setembro, em Taquaral, no referido setor. Foi transportado para a Capital do Estado e sepultado no Cemitério São Paulo, na sepultura 404, quadra 39.
- ÁUSTRIA:
FRANZ J. SCHRAMM
Foi oficial combatente da Grande Guerra, o Capitão Franz J. Schramm era natural de Viena, Austria filho de Franz Schramm e de Maria Schramm, nascido a 18 de agosto de 1891. Era casado com Antonieta Schramm. Comerciante em São Paulo.
Na retomada de uma trincheira em Pedreira, Setor de Vila Queimada, o Capitão Franz J. Schramm, comandante da 1ª Companhia do Batalhão de Assalto, dirigiu o assalto, avançando à frente dos seus soldados contra a posição adversária. Uma certeira rajada de metralhadoras abateu-lhe o ímpeto, matando-o instantaneamente, mal havia dado poucos passos a descoberto. Incorporado a 16 de agosto, a 20 seu corpo baixou à sepultura no próprio local onde tombara.
GERMANO FUNKE
Nasceu em 20 de fevereiro de 1896, na cidade de São Pedro de Lins, Áustria. Era casado com Thereza Funk e tinha dois filhos: Guilherme e Oscar. Em 1932 era funcionário da Firma Byington & Cia.
Germano alistou-se no Exército Constitucionalista e foi designado para o Batalhão de Assalto, do destacamento do Tenente Coronel Agnello de Souza. Faleceu em consequência de ferimento recebido na cabeça em um combate travado em Vila Queimada, no Setor Norte, em meados de agosto.
- ESPANHA:
CESAR MATHEUS
Era espanhol, nasceu em Granada, Espanha no dia 11 de março de 1895, filho de Olochio Matheus e Angelina Matheus, era casado com Aurélia Penha Mattos, tinha cinco filhos: Carlos, Liana, Cesar, Nair e Celso.
Cesar Matheus era Repórter Fotográfico de “A Tribuna”, de Santos. Fora às linhas de frente buscar aspectos inéditos. Trazia-os. Muitos jornalistas abandonaram as redações e foram para as trincheiras buscar as notícias para as edições, arriscando suas vidas. Cesar Matheus retornava de uma missão jornalística, próximo à Pindamonhangaba, seu automóvel sofreu uma avaria. Enquanto o motorista concertava-o, Matheus passeava pela estrada. Um outro veículo, com um motorista apressado, correndo doidamente sem dar aviso, surgiu de repente na estrada. Matheus não teve tempo de fugir e foi apanhado em cheio. Foi levado para o hospital em Pindamonhangaba, ali faleceu pouco depois era o dia 29 de setembro. Morreu no exercício da sua profissão como repórter de guerra.
JOSÉ ARRAIS SANCHES
Era espanhol, tinha 59 anos. Foi casado com Alice Prado Sanches, em segundas núpcias, tinha três filhos.
José Arrais era Cabo reformado da Força Pública, apresentou-se logo que teve início o movimento revolucionário, sendo mandado servir num corpo de emergência em serviço no campo do Canindé, em São Paulo. No dia 22 de setembro, quando em serviço, sofreu um desastre de automóvel, em virtude do qual veio a falecer na mesma noite, na Santa Casa.
PAULINO DUENHA
Espanhol de Granada, nasceu em 2 de junho de 1891, era filho de Affonso Duenha e de Maria Martins. Era motorista por profissão. Era casado e tinha sete filhos: Paulino, Affonso, Francisco, Mario, Elvira, Oswaldo e Irene.
Paulino Duenha , voluntário do Batalhão Bahia, incorporado em 19 de julho, promovido a Sargento pouco depois. Foi durante um combate no Túnel da Mantiqueira, no dia 8 de agosto que Paulino foi ferido mortalmente por estilhaços de granada, removido para o Hospital Militar da Força Paulista em São Paulo, não resistiu. Foi sepultado no Cemitério São Paulo.
- HUNGRIA:
ESTEVÃO CHOPINSK
Seus dados biográficos são muito deficientes. Soube-se, apenas, que era de nacionalidade húngara, presumindo-se por uma carta encontrada em um dos seus bolsos que era casado com Bertha Voigt.
