terça-feira, 11 de abril de 2023

HISTÓRIAS DA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA

 

As histórias da Revolução Constitucionalista de 1932 são carregadas de amor, solidariedade, dedicação, determinação, sacrifício e patriotismo e as mulheres são as figuras que mais se destacaram nestes inúmeros episódios. São fatos admiráveis e fascinantes que ocorreram, são legados históricos que não podemos deixar cair no esquecimento.

O nosso filho Lauro, do Batalhão 14 de Julho, morto em combate em consequência de ferimento produzido por estilhaço de granada adversária, deu todo o seu sangue, até a última gota (morreu de hemorragia hora depois de ferido) para o bem de São Paulo. Os últimos momentos foram assistidos pelo seu colega Epaminondas do Valle, que, a pedido, registrou num pedaço de papel, quando era conduzido para o próximo posto de socorro, suas últimas recomendações. Esse companheiro valoroso fez a arrecadação dos objetos do extinto e no-los mandou; não os queremos guardar como recordação do nosso saudoso filho. Quem deu o sangue também dá o seu ouro para o nosso bem.

Esta, a carta dos sublimes pais de Lauro de Barros Penteado, Dr. Augusto de Barros Penteada e sua Exma. Sr.ª D.ª Celisa de Barros Penteado, ao oferecerem à “Campanha do Ouro”, todos os valores em poder de seu filho quando gloriosamente caído no campo da honra; carta esta, que merecera ser escrita em letras de ouro e gravada no mais íntimo de todos os corações que sabem sentir e amar; lema rutilante nimbado pela imortalidade do profundo e são patriotismo.

Ao mesmo tempo, num gesto que só almas de verdadeira eleição de pureza divinal são capazes de compreender e realizar, em memória de seu adorado primo, D.ª Hilda de Barros Penteado, enviava à mesma “Campanha do Ouro”, todas as joias que possuía.

Ó bendita terra que tais corações gerastes!

Ó ouro, como és lama, diante do ouro de tantas almas!

Mas continuemos mais um pouco: confortemos nossos espíritos, com as virtudes sacrossantas e raciais de nossas mães e esposas, de nossas filhas, irmãs e noivas, de todo esse sacrário admirável que numa predileção infinitamente amorosa, Deus formou com suas mãos e entregou a esta terra privilegiada, a nobre e heróica, a sublime e quase divina Mulher Paulista.

O texto acima é transcrição do livro A Mulher Paulista no Movimento Pró-Constituinte.

 


Lauro de Barros Penteado.


LAURO DE BARROS PENTEADO.


 No dia 10 de julho apresentou-se ao Batalhão Universitário Paulista que se tornaria mais tarde o lendário Batalhão 14 de Julho e foi para Rio das Almas, próximo aos municípios de Ribeirão Grande e Capão Bonito (região sudoeste do Estado). Era um dos mais ativo e valente integrante do Batalhão. Foi atingido por uma granada que explodiu sobre ele no combate do Cerrado, trincheira essa castigadíssima pela artilharia e aviação adversária a ponto de seus ocupantes serem obrigados a evacuá-la. Os últimos a sair foram Lauro e o Tenente Tácito. Quando ferido foi levado para a retaguarda sobre os ombros do Tenente Tácito, sentindo que a morte se aproximava rapidamente, pediu que não o levassem para diante, em busca de socorro, que já se sentia ser inútil. Queria morrer sobre a terra de São Paulo. Deitado no chão. Seus últimos dizeres foram: Sei que vou morrer por São Paulo. Quero ser sepultado com esta mesma farda com que vou morrer… Viva São Paulo!

Seu corpo foi levado para Itapetininga, ali recomposto, foi transladado para a Capital e sepultado no Cemitério São Paulo, onde se vê uma sepultura simples e comovente.

 

Lauro de Barros Penteado era filho do Engenheiro Dr. Antônio Augusto de Barros Penteado e Sra. Celisa de Camargo Barros Penteado, nascido em Piracicaba, SP, em 20 de fevereiro de 1904, descendente de família tradicional paulista.

Era formado em Engenharia pela Universidade Mackenzie de São Paulo. Faleceu no dia 17 de setembro de 1932.

 

Noticia de sua morte no Jornal Correio de São Paulo.



Tumulo da Família Barros Penteado onde Lauro foi enterrado.


Seu túmulo possui simbologias paulistas. Eugênio Prati destacou em primeiro plano, no relevo, o Bandeirante que é o símbolo da proeza e persistência do povo paulista. Ao fundo, encontramos o monumento de Amadeo Zani, Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, ao lado o monumento que se encontra na sede da Prefeitura de São Paulo, a Quimera, autoria do escultor italiano Nicola Rollo. Abaixo o capacete constitucionalista modelo paulista com o ramo de café e a palma que significa a glorificação celestial, representando o triunfo dos mártires sobre a morte.


Fonte.

RODRIGUES, J., A Mulher Paulista no Movimento Pró Constituinte. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1933, 192p.

 

MONTENEGRO, B.; WEISSHON, A. A. (Org.) CRUZES PAULISTAS: Os que tombaram em 1932 pela glória de servir São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1936.516p.

https://saopauloantiga.com.br/1932-arte-da-revolucao-nos-cemiterios-paulistas/ Acesso em 08/04/de 2023

http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=720216&pagfis=403&url=http://memoria.bn.br/docreader# Acesso em 09/04/2023

http://historiadesaopaulo.blogspot.com/2012/11/rua-engenheiro-lauro-penteado.html Acesso em 09/04/2023

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lauro_Penteado Acesso em 10/04/2023

http://mmdcnorte.blogspot.com/2016/03/combatente-da-revolucao-de-32-aluno-do.html

Acesso em 10/04/2023

  

 

Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo.

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