sexta-feira, 22 de maio de 2020

23 de Maio Dia da Juventude Constitucionalista.












VAMOS SÃO PAULO.


Passeata do dia 23 de Maio de 1932.




Na hora, sem dúvida gravíssima, que o Estado de S. Paulo atravessa, não se sabe ao certo o que mais enaltecer e admirar: se a coragem indômita dos que se atiraram à luta, se o desprendimento magnifico de que, no momento de perigo, dá vivo exemplo a unanimidade da família paulista.
Esgotou, o nosso Estado, gota a gota, todo o fel que, mãos hábeis, requintadas no martírio de um cativeiro, foram solicitadas em levar-lhe aos lábios ressequidos e ávidos de longos haustos, de liberdade merecida.
E, hoje, é uma torrente impetuosa, que o desespero lançou à rude campanha fraticida, contra os mais fortes obstáculos, contra os óbices mais altos, na defesa de um ideal espezinhado, enodoado, pela inépcia daqueles que tripudiaram sobre a aparente fragilidade dos bandeirantes de agora.
Neste momento de apreensões e de dúvidas para a grandeza da Nação Brasileira, contrasta a atitude entusiasta e nobre de nossa gente, na alegria incontida de quem desfraldou a bandeira do Bem, de quem se ajoelhou comovido à benção da Mãe Pátria.
Numa disparidade de forças e elementos de combate visível aos olhos menos avisados, o gesto de S. Paulo redobra de heroísmo, sem um segundo se quer de hesitação na marcha para a luta gloriosa, onde talvez tombará vencido, de onde talvez virá, roto e faminto, mas coberto pelos louros da vitória.
O dia de hoje não comporta dubiedades.
Amanhã é possível que não sorria o mesmo céu azul que nos convida, límpido e belo, como grandioso e puro é o motivo da arrancada paulista; amanhã é possível que não cintile no firmamento de nosso torrão amado o mesmo sol benfazejo e quente que se abriu para os dias lindos desta Revolução sem par.
Vamos, S. Paulo, S. Paulo coração, - S. Paulo Homem, - S. Paulo incentivado pelo coração da Mulher Paulista!
Vamos, brasileiro de S. Paulo, escolhe com a tua consciência de homem livre, com a tua vontade de cidadão civilizado: ou o esforço titânico em prol da tua libertação; ou o tronco que, vê-o bem, te espera na senzala. Não há como fugir à alternativa.
Ou serás farrapo humano, aguilhoado ao posto de tormento, retalhado ao chicote desumano dos que fizerem de nós seus vencidos dos campos de batalha, ou bandeirante invicto que voltou com honra, para a glória dos seus.
Não há lutas internas, rivalidades de aldeia, política adversa que possa roubar-nos um momento de atenção, posto que isso seria criminosa inconsciência dos que não querem bem à sua terra, dos que não comungam com a causa de S. Paulo.
Contemos com as nossas próprias forças, com a nossa vontade, com a nossa disposição. Outros hão de vir, ao nosso lado, pela legitimidade de nossos projetos, pelo objetivo nobre de nosso ideal. E nós lhe abriremos, felizes, os nossos braços de irmãos. Mas nos firmaremos na doçura esperançosa dessa e de outras suposições. É sobre S. Paulo que pesa nesta hora, o madeiro da Redenção.
Tudo e todos pela vitória de S. Paulo.
(Dr. Emilio Lansac – O Município – 16/07/32)




Combatentes de Lygiana, Capão Bonito.




Nossas honras aos Jovens Constitucionalista de 1932!




Batalhão da Legião em Negra em desfile em São Paulo


O descontentamento do povo paulista com o Governo Federal acabou ocasionando vários comícios, realizados na capital paulista com enorme participação popular e discursos inflamados que defendiam o brio do povo bandeirante.
Em 22 de maio de 1932, as manifestações nas ruas de São Paulo contra o governo Vargas tomaram vulto. O ministro da Justiça, Oswaldo Aranha, foi enviado para a capital, para conciliar os interesses de Getúlio Vargas na escolha de um novo secretariado. A intromissão resultou em violentas manifestações, que conquistaram a adesão de integrantes do Exército e da Força Pública (hoje Polícia Militar). Os secretários nomeados eram de inteira confiança do interventor, o embaixador Pedro de Toledo.
A derrota da missão de Oswaldo Aranha provocou na noite do dia 23 de maio exultantes manifestações pela vitória alcançada. A população saiu às ruas do centro da cidade, onde ocorreram atritos com os partidários do ditador, que foram agredidos na via pública. Jornais governistas foram empastelados e incendiados, mas o fato mais grave foi o ataque à sede da Legião Revolucionária, localizada na rua Barão de Itapetinga com a praça da República, pois a reação dos legionários, em defesa do prédio e de suas vidas, resultou em vários feridos e na morte de quatro jovens, cujos nomes resultaram na formação da sigla "MMDC" Martins, Miragaia, Drausio e Camargo.
Os quatro Heróis: Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade.




Fonte.

OLIVEIRA, B. F. – Revolução Paulista de 1932; Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais Ltda, São Paulo, 1950, 135p.








 
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo
22/05/2020



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