Cartaz alusivo à Revolução com as bandeiras de São Paulo, Mato Grosso e a do Brasil
ligados com a imagem do Gov. Pedro de Toledo.
Estado de Maracaju.
A criação do novo Estado, deu-se ao fato, de existir um movimento divisionista no sul do Mato Grosso em relação ao governo de Cuiabá, juntamente com a disposição dos líderes civis e militares em apoiar o movimento contra o governo provisório, propiciou que fosse instalado o Estado de Maracaju, tendo como capital a cidade de Campo Grande.
Em sessão solene, realizada no dia 11 de julho de 1932, a sede do governo foi instalada na Loja Maçônica Oriente Maracaju.
Como governador, assumiu o Dr. Vespasiano Barbosa Martins, médico; como secretário-geral, o Sr. Arlindo de Andrade Gomes; como prefeito de Campo Grande, o Sr. Artur Mendes Jorge Sobrinho; e como Chefe de Polícia, o Sr. Leonel Velasco.
Em Paranaíba, os constitucionalistas destituíram o prefeito e formaram um grupo de resistência.
Sem uma fronteira definida com o norte do Mato Grosso, visto existirem outras necessidades mais urgentes, o recém-empossado governo organizou tropas, principalmente de civis, para abafar os movimentos em favor do governo provisório de Getúlio Vargas, principalmente em Bela Vista e Porto Murtinho.
Do ponto de vista estratégico, o apoio do sul do Mato Grosso era de suma importância, pois permitiria através da navegação pelo rio Paraguai, exportar a produção paulista, principalmente o café, e importar insumos e armas.
Formação dos Batalhões.
Vários batalhões foram formados e se dirigiram para diversas partes do Estado.
O batalhão Gato Preto composto por cerca de 400 homens, comandado por Henrique Barbosa Martins, foi para a região conhecida atualmente como Cassilândia (na serrania das Morangas), com o objetivo de impedir a invasão das tropas ditatoriais vindas de Goiás e de Minas Gerais e que pretendiam tomar Três Lagoas, considerada importante entroncamento ferroviário.
Mesmo recebendo reforços de tropas regulares, foram obrigados a recuar para o porto do Galeano, posteriormente para o rio Quitéria e finalmente até o rio Sucuriú. Mesmo assim, o batalhão Gato Preto não permitiu que a cidade de Caçula, como era chamada Três Lagoas na época, fosse tomada pelas tropas ditatoriais vindas de Goiás e Minas Gerais.
O batalhão Saravi comandado por Antônio Alves Correia e Etalívio Pereira Martins guarneceu o porto XV de Novembro.
O batalhão Antônio João, dos garimpeiros de Rochedo, comandado pelo Capitão João Pessoa Cavalcanti rechaçou em Coxim a força policial vinda de Cuiabá contra Campo Grande.
A Coluna de Bronze foi formada por militares e civis para combater os ditatoriais de Bela Vista, tomar Porto Murtinho e em seguida o Porto Esperança. Tinha como comandante militar o Major Silvestre e como comandante civil, o Sr. Altivo Barbosa Martins (Kiki Barbosa). Depois de tomar Bela Vista, a Coluna sitiou Porto Murtinho sendo, porém rechaçada. Enquanto esperavam melhores condições para contra-atacar, foi assinado o armistício em 2 de outubro de 1932.
Diário Oficial de Mato Grosso.
Publicado no Diário Oficial de Mato Grosso em 2 de agosto de 1932, matéria sobre a Revolução Constitucionalista e Voluntários o Manifesto do Comandante do 4º Batalhão de Caçadores Voluntários.
A seguir a transcrição dos textos:
“As forças paulistas transfundem-se”
“Vieram para Campo Grande 392 homens componentes do 4º Batalhão Caçadores Voluntários. Demonstração evidente e insofismável do grande e indomável movimento paulista em prol da maior redenção civil. Sitiado pelos quatro horizontes, São Paulo ainda oferece aos mato-grossenses os suplementos de suas forças, que orçam por mais de 100mil homens. Com efeito o 4º BCV de Bauru, composto de voluntários e reservistas, aqui chegado na manhã de ontem, vem engrossar as forças revolucionárias que se dispõe para a grande vitória: vem trazer a certeza de que a ditadura está ameaçada e tem os dias contados e de que se aproxima a redenção e a hora maior para a nossa nacionalidade damos aqui o manifesto do Comandante do 4º BCV de Bauru dirigido ao povo deste Estado imenso.”
O Manifesto.
“Aos Mato-grossenses.”
“Ao chegarmos a este glorioso Estado não poderíamos calar nosso entusiasmo e a nossa admiração pelos irmãos de armas e pelo povo desta terra generosa. Somos voluntários de São Paulo que aqui viemos abraçar os nossos irmãos de ideal e os nossos companheiros de luta na sublime arrancada em prol da reconstitucionalização do país.
Saudando os filhos deste Estado, agradecemos-lhes à acolhida carinhosa que nos foi dispensada e temos certeza de que neles encontraremos devotados e brilhantes colaboradores para a consecução do nosso patriótico e glorioso objetivo.
Viva Mato Grosso!
Viva São Paulo!
Viva o Brasil!
4º BCV
Pelos oficiais
Manoel Alves de Lima
Cap.
Pelos inferiores
Delfim Antônio
3ºsargento.”
O Estado de Mato Grosso (Sul), foi o maior aliado dos paulistas e resistiu bravamente aos conflitos.
Voluntários mato-grossenses.
Fonte :
www.historiabrasileira.com/brasilrepublica/os-combates-da-revoluçãoconstitucionalista-de-1932/
Pinho, C.L. 1932 – O Túnel da Discórdia, São Paulo: Editora Gregory.232p.2012.
Editado e publicado por Maria Helena de Toledo Silveira Melo