domingo, 6 de janeiro de 2013

Cananéia e a Revolução de 32


Adaptação do texto de João Carlos de Almeida Borges.

Cananéia teve sua participação na Revolução de 1932 quando foi invadida por tropas do Rio Grande do Sul, lideradas pelo Tenente Gumercindo Saraiva, que vieram por terra, pela trilha do telégrafo (Guaraqueçaba/ Batuva/ Santa Maria), estrada do Ariri, até o Itapitangui e por mar, pela Barra Grande, com o navio Itajubá, auxiliado pelo rebocador Carioca, ficando as tropas sulistas em Cananéia por dois meses.

Existia um barracão em Santa Maria, do imigrante Walter Stainer, no qual houve o primeiro entrevero quando o Sr. Alcides Marques, sendo interpelado pela tropa inimiga, este vendo-a faminta, negociou a busca de mantimentos, o que na verdade era a sua fuga para avisar os seus conterrâneos. Daí então, estes preparam a primeira resistência na Casa de Pedra do Tabatinguara.

Alcides Marques, antes de sua fuga, preparou uma armadilha em sua morada. No cinzel da fornalha encheu-o com balas de fuzil, esperando que as tropas sulistas esfomeadas, acendendo a fornalha, tivessem sérias baixas. Com isso houve tempo para a principal defesa organizar-se na Casa de Pedra do Capitão do Mato Mandira.

Houve violento combate, com várias baixas das tropas invasoras, na localidade chamada de Banhado do Porto do Meio.

Recebendo reforços e melhor equipada, as tropas invasoras venceram mais essa defesa e requisitaram quarenta canoas, rumando por terra e por mar para o bairro do Itapitangui. Lá cercaram a casa do telégrafo, administrado pelo Sr. Arcendino Fraga que, mesmo sabendo da invasão e recebendo ordem de rendição, recusou-se a abandonar o posto. Pediu e obteve salvo conduto para sua família, enquanto cavava no chão de terra batida, uma pequena cova rasa na qual tentou se proteger. Após a saída de sua família a casa foi metralhada, ficando gravemente ferido. Fingindo-se de morto, enganou o seus inimigos e mais tarde foi resgatado por amigos e vizinhos (Seu Arcendino trabalhou nos Correios até sua morte, falecendo em 1965 e tendo um funeral de verdadeiro herói).

Logo após esse incidente, as tropas sulistas invadiram Cananéia usando três caminhões e as canoas requisitadas no Porto do Meio.

O comando da Região era feito pela Companhia Isolada de Exército de Santo Amaro - CIESA.

Tropas paulistas lideradas pelo Coronel da Força Pública Pedro Arbues, juntamente com os irmãos Tenentes Lobo do CIESA, invadiram Cananéia vindos por Iguape chegando pelo caminho do Brocuanho até o sítio dos Paiva, onde organizaram a retomada da cidade.

O Padre Joaquim Agra atraiu as tropas inimigas à Igreja para uma missa de confraternização. No meio da missa, soldados constitucionalistas escondidos atrás do altar-mor deram voz de prisão aos soldados sulistas, que reagiram, dando início a tremendo tiroteio no qual foi ferido e preso o tenente Gumercindo Saraiva, que foi logo depois transferido para convalescência em Iguape.

Com reforços vindos do Sul, as tropas federais retomaram Cananéia e em combate cercaram as tropas paulistas no Itapitangui, recebendo ordem de rendição.

O Coronel Pedro Arbues reuniu as tropas e declarou que apesar de saber que sua causa era justa, pediu para seus homens se renderem; ao inimigo, pediu que seus homens fossem poupados. Mas ele mesmo recusou-se a render-se.

Estando sozinho, entrincheirado, recebeu intimação para render-se. Ele alegou não poder fazer, porque “Oficial da Força Pública de São Paulo não se rende jamais!”, ao que então foi fuzilado pelas tropas sulistas.

O Tenente Gumercindo Saraiva ao saber da morte do Coronel, ficou consternado e comentou do desperdício da morte de Oficial de tal valor, pois ele havia sido tratado com dignidade pelo Coronel Arbues quando foi ferido no ataque à Igreja e removido com segurança para Iguape.

O Padre Joaquim, pela sua ousadia e lealdade aos lemas paulistas, foi surrado à ponta de baioneta.

 A 4 de agosto partiu para Juquiá o destacamento do “Batalhão Redemptor Filhos de Iguape” para combater as forças Getulistas lá instaladas. Embarcaram no Vapor Rio Una sob aclamação cívica dos que ficaram em terra. O Grupamento era composto por 41 voluntários Iguapenses e 17 jovens voluntários de Cananéia incorporados ao Digno Pelotão.

  Disponível em http://www.cananet.com.br/historia/site/index.php?key=23
Acesso em 19 de Nov. de 2012.




Vapor Rio Una.

 
  Vapor Rio Una, levava os voluntários de Cananéia e Iguape.  


Acesso em 20 de dez. de 2012.




 
Batalhão Redentor Filhos de Iguape


Acesso em 20 de dez. de 2012.

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