O Prefeito, Sr. Adhemar de Barros elaborou uma mensagem dedicada ao 9 de Julho, no Aniversário de 25º Aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, confira na transcrição a seguir:
No momento em que S. Paulo se ajoelha em reverência à memória de 32, quero dirigir a minha palavra aos Brasileiros deste maravilhoso Estado, não somente como prefeito paulista, mas ainda e sobretudo, como Soldado da Revolução da Lei. Foi aqui perto, nas imediações e no coração da Praça da República, que começou a maior batalha da legalidade que registra a nossa história. O sangue dos quatro bravos que tombaram, no capitulo imorredouro do M.M.D.C., enrubesceu as ruas da Democracia e Clarinou a avançada heróica da valente mocidade de S. Paulo.
Esta rua Sete de Abril, por onde transita a mocidade hodierna, foi a primeira trincheira da redemocratização patrícia, a sacrossanta barricada de onde partiu um grito de revolta insopitada e que fez marchar os exércitos da Lei.
Só quem viu a metrópole gigantesca formigante de soldados, cruzada pelos carros e caminhões de guerra, sob o apito dos instrutores formando infantes em plena via pública, o regozijar da Casa do Soldado, cantina realizada pela mulher brasileira, as filas dos patriotas indo oferecer jóias e relíquias na Campanha do Ouro para o Bem de S. Paulo – só quem viu um Estado todo galvanizado pela mesma idéia, transformando as indústrias da paz nas usinas da guerra, os moços das fábricas e das escolas em carabineiros, e as mães, e as esposas e as filhas, incentivando a partida dos entes queridos para as trincheiras – só quem viu, depois, na batalha desigual, os corpos dos heróis caídos sobre o solo sagrado de S. Paulo – só quem viu esse espetáculo de grandeza moral imorredoura, é que sabe quão grande é o nosso povo, como é altruísta e generosa a nossa mocidade, de que têmpera é feita a alma destemida dos brasileiros de S. Paulo.
Soldado militante dessa luta memorável, recordo-me, em estado de emoção indescritível, essa crônica de bravura, esse avançar de gigantes, esse compungente e invulgar movimento de renúncia e de desprendimento. Só o ideal, o mais acendrado ideal, pode construir fastos dessa natureza. Só a espiritualidade, a mais acrisolada espiritualidade, leva o homem a doar a própria vida em benefício de uma idéia, em prol dos altos interesses da coletividade, para manter um princípio.
Concidadão brasileiro da metrópole de Anchieta: quando você palmilha as artérias paulistanas, em ambiente de liberdade e de segurança, lembre-se que o regime das franquias, a alforria total dos brasileiros, só foi conseguida porque um punhado de bravos deu a própria existência em holocausto à Lei.
No vigésimo quinto aniversário da Revolução Constitucionalista, envio a minha mensagem a todo o povo desta terra, lembrando que um povo que pratica heroísmos como o de 32 tem as energias necessárias para criar, como está criando um dos maiores centros de civilização do mundo, tornando o Brasil naquela Pátria que será uma das maiores potências no conceito das Nações civilizadas, que será a sonhada e abençoada Pátria do Futuro.
a) Adhemar de Barros, Prefeito.
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Em 1932, Adhemar à esquerda. |
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Sr. Adhemar de Barros, Dna. Carolina Ribeiro.(data provável 1930/40) |
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Em visita ao interior do Estado, 1947 em Santa Barbara D'Oeste. |
Dados biográficos:
Adhemar Pereira de Barros nasceu em Piracicaba SP, em 22 de abril de 1901. Formou-se em medicina pela Universidade do Brasil em 1923, fez pós-graduação durante quatro anos na Universidade Popular de Berlim. De volta ao Brasil, trabalhou no Instituto Osvaldo Cruz, até 1932, quando se engajou nas fileiras da revolução constitucionalista. Com a derrota do movimento, asilou-se no Paraguai e na Argentina.
Em 1934, elegeu-se deputado pelo Partido Republicano Paulista. Mais tarde fundou o Partido Republicano Progressista, que se transformaria no Partido Social Progressista (PSP).
Interventor em São Paulo durante o Estado Novo, em 1947 elegeu-se governador. Candidatou-se em 1955 à presidência da república pelo PSP, mas foi derrotado.
Elegeu-se em 1957 prefeito da capital paulista; no ano seguinte candidatou-se ao governo do estado e em 1960 novamente à presidência, sendo derrotado nas duas ocasiões. Foi eleito governador de São Paulo pela segunda vez em 1962.
Sua administração se caracterizou pela realização de grandes obras públicas. Criou o Plano da Casa Própria Popular, elaborou um plano de água e esgoto para a capital, realizou obras em redes de água no interior, construiu o emissário de Tamanduateí, concluiu as obras do Hospital das Clínicas e das vias Anhangüera e Anchieta, aumentou o número de escolas industriais no interior, criou o Conselho Estadual de Energia Elétrica e a Comissão de Assistência Técnica à Lavoura, e ampliou a Escola de Agronomia Luís de Queirós, em Piracicaba.
Ademar de Barros morreu em 17 de março de 1969 em Paris, onde passara a residir.
Fonte.
Jornal, Diário da Noite, Edição especial, 09/07/1957(arquivo pessoal).
http://biografias.netsaber.com.br/biografia-1342/biografia-de-ademar-de-barros
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/ademar_de_barros
ieccmemorias.wordpress.com
http://www.sbnoticias.com.br/sbmemoria/Governador-Dr-Adhemar-Pereira-de-Barros-visita-a-Usina-Santa-Barbara/499
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.
12/02/2019.