Estevão Chopinski, era veterano da Grande Guerra foi um combatente das forças paulistas. Incorporou-se em São Paulo, no Batalhão de Assalto, também chamado de índios loiros e seguiu para o Setor Norte, ocupando o posto de segundo tenente, estando diretamente sob o comando do Major Arcy da Rocha Nobrega. Morreu em Vila Queimada, no Morro Verde, no dia primeiro de setembro, em consequência de uma granada que vitimou não só Estevão, mas outros soldados da mesma companhia. Consta-se que foi sepultado no próprio local.
SEBASTIÃO VALENTIM
Era húngaro, tinha 45 anos de idade presumivelmente. Era casado. Tinha seis filhos. Trabalhou por muito tempo na Companhia Docas e residia em Santos em 1932.
Sebastião Valentim (mais propriamente Valentino Sebastiano) ingressou no Batalhão de Operário de Santos, com o fim de defender, com entusiasmo e com ardor, a causa de São Paulo, que lhe pareceu digna de sacrifícios.
Faleceu em Vila Queimada, no Morro Verde no dia primeiro de setembro, juntamente com vários companheiros de armas, em consequência de ferimentos produzidos por estilhaços de granada. Consta que foi sepultado no mesmo local em que caiu.
- INGLATERRA:
CARLOS SCHUMACKER
Guilherme Schumacker e Jandyra Schumacker, veio para o Brasil com seus pais, durante aquele mesmo ano de seu nascimento. Considerava-se paulista e como paulista foi que partiu para a luta em que sacrificou sua vida. Era irmão de Frederico e Guilherme.
Em 29 de julho, durante combates na Fazenda Moraes, na cidade de Queluz, Carlos Schumacker, o inglês-paulista, caiu varado de estilhaços de Schrapnell, depois de haver combatido apenas quinze dias. Seu corpo foi sepultado em Queluz.
A Fazenda Moraes era caminho para Engenheiro Passos. Dali, dos seus morros elevados e íngremes, os voluntários paulistas despejavam sobre as tropas de fuzileiros navais e do exército ditatorial as suas escassas munições.
- Schrapnell - projéteis de estilhaços eram munições de artilharia antipessoal que carregavam muitas balas individuais perto do alvo e depois as ejetavam para permitir que continuassem ao longo da trajetória da bala e atingissem o alvo individualmente.
- ITALIA:
ALFREDO ALBERTINI
Natural da Província de Roma, Itália, nasceu a 17 de fevereiro de 1900, filho de Serafino Albertini e Rosa Frabbretti, em 1932 eram residentes naquele país. Tinha dois irmãos: Amalio e Elvira. Alfredo foi combatente da Grande Guerra de 1914/1918 e residia em Santos, onde exercia a profissão de mecânico e era conhecido como exímio motorista.
Alfredo Albertini vindo para São Paulo, apaulistou-se integralmente. Quando se iniciou a Revolução Constitucionalista, sentiu-se tanto quanto nós. O Tiro Naval de Santos, embarcou para a luta. Alfredo, não podendo ir no mesmo dia, seguiu-o e foi alcança-lo em Silveiras a 15 de julho. Ali combateu valentemente, provando a sinceridade do seu amor à Pátria que adotara. Obteve graduações. E em dois de setembro, consumou o sacrifício de sua vida quando, de madrugada, ocupava uma posição perigosa. Seu corpo, transportado para Santos, repousou no Cemitério do Paquetá.
LUIZ FACCINI
Italiano, nasceu em Treviso, no ano de 1889. Veio cedo para o Brasil, radicando-se em São Paulo. Viúvo, tinha quatro filhos: Irma, Iride, Natalio e Isaura.
Na manhã fatídica de 1º de setembro, o Batalhão Bento Gonçalves, 11º Batalhão de Caçadores da Reserva, perdeu mais de uma dezena dos seus homens, vitimados todos por uma granada de artilharia caída no centro de um grupo de rapazes que descansavam, um pouco atrás das trincheiras do Morro Verde, em Vila Queimada. Luiz Faccini, voluntário da 1ª Companhia, sob o nº 107, estava também neste grupo e foi colhido pelos estilhaços e pela própria explosão. Hospitalizado em Cruzeiro, ali morreu no dia seguinte sendo sepultado no Cemitério local, onde sua lápide tomou o nº 366.
- PORTUGAL:
ALBANO JOSÉ PIRES
Nascido em Portugal em 24 de junho de 1874, ele viera há muito para o Brasil. Era filho de Francisco Pires e Leopoldina Augusto Pires. Adaptando-se ao meio, naturalizou-se brasileiro e constituiu família, foi casado com Maria dos Reis Pires e tinha os seguintes filhos: Leopoldina, Luiza, Albano, Alzira e Haydée. Veterano de lutas passadas, Albano fizera a campanha de 1924, contra os revoltosos, tendo mesmo tomado parte na coluna que os perseguiu pelo norte do país. Em 1930, serviu no corpo da Aviação da Força Pública.
