NOVE DE JULHO DE 1932.
Embaixador Pedro de Toledo.
Fazia-se, em São Paulo, a trama da Revolução Constitucionalista.
O valente cabo de guerra General Isidoro Dias Lopes declarou aos políticos paulistas, que só assumiria o comando militar da Revolução, se lhe dessem cem mil soldados equipados e abastecidos, duzentos mil fuzis novos e respectiva munição, quinhentas metralhadoras, fartos tiros de artilharia, dez aviões de bombardeio e moderno material de transmissões.
Três eram os chefes militares do levante:
O General Bertoldo Klinger, Comandante da nona Circunscrição Militar de Mato Grosso; General Izidoro Dias Lopes, residente no prédio Martinelli, nesta Capital e o então Coronel Euclides de Figueiredo, domiciliado no Rio de Janeiro.
Era grande o movimento nos aposentos do General Izidoro, com a chegada de vários emissários mandados para diversos pontos do País, notando-se dentre eles, o Sr. Júlio de Mesquita Filho que trazia preciosas informações sobre a adesão do Rio Grande do Sul, ao movimento.
Os acontecimentos se precipitaram com as discordâncias entre General Klinger e o Ministro da Guerra.
O General Izidoro inquietou-se.
Chamou um oficial de sua confiança e o mandou, em companhia do saudoso Dr. Galeno de Rivoredo, à casa do Secretário da Fazenda Dr. Morais Barros, afim de que trouxessem informações sobre as armas, a munição e o equipamento pedido.
Os emissários fizeram ver ao Secretário da Fazenda a gravidade do momento e o informaram de que uma poderosa firma europeia entregaria o aludido material, em São Paulo, dentro de 90 dias.
Receberam como resposta que tudo estava providenciado.
As autoridades federais iniciaram a caçada aos chefes revolucionários.
O então Cel. Euclides de Figueiredo, procurado pela polícia, veio para São Paulo na noite de 9 de julho de 1932.
Eram 21 horas desse dia memorável quando o General Izidoro deu entrada na casa do Promotor Público da Capital, Dr. Ibrahim Nobre, onde se achavam reunidos perto de cinquenta oficiais do Exército e pessoas representativas de São Paulo.
O Cel. Euclides de Figueiredo, hoje General, após uma série de considerações, declarou que a revolução abortaria, se não fosse deflagrada naquele momento.
Entregava o caso à consideração dos patrícios presentes.
Todos sem nenhuma exceção, opinaram pelo rompimento imediato das hostilidades.
O Cel. Euclides, assumiu, inteiramente, o comando do movimento e expediu sem demora, as primeiras ordens de urgência.
Entre elas figurava a prisão do Major João de Mendonça Lima, chefe do Estado Maior da 2ª Região Militar, respondendo pelo General Manoel Rabelo que se achava ausente, sendo o mesmo Major conduzido para o Forte de Itaipu. Em seguida o Chefe da Revolução partiu para o Quartel General onde reuniu todos os Comandantes de Corpos da Guarnição da Capital.
O Cel. Euclides de Figueiredo portou-se como um bravo.
Disse que sabia estarem presentes muitos camaradas e muitos Comandantes de Unidade de Exército, contrário à Revolução.
Não desejava prende-los naquele momento histórico.
Permitia que eles regressassem aos seus Quartéis sediados quase todos em Quitauna para que consultassem os seus comandados.
Todos aqueles que não quisessem aderir ao Movimento Revolucionário, deveriam disputar com ele no campo da luta, a hegemonia de suas opiniões.
Ele os aguardaria, no meio do caminho, à frente da primeira linha de combate.
Não houve derramamento de sangue.
A tropa aderiu em peso aos ideais revolucionários, com exceção de poucos dos seus Chefes.
9 de Julho de 1932!
Este texto, transcrito acima, foi publicado na Revista 13 Listas em 1953.
Não há quem, ao ler nossa história, não se comova ante páginas de heroísmo de grandes patriotas brasileiro.
Fonte.
Revista 13 Listas, Ano I, Número 1, abril de 1953 (arquivo pessoal).
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
19/02/2019.
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