Albano José Pires é mais uma prova de quanto a terra paulista prende e se faz amar pelo alienígena. Entrando para a Força Pública, ali fez os estágios necessários e estava, ultimamente, a serviço da Repartição do Material Bélico, de onde saiu para a trincheira, sob o comando do Tenente Coronel Salvador Moya. Combateu no Setor Sul, valentemente. No combate do Fundão, recebeu grave ferimento na cabeça, sendo imediatamente hospitalizado em Capão Bonito, onde faleceu quase ao chegar, no dia 31 de agosto. Sepultado naquela cidade, foi posteriormente seu corpo trazido para o Cemitério da Quarta Parada, na Capital.
ANTONIO AMARO
Nasceu em Castelo Velho, Portugal, a 24 de abril de 1891, filho de Eduardo Amaro e Anna Amaro. Casado com Christina Martins Amaro, era comerciante e proprietário em Tanabi. Naturalizado brasileiro, exercera, por várias vezes cargos públicos naquela cidade paulista.
Antonio Amaro há muito se integrara com a nossa gente da cidade e do sertão. Iniciada a Revolução, residindo em Tanabi, fez parte da comissão local do M.M.D.C., a eficientíssima organização da retaguarda. Não ficou satisfeito, porém, com o valioso auxílio que ali prestava. Queria fazer mais. E, conhecedor da região de Porto Taboado, tornou-se guia das tropas comandadas pelo Capitão José Teixeira Pinto. A 12 de agosto, ia ele à frente da tropa, próximo ao córrego Jacu Queimado, quando, ao frontear a residência do Sr. João Wenceslau, uma força adversária atacou-a de surpresa. Antonio Amaro foi o primeiro a cair, com um ferimento na cabeça, morreu instantaneamente. Seu corpo foi jogado ao rio Paraná, pelos adversários, sem que os remanescentes da tropa que ele guiava – o 1º Batalhão do Rio Preto – pudessem dar-lhe uma sepultura cristã.
ANTONIO AUGUSTO
Nasceu em Portugal, no dia 12 de abril de 1908, filho de José Varanda e Maria Magdalena. Era casado com Sylvina Amélia e tinha uma filha, Amélia Augusto.
Antonio Augusto era foguista na Estrada de Ferro Sorocabana quando se instalou a Revolução Constitucionalista. Seus serviços foram requisitados. Ele, embora estrangeiro, pôs-se imediatamente à disposição para servir à causa que São Paulo defendia. E foi no seu posto de trabalho que no dia 8 de agosto, entre as estações Muniz de Souza e Engenheiro Maia, foi ferido na perna, por inúmeros tiros. Transportado para o Hospital de Sorocaba ali morreu alguns dias depois. Foi sepultado em Itapetininga.
JOSÉ PINTO DE ANDRADE JUNIOR
Português de Vizeu, nascido a 3 de novembro de 1898, veio menino ainda para o Brasil, fixando-se em São Paulo. Aqui formou seu espirito, estudou e fez-se homem. No Mackenzie College (Universidade Mackenzie), após o curso bem feito, colou grau de Engenheiro Químico. Ali e no círculo em que vivia, fez amizades sólidas e profundas. Filho de José Pinto de Andrade e Mathilde da Conceição Cabral Andrade e irmão de Ophelia de Andrade Castro, casado com Yvonette Marcondes de Andrade e tinha duas filhas gêmeas: Carmem Mathilde e Maria Cecilia.
No decorrer da guerra de 32, todos os valores foram aproveitados dentro de cada especialidade. José Pinto de Andrade Junior era Engenheiro Químico. Foi destacado, quando se apresentou, para o serviço de fabricação de granadas, em Quitaúna. Muito serviço tinha prestado, dedicadamente, a São Paulo no mister que lhe fora atribuído, quando, a 28 de agosto, uma combinação inesperada de dois ácidos provocou forte explosão. Ferido gravemente. Andrade Junior foi trazido para o Instituto Paulista. Tratamento rigoroso, carinhosa atenção e cuidados sem conta não valeram para salva-lo. Sofreu uma semana inteira e a 3 de setembro afinal, a morte venceu. Foi sepultado no Cemitério São Paulo.
MANOEL JOAQUIM VILLA D’ALBA
Nasceu em Portugal 47 anos antes, filho de Francisco Villa D’Alba e Maria Cândida Valente. Era casado com Maria do Nascimento Villa D’Alba. Deixou brilhante fé de ofício na Força Pública, tendo merecido elogios especiais em 1910,1922 e 1929.
Com a 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros, seguiu para o Setor Norte, a 28 de julho, o Soldado nº 2, Manoel Joaquim Villa D’Alba, que foi tomar posição na encosta invicta do Túnel da Mantiqueira, onde lutou com galhardia até 23 de agosto, dia em que um tiro de fuzil na cabeça prostrou-o sem vida. Foi sepultado em Cruzeiro.
MANOEL MARTINS
Português de Funchal, nascido em 1899, veio cedo para o Brasil, instalando-se em Casa Branca, onde entrou para o serviço da Mogiana. Era filho de Antonio Martins e Maria Perpétua. Casado com Amélia Martins, tinha quatro filhos.
Dentre as improvisações dos paulistas para a guerra de 32, vale salientar a dos Trens Blindados, que se tornaram armas bastante temidas pelos adversários, dado o seu grande poder ofensivo. Eram verdadeiros encouraçados sobre trilhos, fortemente armados de metralhadoras e fuzis, capazes de avançar pelas linhas adversárias, indo destroça-las em suas próprias posições. No Trem Blindado que percorreu as linhas da Companhia Mogiana, serviu como foguista Manoel Martins, antigo empregado da Estrada. Serviu com lealdade e valor na Coluna Romão Gomes. A 4 de setembro, porém, uns dos interstícios que na locomotiva foram deixados para a entrada de ar, deixou passar um tiro de fuzil adversário que o alcançou em ponto mortal. Morreu assim Manoel Martins, entre Lagoa e Casa Branca, quando era levado a receber curativos. Sentindo-se morrer ele não se lamentou, nem considerou mal empregada a sua vida, dada assim em holocausto a uma nobre causa. Pensou apenas na família e foram para ela as suas últimas palavras.
- RUSSIA:
ALEXANDRE POLUDAROW
Nasceu em Rostoff, na Rússia, no dia 30 de agosto de 1893. Era filho de Theodoro e Anna Poludarow. Deixou viúva Olga Poludarow, e uma filha de nome Margarida. Poludarow adotou a cidade de São Paulo e o Brasil como lar e nova vida de negócios, mas sua alma militar foi além. A força russa que ajudou São Paulo e o Brasil pela Constituição.
Em um plano de destaque está Alexandre Poludarow, homem de recursos e de situação definida, russo do nascimento. Incorporou-se ao Exército Constitucionalista na Capital de São Paulo, seguindo para o Setor Sul, como Capitão Comandante do 1º Batalhão Bandeirantes, no dia 18 de setembro. Experimentado e culto, oficial da Rússia, do Regimento de Cossacos do Tzar, veterano da Grande Guerra, Poludarow estava fadado a prestar relevantes serviços. Não quis a sorte que isso acontecesse. No dia 29 de setembro, em consequência de um ferimento no estômago, produzido por tiro de fuzil, sucumbia ele nas margens do Rio Guapiara, no citado Setor. Seu corpo foi transportado para a Capital do Estado, onde lhe foi dada sepultura, com todas as honras militares, no Cemitério São Paulo.
- SÍRIA:
ELIAS BEDRAM
Natural do Líbano, Síria, nasceu em 10 de novembro de 1900 e há muito radicara-se no Brasil, a ponto de se considerar paulista. Residia em Bragança, onde comerciava em sociedade com seu irmão Mansur Bedran. Era solteiro.
Elias Bedran é mais um elemento do contingente bragantino do Batalhão Bahia sacrificado no Túnel da Mantiqueira. Morreu a 21 de julho com o crânio literalmente esfacelado. No Batalhão, tinha o nº 102 da 2ª Companhia, recebido no dia 14 de julho, quando se apresentara à incorporação. Só três dias após a sua morte o seu corpo pode ser sepultado.
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Foto ilustrativa - Batalhão Constitucionalista. |
MONTENEGRO, B; WEISSHON, A. A. (org.) CRUZES PAULISTAS: os que tombaram em 1932 pela gloria de servir São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1936. 516p.
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Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo
03/07/2020